Grita fogo!
“Qualquer livro é inescapavelmente político, no sentido moral, mas, até há pouco tempo, o abertamente político parecia-me não ter lugar numa novela. Sempre achei que a minha obrigação como cidadão era lutar contra as políticas do Ronald Reagan, a minha obrigação como escritor era perceber como é ser Ronald Reagan. Sempre achei que a ficção pedia uma certa amoralidade e que era o nosso melhor meio para perceber a forma de pensar de pessoas muito diferentes de nós. Hoje percebo que isto só é verdade até certo ponto. À medida que as coisas ficam muito mal – como ficaram nos Estados Unidos –, começamos a sentirmo-nos como uma pessoa que está a escrever dentro de uma casa em chamas sem nunca mencionar a palavra fogo.”
Michael Cunningham, Entrevista Milfolhas, Público, 3 de Dezembro de 05
2 Comments:
muito boa esta entrevista!
e que bem que sabe comê-la às colheres!
gosto de arte abertamente política.
não gosto da arte politizada, mas a arte é sempre um acto político.
Grande entrevista, sim. E grande livro, também, o último. Dias exemplares. ainda não li todo, mas até agora recomendo vivamente.
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