sexta-feira, dezembro 30, 2005

No limbo do calendário, reflecte-se VII

E deseja-se um Feliz, Maravilhoso, Cheio 2006!!!!!!!!!!!

Para todos!

Até para o ano!

No limbo do calendário, reflecte-se VI

Por muito atraente que isso possa parecer, tentar não ter tantos raciocínios auto-fágicos. Estou farta de ver as minhas argumentações comerem-se umas às outras.

No limbo do calendário, reflecte-se V

A ver se compro uns volumes de tabaco porque em 2006 os preços vão aumentar - grande resolução!

No limbo do calendário, reflecte-se IV

A contas com o bem que tu me fazes
A contas com o mal por que passei
Com tantas guerras que travei
Já não sei fazer as pazes

São flores aos milhões entre ruínas
Meu peito feito campo de batalha
Cada alvorada que me ensinas
Oiro em pó que o vento espalha

Cá dentro inquietação, inquietação
É só inquietação, inquietação
Porquê, não sei
Porquê, não sei
Porquê, não sei ainda

Há sempre qualquer coisa que está p'ra acontecer
Qualquer coisa que eu devia perceber
Porquê, não sei
Porquê, não sei
Porquê, não sei ainda

Ensinas-me fazer tantas perguntas
Na volta das respostas que eu trazia
Quantas promessas eu faria
Se as cumprisse todas juntas

Não largues esta mão no torvelinho
Pois falta sempre pouco para chegar
Eu não meti o barco ao mar
P'ra ficar pelo caminho

Cá dentro inquietação, inquietação
É só inquietação, inquietação
Porquê, não sei
Porquê, não sei
Porquê, não sei ainda

Há sempre qualquer coisa que está p'ra acontecer
Qualquer coisa que eu devia perceber
Porquê, não sei
Porquê, não sei
Porquê, não sei ainda

Cá dentro inquietação, inquietação
É só inquietação, inquietação
Porquê, não sei
Mas sei
É que não sei ainda

Há sempre qualquer coisa que eu tenho que fazer
Qualquer coisa que eu devia resolver
Porquê, não sei
Mas sei
Que essa coisa é que é linda


José Mário Branco

No limbo do calendário, reflecte-se III

Ontem vi um bocadinho de um filme com a Marilyn, que estava a passar na sic mulher.
Há uma parte do filme em que a personagem masculina (embevecido e já completamente caído por ela) lhe diz algo do género: "tu és tão feliz. parece que, em qualquer situação, em qualquer lugar, te sentes sempre em casa".

Lembrei-me do meu carro e como me sinto em casa nele.

Em 2006, vou expandir essa sensação e tornar o meu carro mais hospitaleiro.

No limbo do calendário, reflecte-se II

Por muito que beba Bohemia, não consigo esquecer-me das louras.

quinta-feira, dezembro 29, 2005

No limbo do calendário, reflecte-se

A contenção foi o exercício mais realizado em 2005.
Em 2006, a frustração será superada em pleno.

Mandamento (f)útil

Não te auto-pulverizarás com uma amostra de perfume sem antes teres sentido o cheiro do perfume em causa.

Corre-se grandes riscos de se ficar a cheirar a avózinha desinfectada no braço direito.

(by the way, gajas, evitem o "declaration" da Cartier)

É só interior, não há "nada" exterior

Esta coisa de a terra ter tremido de madrugada fez-me lembrar uma história antiga.

Quando eu e o meu irmão alugámos a nossa segunda casa, já lá vão muitos anos (adoro dizer estas frases), na não tão saudosa assim Praça da Alegria, constatámos, face principalmente aos alertas dos paizinhos, que a casa era torta, o corredor era completamente torto.

Obviamente que nós adorámos e dissémos, na altura, que era mesmo de uma casa torta que precisávamos, nem que fosse para parecer que as nossas vidas eram e estavam mais direitas.

Gosto de pensar que é tudo interior. Mesmo o exterior é um reflexo ou um contraponto àquilo que somos. É uma ideia tola que às vezes torna as conversas comigo ligeiramente insuportáveis.

