quarta-feira, janeiro 18, 2006

Control freak

Os meus telefonemas para o puto seguem normalmente a mesma sequência de perguntas. Com nuances, obviamente, pois tratando-se de uma criança de quatro anos dada a pensar sobre a vida, nunca se sabe o que virá a seguir. Na verdade, as perguntas são dele. Eu só consigo perguntar o que ele está a fazer, se está bem, etc. Talvez por se ter acostumado às distâncias, também se habituou à conversação ao telefone e, por imitação ou não, estabeleceu um estilo próprio.

Começa com um "onde estás?", depois segue-se "estás com quem?", "o que estás a fazer agora?", "o que vais fazer a seguir?". Estas são as básicas mas tem diferentes variações. Por exemplo, se lhe digo que estou em casa, ele pergunta-me em que parte da casa. Se lhe respondo, agora estou a falar contigo ao telefone, ele quer saber o que fazia antes e o que vou fazer imediatamente a seguir. Se digo que saí do trabalho e estou a ir para o carro, ele quer saber onde exactamente. Enfim... é muito controlo.

No último telefonema, quando lhe disse que estava a entrar no carro, perguntou-me com quem estava e eu disse sozinha (o que é sempre melhor do que quando estou no trabalho e ele quer saber o nome de todos os meus colegas). Não esperava o que se seguiu. Perguntou-me "por que é que estás sozinha?". Fixe, puto!, porreiro, bela maneira de acabar o dia, a pensar nessas coisas. Respondi apenas, ah porque vou para casa e vou sozinha no carro. Para descansá-lo e não pensar que sou um ser solitário e infeliz, disse que ia jantar com a Inês, a prima. Pois bem. Logo me disse: "então quando chegares ao pé dela, diz para ela ligar à avó que quero falar com ela". Primeira vez que tal coisa aconteceu, mas fiquei contente. Ah está bem queres falar com ela.

Sim, quero saber se ela está bem, se não está doente, o que é que está a fazer.

Ri-me para dentro. Obviamente a Inês ia sofrer o mesmo rol de perguntas habituais. O estar doente é nova, mas de qualquer modo sintomático da sua preocupação precoce de médico (que é o que diz que vai ser, como o tio - ora bem hajas tu, vasquinho, que dizes que nunca falo de ti, aqui está, já viste?).

Chego a casa. A Inês liga. Ele despacha-a com uma velocidade, só visto, e volta a falar comigo. E segue-se o ritual, mas estás ao pé da janela? ao pé do vidro? dentro ou fora?. No final, disse-me para ligar-lhe quando me fosse deitar. Mas mas mas... ó Dinis, se calhar é melhor tu ligares-me a mim quando te fores deitar que eu deito-me mais tarde. Assentiu, não sem antes reclamar uma última explicação "vais deitar-te a que horas?".

3 Comments:

At 19/1/06 3:40 da tarde, Blogger ana said...

gosto bem desse puto! quando é que ele volta? falta muito? achas que ele gosta de mim? ele está bem? qual é o brinquedo favorito dele? a que horas é que ele se deita? a que horas é que ele se levanta? ele tem comido bem? anda bem agasalhado? ele levou o puzzle dos dinossauros? ele tem brincado com ele?

 
At 19/1/06 5:35 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Olha....vou ligar-lhe!
(este puto controla-nos a vida...e nós gostamos!)

V

 
At 19/1/06 8:30 da tarde, Anonymous Anónimo said...

eu e o henrique aguardamos a visita dele.
um bom regresso.


bjs ao teu maisvelhocoisamalinda

 

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