quinta-feira, junho 29, 2006

Puf!

E ela decidiu ir à vida dela, sem ablogar, parece.

Pela minha parte, acho mal. Aliás, acho grave.
Há quase um ano que andavámos nisto todos os dias. Há quase um ano que nos desblogámos e nos voltámos a blogar, no desbloganço. E, para cada post, havia um comentário, nem que fosse em particular.

Estou a tentar não ficar chateada, mas arre!!!!

Obrigada pelos bons abloganços. Foste grande, bem hajas!

Até breve.

Etiquetas:

quarta-feira, junho 28, 2006

O trigésimo terceiro parágrafo

"33. Há dez anos que meia dúzia de nós saímos do armário, manifestando e festejando. Vivemos numa das regiões mais pobres, reprimidas e isoladas das Espanhas, é certo. Mas isso não é desculpa. Há sempre buracos no sistema. Há sempre efeitos paradoxais. Há sempre filões a explorar. A coisa vai devagar? "Depende": a coisa vai. A coisa tem de ir. Pela parte que me toca, não estou disposto a morrer em estado de vergonha e menoridade."

Vale a pena ler os outros 32 parágrafos, aqui, que Miguel Vale de Almeida escreveu.

Etiquetas:

Prescrição

"Há tanta coisa, caro senhor Kappus, que neste momento se passa consigo; tem de ser paciente como um enfermo e confiante como um convalescente; talvez o senhor seja um e outro."

Rainer Maria Rilke, Cartas a um jovem poeta

Etiquetas: ,

terça-feira, junho 27, 2006

É favor parar de bater

O meu carro deve ser o carro que mais porrada leva parado. Nunca vi. Qualquer dia é um Mini de tanta pancada que leva. Hoje, bem disposta até, entro no carro, olho para o lado e adeus espelho retrovisor. Cá fora constatei que estilo é última coisa que o meu carro tem e a expressão "beijinhos" já não se aplica para este grau de amolgadelas. É um débil ser sujeito a todas as vilanias. É o miúdo no recreio que leva porrada todos os intervalos. Será por que está sujo? Será que é por eu não lhe dar demonstrações de afecto? Onde errei?

Qualquer dia o meu carro explode e é bem capaz de se tornar ruim.

Etiquetas: ,

segunda-feira, junho 26, 2006

Post de gaja

Tenho algumas ligeiras, ligeiras, pancas com certas marcas. Costumo dizer que tenho uma ligação emocional. Felizmente tenho conseguido quebrar algumas, nomeadamente a principal, aquela que tinha com a tmn. Uma das mais fortes que tenho é com a Evax. Com a Evax construí uma espécie de compromisso, enquanto continuarem a fazer anúncios coloridos, por vezes idiotas e a maior parte das vezes surreais, eu continuarei a comprar os seus pensos. Não consigo pactuar com a "marca branca" na secção Higiene (tenho o mesmo problema com pasta de dentes, desodorizante e afins) e a verdade é que os anúncios da Ausonia estão aquém.

Pois bem, num destes dias, resolvi que não ia aceitar que a Evax me impingisse um produto novo e mais caro. Não havendo o meu favorito, fui buscar o correspondente da Ausonia. A contragosto, a pensar que iria ter dias desesperantes pela frente, mas com a determinação de quem se quer libertar desses grilhões do mercado. Lá fui eu, com os meus pensos higiénicos, pensando qual seria a música adequada...

Ora bem, qual foi o meu espanto quando abri o primeiro penso. Apesar do lobbie anti-abas que vejo à minha volta no restante gajedo, eu continuo a preferir com abas (eu avisei que era um post de gaja, não vou explicar...). E ainda bem! Pois a Ausonia tem uma coisa que achei o máximo. O papelinho que tapa as abas tem frases sobre a menstruação. Frases informativas, ah pois, e desmanchar de mitos, como o falso "não se poder beber bebidas frescas durante o período" (esta nunca tinha ouvido). Ele é benefícios dos estrogénios, ele é definições, um rol de informações diferentes de penso para penso. O meu favorito foi mesmo o prosaico "durante o período, mexes-te mais durante o sono". Lindo! Ou não há duas mulheres com períodos iguais.