Vou abanar qualquer coisa cá dentro.

quarta-feira, dezembro 28, 2005

Sobre estereótipos

Joey: You two were having sex.
Monica: No, we weren't.
Joey: Yeah, you were. I can see it by the back of Chandler's hair.
[to Chandler]
Joey: You are so lazy, can't you get on top for once?

Friends


A propósito de uma conversa sobre géneros.
E ainda para dizer que agora estou viciada nesta série.

terça-feira, dezembro 27, 2005

Optimismo como determinação

Eu nunca escreveria um livro pessimista. Acho todos os meus livros altamente optimistas, porque, no fim, há sempre qualquer coisa mais adiante. Mas como qualquer pessoa intrinsecamente optimista só confio no optimismo que consegue sobreviver ao pior que pode acontecer a alguém. Tudo o resto me parece ordinário, vulgar. Quem vive numa sociedade justa, com uma família próspera e um casamento feliz, tem todo o direito de ser optimista, só não deixa é grande legado à raça humana. Interessa-me muito mais a determinação humana que ultrapassa todas as tragédias.


Michael Cunningham, Entrevista Milfolhas, Público, 3 de Dezembro de 05

Agora escolha II


Louras?



Ou morenos?

segunda-feira, dezembro 26, 2005

Acesso restrito

Parece que o preço do tabaco vai aumentar 15%. [Não por causa de impostos (pelo menos para já), mas porque as vendas de tabaco em Portugal caíram substancialmente nos últimos 11 meses. É esta a lógica do mercado? Não me parece. Os preços deviam era cair se a procura diminuiu. - esta parte do post está incorrecta, ver comments].

MAS ESTÁ TUDO DOIDO?

Quer dizer, agora há uns quantos que deixam de fumar e por causa disso somos todos arrastados para a lama. Não só somos cada vez menos a contribuir para os maus hábitos (feio, feio é fumar!), não basta sermos penalizados socialmente pelos outros, ainda somos penalizados financeiramente por que há quem cuide da sua saúde?

E o facto de perpetuarmos uma imagem de rebeldia, de alimentarmos um determinado universo sexy, de contribuirmos para o estilo, tudo isso não deveria ser recompensado pela sociedade? O que seria do cinema sem o cigarrinho ao canto da boca? Onde estariam o Bogart e a Marlene?

Bem sei, bem sei, o mau ambiente que o cigarro provoca. Bem sei, bem sei, que quem gosta de mim deseja que eu deixe de fumar. Mas mas, que raio?, assim só fazem com que eu tente que a espécie não entre em vias de extinção.


Os próximos avisos dos maços deviam ser na frente "Fumar mata" e no verso "Faz parte de uma espécie protegida" ou mesmo "Além de estúpido, deves ser milionário".

MANEEEEEEEEELA!*

Há muito tempo que não escrevia um post sobre a manuela azevedo.


*post sobre nada ou como os limites do tédio podem ser esticados quando vens trabalhar na ressaca do Natal.

Dentro do espírito

- I don't care whether you like me or not!
- Oh, of course you do.



The Family Stone
Um bom filme de Natal. Divertido (há muito tempo que não via um filme em que as quedas fazem rir), familiar (irmãs e irmãos que nunca mais acabam, pais carismáticos) e com um excelente elenco (todos giros, como convém, e com a saudosa Sarah Jessica Parker, a nossa Carrie do Sexo e a cidade).
Entre o esforço de agradar e o esforço de ser.


quinta-feira, dezembro 22, 2005

Mote pessoal pré-natal III (ou socooorro!)

Chamem o exorcista!

É oficial! Estou possuída pelo demónio das compras de natal compulsivas e desenfreadas.

O meu coração tem quatro anos

E, hoje, está pequenino.
Foi agarrado com os dois braços fortes do seu dono com tais ânsias e saudades antecipadas, que ficou-se-me apertadinho.

Vais visitar-me ao Porto?

Sim, claro.

Quantas vezes me vais visitar?

As vezes que forem precisas.

Mas quaaaantas? Quantas?

30 mil!

Ah, está bem!


No próximo mês não há histórias do miúdo em Lisboa.

