Cúmulo do paradoxo II
Querer mudar tudo, tudo, tudo, de uma ponta à outra, e por isso não mudar nada.
Agora em versão ferrugem. Liberdade, conforto e estilo. Um blog a favor de joelheiras e cotoveleiras, porque a protecção também é importante. Coçado, mas duradouro e com rendas nas bainhas.
Querer mudar tudo, tudo, tudo, de uma ponta à outra, e por isso não mudar nada.
Ser tão irresistível, tão irresistível, tão irresistível, que as pessoas têm de manter uma distância de segurança para não serem atraídas.
Vira-se o coração para as tripas:
O que tornou este fim de semana memorável?
Não sei se é por causa da "alteração do equilíbrio oculomotor perto", mas tenho um problema com as curvas.
Quando alguém diz
Como se não bastasse a preocupação alheia e o mal estar, isto convenceu-me. Sou das que precisa de motivações maiores. Prefiro pensar que o corpo me está a dizer qualquer coisa existencial, em vez de algo meramente clínico.
A.M. - Estás com mais cabelos brancos.
Ao telefone.
Uma das melhores coisas de ver alguém ao acordar é contar um sonho.
Estou como a outra sujeita ontem no cinema que, perante o facto de o filme que pretendia ver estar esgotado, soltou irritada o seguinte desabafo Detesto quando as coisas não correm como eu quero.
Sempre que tropeço numa sensação o que tu queres sei eu, não consigo continuar o meu caminho. Parece sempre que o conhecimento não me basta para seguir em frente.
Hoje a caminho do Pingo Doce, na Rua da Graça, deparo-me com uma velha com duas crianças. A mais velha, uma miúda, apertava os cordões dos sapatos do irmão mais novo, talvez com uns cinco, seis anos. A ranhosa da velha, alto e bom som para toda a gente ouvir, disse:
Deu a Rita Dunn alguns segundos para digerir a surpresa. As pessoas nunca lhe diziam "Não imaginei que fosse negra quando falámos ao telefone." Mas era o que toda a gente pensava.
Hoje fui ver uma casa. Chegámos ao mesmo tempo que a polícia.
Quando alguém diz pela parte que me toca, desenvolvo logo a minha faceta táctil.
Os meus telefonemas para o puto seguem normalmente a mesma sequência de perguntas. Com nuances, obviamente, pois tratando-se de uma criança de quatro anos dada a pensar sobre a vida, nunca se sabe o que virá a seguir. Na verdade, as perguntas são dele. Eu só consigo perguntar o que ele está a fazer, se está bem, etc. Talvez por se ter acostumado às distâncias, também se habituou à conversação ao telefone e, por imitação ou não, estabeleceu um estilo próprio.
...acontece-me algo bizarro e doce.
Ocorre um fenómeno estranho nestas presidenciais. Aliás, ocorrem muitos, mas este é particularmente interessante para mim.
Devia ser proibido sentir tanto frio nas orelhas.
Quando estou à nora, apetece-me sempre dizer que estou ao genro.
Sou irmã mais nova. Não sei se já disse aqui, mas sou irmã mais nova. Poderia ser irrelevante, apenas um dado estatístico dispensável em qualquer formulário de candidatura a seja o que for, mas não é. Mesmo que eu não acreditasse na análise, não seria irrelevante no meu caso. Ser irmã mais nova é uma das coisas que me define, um dos alicerces base da minha auto-definição pessoal, contorno essencial da minha sociabilidade, do meu estar no mundo.
Adoro sextas-feiras, trezes.
"Alteração do equilíbrio oculomotor perto" é o que diz o relatório do rastreio oftalmológico que me fizeram. Já suspeitava. Há algum tempo que percebo que sempre que estou perto de alguém começo a perder o equilíbrio. Principalmente, o oculomotor, mas não só. Começo a ver em duplicado, a topar coisas que não estão lá, a ver mais além.
Começo-me a sentir "como uma pessoa que está a escrever dentro de uma casa em chamas sem nunca mencionar a palavra fogo" ou como se só eu é que o visse e de nada me adiantasse gritar.
“Qualquer livro é inescapavelmente político, no sentido moral, mas, até há pouco tempo, o abertamente político parecia-me não ter lugar numa novela. Sempre achei que a minha obrigação como cidadão era lutar contra as políticas do Ronald Reagan, a minha obrigação como escritor era perceber como é ser Ronald Reagan. Sempre achei que a ficção pedia uma certa amoralidade e que era o nosso melhor meio para perceber a forma de pensar de pessoas muito diferentes de nós. Hoje percebo que isto só é verdade até certo ponto. À medida que as coisas ficam muito mal – como ficaram nos Estados Unidos –, começamos a sentirmo-nos como uma pessoa que está a escrever dentro de uma casa em chamas sem nunca mencionar a palavra fogo.”
O Porto, para mim, é cinzento, não consigo evitar. Mesmo, nestes dias, só estando lá de noite, a cidade não tem a luz que preciso.
...ou elas deixassem de ser praticáveis, seria possível uma correspondência silenciosa?
No restaurante, eu e o meu amigo K a vermos a ementa.
Tu provês e eu provo.
Nos últimos dias, sinto-me sliding. Só hoje consegui verbalizá-lo.
Interessa-me mais a diferença, a diferença exteriorizada. Interessam-me mais as pessoas cuja noção de serem “diferentes” não é qualquer coisa que tentem esconder, antes algo com que tentam trabalhar.
Hoje, ouvi um sujeito com responsabilidades na Brigada de Trânsito a dizer que a operação Ano Novo teve um balanço positivo.
Uma das melhores coisas que já fiz este ano foi fazer a limpeza/vistoria do meu guarda-roupa. Perdi para aí 80% da minha roupa, mas tendo em conta o facto de não usar grande parte dela foi um ganho de espaço extraordinário!