Pensei, uau, isto sim é saber comunicar. Aproveitar aquele momento em que se está a trocar o penso para aumentar a auto-estima e informar as mulheres... Juro, fiquei impressionada e, não sei não, sou bem capaz de esquecer a Evax por uns tempos. E não é que o penso é tal e qual, absorvente, fino e não sei que mais...

Etiquetas: ,

quarta-feira, junho 21, 2006

Não sei quando é que este blog se tornou um blog sobre cabelo, mas...

Devo dizer que o verão acabou de chegar hoje, já não tenho de ter esta trunfa e, para mal dos meus pecados, não consigo encontrar a minha "cabeleireira" pessoal.

Se até aqui este cabelo tinha uma "utilidade" meio vaga, mas ainda assim pertinente na minha retorcida forma de pensar, a partir de hoje não faz qualquer sentido e a cada minuto terei de perguntar-me porquê, porquê.

Etiquetas: ,

terça-feira, junho 20, 2006

Em negociação

Eu - Sim, podes fazer isso só uma vez, mas depois vais para a cama.

Ele - Ok.

Eu - E sem discussão, ouviste? Depois não me quero chatear.

Ele - Sim, está bem. E, se houver discussão, só tens de me acalmar.

Etiquetas:

Hoje acordei com esta...

Ninar
Adriana Calcanhotto

Viva
Nina
Venha
Ver
Peque
Nina
Vem
Viver
Vem me
Nina
Ser
Você
Vem me
Nina
Nana
Nene
Dorme
Nina
Nana
Nene

Etiquetas: ,

segunda-feira, junho 19, 2006

Lost in translation IX

Eu e o puto, depois de duas semanas de distância.

Eu - Não achas que estou com o cabelo muito comprido?

Ele - (olha para mim) Deixa ver. (levanta-se e põe-se atrás de mim - pelos vistos a "afro" à frente e dos lados não pode ser considerada comprida)

Eu - O que achas?

Ele - Já passa o pescoço. Está mesmo comprido.

Eu - Pois.

Ele - E estás cheia de caracóis. (já ao meu lado e rindo-se para mim) Tens muitos caracóis. Pareces uma cara... calo... pareces uma caloria!

Etiquetas: ,

Não fossem as consequências positivas para a neurocirurgia

E, com pretensão, chamava-os de ingénuos.

Os cientistas andam a descobrir o que os poetas sabem há séculos, já para não falar dos filósofos há milénios. Ou vice-versa, que isto do tempo é relativo (aliás, está cientificamente comprovado).

domingo, junho 18, 2006

Do (in)visível no encontro e na despedida

Amaram-se com a sofreguidão dos corpos desertos onde as gotas de prazer desaparecem pela epiderme abaixo. Vezes e vezes sem conta, antes que os líquidos surgissem e se mantivessem à superfície. Amaram-se como se fossem corvos, antes que algum deles tivesse tempo ou vontade de olhar sequer para a forma que tinha na frente. E só depois desse tempo que lhes pareceu curto mas que fez cair a noite, como acontece subitamente na encosta norte, pararam para se ver.

(...)

Evangelina olhou-o com os olhos que tinha para dar à terra, quando as chuvas inclementes lhe destruíam as horas de trabalho. Ou quando um animal daninho se infiltrava entre as acelgas, roendo-as até à imprestabilidade. A mesma desolação impotente; a mesma irritação deslocada; o mesmo sentimento de injustiça.
Adalberto pôs-se de pé e, Evangelina viu, pela primeira vez, que ele não era assim tão alto. Que tinha crescido aos seus olhos pela palavra. Mas isso não o diminuiu. Pelo contrário: enterneceu-a. E lamentou, mais uma vez, ter nascido quem nascera. Estendeu-lhe a mão, mas com a palma para a frente e, ali, ele alojou os seus dedos; entrelaçou-os, mesmo! e os dois foram a rapariga do trapézio e o homem-bala, num dia de sol sem uma rede por baixo. E, antes que se vissem um ao outro a despenhar no chão, afastaram-se.


Possidónio Cachapa, Viagem ao coração dos pássaros

Etiquetas:

O que é que as pessoas vão pensar?

Desculpa lá, mas não achas que estás com o cabelo demasiado grande para a tua sexualidade?

Etiquetas: , , ,

sexta-feira, junho 16, 2006

Irresistível

Adoro o lado temperamental deste tempo.

Etiquetas:

Quem quer diversificar?