O meu coração cresceu tanto nos últimos quatro anos, que muitas vezes parece que vai rebentar de tanto amor e é como se nunca tivesse existido antes.

Hoje é esse mesmo amor que o deixa assim tão pequenino.

Auto-citação e desejos de Natal

Gosto do Natal e pronto!


Um Natal astronomicamente maravilhoso* para todos vocês!



*seja feliz acima de tudo. Familiar, chato, amigável, ternurento, com prendas, surpreendente, sem prendas, com/sem discussão, com/sem missa do galo, com/sem canções, com com com crianças, com amor, com filhoses, sonhos, bolo rei, rainha, tranquilo, tranquilo, paz e inquietação, com sentido e sentido, com amigos, com bacalhau com todos, com todos.

quarta-feira, dezembro 21, 2005

Para o lado urbano dela

Big City Life

Big City Life,
Me try fi get by,
Pressure nah ease up no matter how hard me try.
Big City Life,
Here my heart have no base,
And right now Babylon de pon me case.

People in a show,
All lined in a row.
We just push on by,
Its funny,
How hard we try.

Take a moment to relax.
Before you do anything rash.


Don’t you wanna know me?,
Be a friend of mine.
I’ll share some wisdom with you.
Don’t you ever get lonely,
From time to time
Don’t let the system get you down

Chorus….

Soon our work is done,
All of us one by one.
Still we live our lives,
As if all this stuff survives.

I take a moment to relax,
Before I do anything rash.

Bridge….
The Linguist across the seas and the oceans,
A permanent Itinerant is what I;ve chosen.
I find myself in Big City prison, arisen from the vision of man kind.
Designed, to keep me discreetly neatly in the corner, you’ll find me with the flora and the fauna and the hardship.
Back a yard is where my heart is still I find it hard to depart this Big City Life.

Chorus



Para a ana e para o seu lado rural dançar um bocadinho na urbe sem perder a vontade de correr pelos prados verdes. Uns tais de Mattafix cantam esta canção bem fixolas. Ouvi na rádio e lembrei-me do seu conflito suburbana/mulher rural e faço a piscadela para o urbano que há em si.

Surpresas de Natal

Às vezes, as melhores prendas de Natal são aquelas que não pedimos. Há ainda vezes que as melhores são aquelas que não queríamos.
Este ano, tive uma dessas.

Closure

Há uma grande diferença entre bater com a porta e simplesmente fechá-la.

terça-feira, dezembro 20, 2005

Hipérbole

As decisões transformaram-se em meras figuras de estilo.

segunda-feira, dezembro 19, 2005

Riqueza interior

Tenho de parar com esta sensação de que ganhei a lotaria, mas não sei do bilhete.

domingo, dezembro 18, 2005

O natal começou hoje

Há já quatro anos que o meu Natal começa mais cedo. À falta da véspera -passada noutras paragens mais a Norte pelo miúdo- eu e ele temos a nossa ceia de Natal sempre uns dias antes, acertando agulhas nas agendas tão bem preenchidas dos encarregados de educação.

Este ano, cometi mais uma loucura. Mas, desta vez, uma que vai pesar cá por casa, nas cabecinhas e nos ouvidinhos. Ele queria um tambor. Eu, megalómana e doida varrida, optei por nada mais nada menos que um set completo para mini-profissionais.




A julgar pela amostra, ele poderá descarregar toda a energia acumulada. Eu, por outro lado, terei de arranjar uma alternativa ao mesmo nível para descarregar a minha. Caso contrário... poderei simplesmente enlouquecer.





P.S.: As prendas da lojinha também foram um sucesso. Andou com o salsinha saltitão colado à cabeça até dormir e quando não estava a tocar...

sexta-feira, dezembro 16, 2005

Interruptor

Estou a ver se faço com que a hesitação seja um turn off em vez de um turn on.

Tirada filosófica

Ninguém sabe quem eu sou, nem eu.

Disse ele. Tem quatro anos.

Se assusta, também tranquiliza. Cada crise de identidade traz sempre algo de positivo.
(que tanga! ai, ai, ai... tem quatro anos - a problemática do eu deveria resumir-se ao braço de ferro contínuo com os adultos que impõem as regras, não?)




Bem me parecia que, em vez de dizer-lhe que ele é uma pessoa livre, que escolhe, que se define, devia simplesmente mandá-lo para a cama e fazer pché a qualquer questão.

Mote pessoal pré-natal II

Enquanto há visa, há esperança.

quinta-feira, dezembro 15, 2005

Esta é para ti, miúdo!

Parece que foi de propósito!

Ser de sagitário
Péricles Cavalcanti

Você metade gente
e metade cavalo
Durante o fim do ano
cruza o planetário

Cavalga elegância
Cabeça em pé de guerra mansa
Nas mãos arco e flecha
Meu coração
Aguarda e acompanha
seu itinerário
Até o fim do ano
ser de sagitário

Você metade gente
e metade cavalo

Reencontro

Uma das coisas que mais amo na vida é que, depois de todos os sonhos, expectativas, especulações, grandes construções, ela acaba simplesmente por conceder-te um momento incrível, digno de filme.

Sim, gostava de tê-lo prolongado.


(suponho que uma das coisas que mais gosto na ficção é dar-me um momento tão improvável como este, mas estranhamente credível. Talvez o prolongue assim, não havendo outra maneira.)

Grande dia

Começou com ansiedade, depois com satisfação e, no fim, com uma enorme felicidade.
Foi um belo dia para se nascer. O 14 de Dezembro nunca mais será o mesmo!

Viva! Viva!




É o meu mai novo e é lindo, lindo, lindo.

terça-feira, dezembro 13, 2005

Estudo de quê?

Segundo um estudo, começam eles a dizer nesta notícia, o Governo pode fechar três das principais unidades hospitalares de Lisboa, S.José (uma das minhas melhores experiências na vida, a minha primeira tomada de soro), Desterro e Capuchos.

Razões? Não apresentam, não dizem, não sei. Mas parece que as pessoas que agora vão para esses hospitais passariam a ir para Loures e para a outra banda e para outros subúrbios - não estou a ver visitas à hora do almoço.

Mas o melhor vem a meio da notícia: o estudo está a ser feito pela Escola de Gestão do Porto. Qual é o problema? Não é ser escola - há boas ideias para salvar o mundo até na pré-primária. Nem é ser no Porto - uma visão distante só confere objectividade. O problema é mesmo a Gestão! Então são os gestores que agora dão conselhos sobre saúde e sociedade neste país? Terão os neo-liberais tomado conta disto? Ai senhores, ai, ai, espero que do estudo não saia nenhuma acção. Deixá-los ficar a pensar em números lá para cima.

Mas está tudo louco? Acabar com o S.José? Eles dão um ganda soro! Eu nem sei que diga... que disparate tão grande. Que estupidez!

TPN - Tensão Pré-Natal

Todos os anos chega o momento da crise.

Começa por não conseguir encontrar exactamente aquilo que procuro. Depois surgem as indecisões perante a infindável lista de hipóteses para uma só pessoa. E culmina com a certeza que se comprou algo errado. Tudo isto no meio da loucura, a que me propus com segurança na abertura das hostilidades.

Sempre que acho que tenho tudo controlado, há um momento em que a coisa descamba. Parece que as compras estão a finalizar, mas qual quê, de repente é o caos instalado. Não há redenção, não há promessa de paraíso, há apenas pânico.

Confesso que, este Natal, tenho estado mais consumista que nunca, mas a verdade é que o meu entusiasmo é inabalável, indestrutível, hercúleo até... desde que não haja a crise.

Mas a crise chegou. Está a acontecer neste momento. Senti o meu olharzinho perdido no meio do mundo inacreditavelmente gigantone do toys'r'us. Só tenho de me aguentar mais um pouquito. Assim que fizer a próxima compra, a coisa desencrava e volto ao mote pessoal. Por agora, estou com TPN. E tenho medo. Tenho muito medo!

Borrada total

Hoje pus o carro no parque e, quando o senhor me perguntou se queria que me lavasse o carro por 10 reais (sic), nem hesitei.

Quem conhece o meu carro e a minha tendência para considerar a sua sujidade invisível deve imaginar como estava o dito quando me aproximei de manhã. Digamos que usei um balde e vários panos, mas mesmo assim pedi a lavagem...

Há alguém "lá em cima" que se está literalmente a cagar para mim.

segunda-feira, dezembro 12, 2005

Alto astral

A quem de direito e em resposta ao baixo astral da manhã, afirmo publicamente que nada, nadica de nada, pode abalar esta onda de alegria e felicidade que se abate sobre o mundo.

Esta é a força e a beleza de uma amizade. Se for preciso até danço o samba.

Cadesmiolada

Nunca me tinha acontecido na vida, mas no espaço de duas/três semanas aconteceu-me duas vezes.
Começo a achar que talvez ande um bocado distraída, com a cabeça na lua, com excesso de confiança ou simplesmente cansada. Se calhar, devo assumir que tenho um problema.



Confesso-vos... hoje, pela segunda vez na vida, comprei bilhetes para o filme errado. E quando estamos à espera de ver a Sharon Stone, a Jessica Lange e o Bill Murray e ficamo-nos com as crónicas de Nárnia, a vida ganha uma nova perspectiva e não é mais feliz. É até um pouco sensaborona, mas com centauros para animar.

domingo, dezembro 11, 2005

Pormenor

sábado, dezembro 10, 2005

Reflexões bucólicas

Por que é tão fácil atear um fogo numa floresta (suponho) e tão difícil ateá-lo numa salamandra? Serão os incendiários bons acendedores de fogo doméstico?

Daqui, passo facilmente para um reflexão sobre o sexo no campo. Sabe melhor quando está frio? Acender a lareira é um turn on, do género “agora que acendeste esse fogo, podes vir cá apagar o meu”?

Espreito de soslaio para a salamandra. Estou em crer que o fogo está vivo! É bem capaz, sim senhora. Pobres homens da caverna que ainda não tinham descoberto o poder das acendalhas.

quinta-feira, dezembro 08, 2005

Mote pessoal pré-natal

I'll shop 'till I drop.

quarta-feira, dezembro 07, 2005

Rumo?!

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onde estás?

Boa boca II


Tamboril al ajillo




Filet Mignon




Polvo à Lagareiro



Tudo regado com um J.Cruz - um douro veludo, veludo... e dois grandes, grandes amigos!




Do outro lado do rio, em Alcochete.

terça-feira, dezembro 06, 2005

Hipocrisias III – Castos, mas heterossexuais

O Vaticano – sempre os mesmos, Senhor – decidiu proibir os homossexuais (ou todos aqueles que tenham essas “tendências”) de entrarem nos seminários (vulgo, escolas de padres). Gays, fora do armário! Desculpem, quero dizer: gays, fora das igrejas católicas.

Há quem ache que é um avanço. Afinal, a Igreja já reconhece que há homossexuais (quando há já gente que ultrapassou o conceito, mas pronto).

O que eu não percebo é por que é que os homossexuais deverão ser impedidos de ser padres. Aquilo não é uma profissão, cujo principal requisito se baseia na castidade? Heterossexual ou homossexual, o que interessa é a castidade, parece-me. Será que o Bento nos está a dizer que há prazeres mais difíceis de deixar que outros? Será que a Santa Igreja nos está a dizer que um acto sexual homossexual (eheh) é melhor que um acto sexual heterossexual? Heterossexuais de todo o mundo, uni-vos contra esta cabala (perdão, rainha Madonna)!

O Papa está doido! Já não basta dizer que o sexo é o caminho da procriação, é necessário também dizer que as fantasias sexuais devem culminar na fantasia da procriação.

O que se seguirá? Talvez os próximos, seguindo o exemplo puro da OMS, sejam os fumadores: não inalarás o fumo do demo enquanto bebes o sangue de Cristo. Ámen!

Hipocrisias II – Não vem que não tem

A cantora Daniela Mercury foi desconvidada pelo Vaticano a participar no seu concerto de Natal. A razão? Não é que a cantora fez campanha a favor da camisinha (vulgo preservativo)? Não é que a Daniela deu voz, rosto e corpo por uma campanha que pretende combater os números da sida no Brasil, que, neste momento, têm 50% dos infectados da América Latina? Não é que a mulher lutou pelo que acredita?

É demais para o Bento. O homem não aguenta! Xiça! O João Paulo, o morto, já teve de aturar com a Sinead, agora vem a Daniela puxar o saco do Bentinho? Não há paciência de santo que aguente.

Só por causa disso, ainda me arrisco a comprar o próximo disco da Mercury e a dançar feita menina de aeróbica!

Hipocrisias I - OMeSsa

A Organização Mundial de Saúde decidiu que vai deixar de contratar fumadores. Os novos candidatos deverão, caso pretendem que as suas qualificações sejam tomadas em consideração, não fumar ou afirmar que deixarão de fumar caso sejam admitidos. Os actuais fumadores da organização serão apoiados pela mesma, clínica e economicamente, para abandonarem esse hábito, podendo manter os postos de trabalho.
Citando o Público, “a OMS diz que esta decisão não é discriminatória porque não se baseia em características religiosas, sexuais ou raciais”.

Estranha ideia esta de que a discriminação só assenta na religião, na sexualidade ou na raça. Muito estranha, de facto. Trata-se, obviamente, de uma discriminação. E uma discriminação fútil, baseada em características pessoais, como fumar. Um acto que não afecta em nada as competências de seja quem for.

Não sou do género de defender, a todo o custo, os fumadores, mesmo sendo uma. Acho que deve haver limites da prática do consumo, nomeadamente em locais públicos e de trabalho. Acho até que a OMS, obviamente, tem uma responsabilidade acrescida nessa matéria e deve proibir os seus empregados de fumarem em serviço ou em representação da organização. Mas isto ultrapassa tudo. É uma medida estúpida, cega, cujo único objectivo é marcar uma posição sem qualquer respeito pelas pessoas. Uma medida estética, de cosmética, se assim se pode dizer. Não poderá um médico salvar vidas por fumar? Poderemos confiar mais na OMS pelo facto dos seus colaboradores não fumarem? Será o mundo mais saudável por isso? A eficácia desta medida para a “saúde do mundo” é nula. É um acto tirano, ignóbil, intimidatório, despojado de qualquer sentido. Além disso, é de uma arrogância extrema, de um paternalismo exacerbado, considerar-se que a colaboração com uma entidade destas deve infiltrar-se de tal modo num indivíduo que este perde a sua liberdade. “Se queres salvar-te, salva-te a ti”, parece dizer a OMS aos seus colaboradores – “nós somos o exemplo a seguir”.

Interessa mais parecer que ser, está visto. Pois um(a) médico/a, ou outro profissional mais bem qualificado para uma determinada função será posto de parte pelo simples acto de fumar.

Este é o exemplo que a OMS está a dar hoje ao mundo. Deixa de fumar ou perdes um bom emprego – já não basta o “fumar mata”.

Puzzle*

Decidi juntar algumas das leituras de jornal de fim-de-semana e fazer um puzzle.

No Público de Domingo, os dados sobre o desemprego em Portugal são alarmantes, com um aumento progressivo nos últimos meses, estimando-se 330 novos desempregados por dia, desde Julho.
Diz-se, pela voz de Augusto Mateus, ex-ministro da Economia, “O problema do emprego em Portugal é estrutural e terá que ser resolvido à distância; não se cria emprego pensando em criar emprego. É preciso ter visão, investir e não ter medo de ser eficiente; quanto mais tempo perdermos a defender sectores que não têm defesa, pior. Estamos no fim da linha e assim continuaremos se insistirmos nos mesmos erros”. Suficientemente vago para todos concordarmos.

No Público do dia anterior (Sábado, 3) a resposta vem mais concreta, dentro do contexto da chamada “pobreza hereditária”. Tendo em consideração que grande parte do desemprego é junto de pessoas com pouca qualificação, é pertinente olhar para as coisas de um ponto de vista, exactamente, mais estrutural. Diz-nos, em entrevista, o Ministro do Trabalho e da Solidariedade Social, José Vieira da Silva:
O facto de uma criança poder frequentar uma creche ou um pré-escolar é um dos passaportes mais seguros para ter um bom desempenho no sistema educativo e, dessa forma, sair do ciclo infernal de perpetuação da pobreza. Não há nenhum país da OCDE onde, por se ter mais um ano de escolaridade, o nível de rendimento se eleve tanto como em Portugal.
Quando definimos a escola a tempo inteiro – o inglês, a matemática, as refeições nas escolas – estamos a falar de erradicação da pobreza infantil. Isso faz parte de uma leitura integrada: para diferentes segmentos da população, a fragilidade social tem de ser atacada de forma diferente.

Que um Ministro do Trabalho e da Solidariedade Social comece a falar em direitos do pré-escolar parece-me muito bom sinal.

Mais à frente, no Público de Domingo, aparentemente sem nenhuma relação com Portugal, surge-nos o rapper francês Hamé. Diz ele, acerca dos “motins” em França:
Não espanta que tudo se radicalize, que as revoltas se radicalizem. E radicaliza-se também a idade a partir da qual se toma consciência disto tudo. O que eu compreendi aos 20 anos esta geração compreendeu aos 13. A minha sorte é que a minha escolaridade foi boa e tive oportunidade de me apropriar das ferramentas teóricas, intelectuais, críticas para compreender o mundo à minha volta. Mas quando se sente que se é prisioneiro de sua condição, quando a própria imagem está degradada e se tem 13, 14 anos isso é algo muito violento. Eles sabem que estão condenados.
Diz ainda que os jovens que participaram nos “motins” estão integrados, “mas estão integrados no subsolo, na miséria. A questão não é integrem-nos. Recuso isso. Uma criança que faz a sua escolaridade ou até um imigrante que trabalha em França, está integrado a partir do momento em que começa a fazer parte da economia do país. A verdadeira questão não é: está integrado? É: está satisfeito com o lugar em que o colocaram? Evidentemente que não. Não se pode estar satisfeito com estar à parte de tudo, com sermos pessoas a quem se negam os direitos, alvo de xenofobia e de racismo.

Ser “prisioneiro da sua condição” parece, cada vez mais, um sentimento presente entre todos. O que fazer para desbloquear esse sentimento hoje e o que fazer para evitá-lo no futuro? Como reinventar este modelo viciado? É fundamental olhar, ou voltar a olhar, para a educação como o principal meio para fazê-lo.

E se a resposta para mudar as coisas está na educação, é preciso saber em que direcção está essa mudança (ou ausência dela). Também no Público de Sábado, algumas citações de João Barroso, actual presidente do conselho directivo da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Lisboa:
Continuamos sem uma definição clara de qual é a orientação política da educação e o vazio que existe hoje deriva desta ausência de política educativa”;
Isto é mais notório porque a tendência hoje é para despolitizar a educação e olhar para a intervenção no campo educativo apenas de um ponto de vista técnico, como se o problema fosse os instrumentos e não os objectivos”;
Chegamos a uma situação em que os ministros não dizem que tomam medidas porque são aquelas que servem as suas políticas, mas apenas porque as têm de tomar, em função de interesses externos: a globalização, a competição, o orçamento”, acrescenta. “E o que é importante na política, que é fazer escolhas, não é feito”;
Não pode haver um projecto educativo local se não houver um projecto educativo nacional, e hoje a sociedade portuguesa não tem projecto político definido. Não há educação sem política. Repolitizar a educação é fundamental.

Até Roberto Carneiro diz “o princípio da neutralidade filosófica da escola é mortal: nenhuma educação é neutra, toda a educação tem de ter preferências, tem de haver projectos educativos”.

Está na hora de ultrapassar os “traumas”. É necessário começar a analisar que sociedade é a nossa e que sociedade queremos, de facto, ter. Haja, enfim, um compromisso com o futuro.


*Ou contributo para o Rabbit's blog

sexta-feira, dezembro 02, 2005

Agora escolha


Louras?



Ou morenos?

quinta-feira, dezembro 01, 2005

Certo ou errado?

The only second chance I know is the chance of making the same mistake twice.

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