Este fim-de-semana, o local mais cosmopolita de Lisboa está mais uma vez em festa. Programa aqui.
Bora lá colorir o fim-de-semana.

Etiquetas:

quinta-feira, junho 15, 2006

Megalomania

Facilmente me deixo convencer daquilo em que quero acreditar. A realidade olha-me de frente; mas, sem que disso me aperceba, sobreponho à evidência da verdade a fantasia da ficção.

Frederico Lourenço, A máquina do arcanjo

Etiquetas: ,

quarta-feira, junho 14, 2006

Reflexões sobre o código

Finalmente fui ver o dito filme. Gostei da trama, que não conhecia, e principalmente da ideia que a sustenta. E não digo mais nada sobre o filme, a não ser que não me chateou nada e não percebo por que é que chateia tanta gente.

Duas questões no entanto pendem sobre mim:

1. Por que é que substituíram a tórrida cena no livro de despedida entre os dois personagens (que a prima gentilmente me leu) por uma cena fraquíssima em que o homem dá um beijo na testa à sujeita? Parece que ele, completamente paternalista e cheio de pudor, se paralisa perante a descendente de Cristo. Como se ela fosse intocável... muito foleiro.

2. Qual será (ou seria) a perspectiva do Priorado de Sião sobre a Homossexualidade? Pela forma como abordam a ligação masculino/feminino, não dão muita margem de manobra à coisa, parece-me. No momento em que uma pessoa pensa ai que fixe, uma teoria cristã que assenta parte do seu poder religioso na mulher no caminho da defesa dos oprimidos, logo a seguir pensa ups, espera aí, mas mas mas e então masculino e feminino, feminino e masculino, masculino e feminino,... e as restantes variáveis?

É só uma ideia.

Etiquetas: ,

segunda-feira, junho 12, 2006

"Viva a língua portuguesa!"

Este foi o comentário mais inteligente dito ontem no pós-jogo Portugal-Angola. Foi dito por um adepto angolano, que estava na festa organizada em homenagem àquele país, no Parque do Calhau em Monsanto. Referia-se a Portugal, Brasil e Angola como os representantes da nossa língua. Um deles chegará à final, referiu. É o que desejo, principalmente por aquilo que ele disse, pela língua maravilhosa que temos.

VIVA! VIVA!

Etiquetas: ,

Castração

O meu veículo automóvel, a minha forma de expressão mais animal, a minha raquete de steffi graff, o meu reduto, o meu calhambeque imundo, o meu querido "quoficiente de inteligência" (IQ), o meu rádio portátil, numa palavra o meu carro, quebrou-se-me. Não para sempre, já lá está na oficina sendo tratado. Mas quebrou-se-me na sua qualidade mais genuína: a potência.

Pois que eu sou uma acelera e, nos últimos dias, vi-me forçada, ao que parece devido a uns problemas de embraiagem, a andar devagar, devagarinho. O meu querido carrinho veloz, para ser conduzido sem riscos de quinar de vez, tinha de ser usado com pézinhos de lã, senão engasgava-se todo como se tivesse acabado de beber um shot azedo. Era ver-me a respeitar os limites de velocidade, não porque quisesse mas porque não dava mais, era ver-me a tentar nos primeiros momentos ultrapassar, resignando-me pouco depois a ficar atrás dos TIRes, dos carros de 1980 com matrícula a preto e branco e sabe-se lá que outros veículos duvidosos. Quem me visse assim, pensaria "mas quem é esta besta, condutora de fim-de-semana, vai para casa anormal!", palavras que costumo eu atirar para fora da janela. Quem me conheça e me visse assim conduzir pensaria com toda a certeza que tinha batido no fundo e que nunca mais voltaria a ser a mesma.

Se até tu, meu querido velocímetro, me exiges paciência, onde irá o meu mundo parar?

Valham-nos os mecânicos, esses anjos que, espero, me devolverão hoje o meu velho carrinho!

Etiquetas:

domingo, junho 11, 2006

Ante-projecto de vida II

Havia um espaço em aberto entre o que ele sabia e aquilo em que tentava acreditar, mas não podia fazer nada em relação a isso, e quando a gente não pode fazer nada, tem de aguentar.

Annie Proulx, O segredo de Brokeback Mountain

Etiquetas:

Ante-projecto de vida

Herman continua a andar. Não sabe muito bem para onde ir. Por isso continua caminhando.

Herman, de Lars Saabye Christensen

Etiquetas:

Até ao Verão*

Nestes dias de praia, descobri que não preciso usar chapéu. O volume do meu cabelo é tal que o meu couro cabeludo se tornou impenetrável ao sol.

Já é uma sorte queimar-me a cara.
Já é uma sorte ver alguma coisa.
Já é uma sorte ter uma voz emblemática, para que as pessoas me possam reconhecer.


* Nunca mais faço promessas com o meu cabelinho.

Etiquetas: , ,

Sobre escrita

“(…) cada pessoa humana sofre que nem se imagina. Cada pessoa, não falo em manequins ou bonecos de corda. E é preciso que um sofrimento dê às vezes ocasião a que quem o sofreu despeje toda a dor de muita gente num livro ou quadro ou sinfonia ou no raio que parta. É a partir desse dar forma ao que nos angustia que nasce a esperança e pode reencontrar-se a pista da grande alegria perdida, a alegria com que cada pessoa vem ao mundo. É o riso do puto contra as brutalidades que os adultos praticam e deixam praticar. Lembra-te daquelas fotos do Picasso, em shorts e a rir-se em cada ruga funda. Por detrás do riso do Picasso há toda a tanta treva que os humanos atravessam. O bombardeamento de Guernica e a raiva do Picasso conseguiram uma profecia. Toda a criação é profética. É preciso conseguir juntar a febre de escrever à aprendizagem da maneira de trabalhar na escrita. Tu não podes estar simultaneamente apaixonado e escreveres dessa paixão. Quanto ao resto, todo o escrito só conta sempre uma história: a do que ele viveu e morreu, viu viver e viu morrer. Falo de quem escreve com sangue e não a tira-linhas e compasso.

Nuno Bragança, Square Tolstoi


Com o patrocínio deste senhor.

Etiquetas: , ,

sexta-feira, junho 02, 2006

Erros do presente

Confesso que estou um pouco desiludida* com a minha tão querida e adorada Adriana Calcanhotto. Razões para isso? Bom... Há uns dias, fui até ao site à procura de umas coisinhas (de vez em quando passo por lá) e dei-me conta que ela tinha tirado o seu primeiro disco da secção de discografia. O disco, chamado Enguiço e que obviamente tenho (pela segunda vez, porque o primeiro foi arrastado pelo chão quando puto era bebé), já esteve por lá e agora desapareceu...

Só porque ela na altura tinha cabelo de palha, roupa de palhaço (como podem ver na capa que aqui mostro) e ainda não usar os dois tt no nome, isso não é razão para limpá-lo do currículo. É igualmente certo que há agudos desnecessários no disco, assim como uma evitável incursão de um saxofone, mas por favor tem canções muito boas!



Não sei... fiquei assim com a sensação de que ela estava a querer limpar a imagem, apurando aquele seu lado tão cerebral e rectilíneo. Achei coisa de artista sofisticado (que sei que ela é mas há limites)... e desagradou-me. Não cospe na sopa, adriana, que é uma bela sopa!


*na minha condição de fanzaça, isso tem poucas repercussões a nível prático, mas vai amolgando um pouco. Continuo, obviamente, a ouvir excessivamente, desde o enguiço até à partimpim.

Etiquetas: , ,

Lost in translation VIII

Ontem na Feira do Livro, eu e o puto.

Ele (enquanto a senhora da feira falava pelos altifalantes) - Esta é a dona da Feira?

Eu - Não, a Feira não tem dono.

Ele - Não tem dono?

Eu - Quer dizer, tem mais ou menos. São estas pessoas todas juntas. É mais ou menos a Associação Portuguesa de Editores e Livreiros, a APEL.

Ele (aborrecidíssimo com a minha lengalenga) - O que é que ela está a dizer?

Eu - Está a dizer quais os escritores que vão autografar hoje. Sabes o que é autografar?

Ele - Sim, sei.

Eu - Uau, sabes o que é autografar?

Ele - Sim, é tirar fotografias.

Ainda lhe expliquei o que era, mas pareceu-me que ele achou o conceito bem idiota. Pessoas a assinar os livros ali. Enfim... Fomos comprar pipocas e andar pela relva, que é bem mais divertido. Principalmente porque ele já tinha os livros que queria e não estava para me ajudar a encontrar um para mim. É assim o Dia da Criança.

Etiquetas: