sexta-feira, fevereiro 29, 2008

branqueamentos




Quem dera que os nossos jornais fossem assim... Que campanha verdadeiramente brilhante.

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quinta-feira, fevereiro 28, 2008

Explica-me como se tivesse 6 anos...

Quando ele me diz que óptima se lê opetima, reconheço que o acordo ortográfico até faz um certo sentido. Blasfémia! Blasfémia, bem sei! Mas eu explico-lhe: o "p" está lá, mas não se lê. Às vezes, é assim, digo. E depois reformulo: mas vai deixar de ser, o "p" vai cair nas palavras em que não se lê. E ele (já tão conhecedor, Deus meu!) diz "e os Cês também?". Eu respondo que sim, mas que ainda não sei como irá ele aprender. 

E, perante este diálogo a olharmos para uma publicidade no eléctrico, pergunto-me que raio! afinal para que serve o P ali? não é um pê de facto. Para que havemos de agarrar-nos à grafia da coisa??? A beleza de todas as línguas, digo eu, está na sua evolução, na sua capacidade de mudança e adaptação (espera, este pê lê-se). 

Mas depois ele pergunta: e o agá? E passa-me logo a adesão ao tratado. Respondo imediatamente NÃO, o agá não! Lembro-me da palavra úmido e sinto um ligeiro calafrio. O H também???? Porcaria esta coisa da língua evoluir! 


(aparte essa situação, o que me chateia mais no acordo é a ideia de normalização, o que de facto empobrece a meu ver mais a língua, do que realmente a enriquece. Eu adoro o português do Brasil, mesmo, acho-o melodioso e a nossa face extravagante. Mas também adoro o português daqui e não percebo porque não podem andar os dois amiguinhos, sem serem siameses, porque de facto nunca serão.) 

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quarta-feira, fevereiro 27, 2008

às vezes, o amor é contagioso

Ou por vezes o amor público resulta em mim. Há fins de tarde e fins de tarde e o que ontem me fez sorrir bem facilmente me podia ter irritado. Vá lá saber-se porquê, mas a verdade é que tudo depende do ponto de vista e menos dos conteúdos, parece-me. Ontem pareceu-me muito bem haver pessoas apaixonadas e a fazerem vista. 

O que vi foi um novo anúncio da revista Happy, num cartaz de exterior de autocarro que diz "Gosto de dar beijos enquanto o sinal não abre." Bom copy!
E logo a seguir, enquanto estacionava o carro, vi um homem com bom aspecto que olhava para o telemóvel com um grande sorriso, enquanto andava pela rua, claramente afectado pelo "efeito parquímetro". 

Soube-me bem ver estas coisas, reconhecendo a dinâmica universal do amor, que vem e volta, contagiando tudo e todos em que pousa. Soube-me bem que as coisas simples do amor sejam visíveis a olhos estranhos das pessoas que se cruzam, anónimas e desconhecidas. Soube-me bem que ele permaneça, muito para além de qualquer indivíduo. Soube-me bem que o amor seja uma força tão gigante que suplante qualquer momento, qualquer lugar, qualquer pessoa e circunstância. Somos mais pequenos e maiores por isso e, ontem, isso soube-me bem. O amor existe e anda por aí. 

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terça-feira, fevereiro 26, 2008

Perguntas difíceis

É bom saber que existe a wikipedia para quando ele me faz perguntas difíceis.

Repitam comigo: Pneumoultramicroscopicossilicovulcanoconiótico.

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segunda-feira, fevereiro 25, 2008

Estamos por aqui

Finalmente, hoje no Público, pode ler-se qualquer coisa sobre uma realidade que anda por aí. Tão difícil de nomear e cujas principais dificuldades estão no silêncio e no vazio legal. Com uma criança, as respostas são diárias e o desafio é universal - no concreto e no particular, a luta de uma "madrinha" (como nos foi conveniente chamar-me) é a mesma de que qualquer outro progenitor. O reconhecimento legal e social é que tarda. 

A realidade já está aí, para cada vez mais pessoas. 
Quanto tempo até a legalidade chegar? 

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terça-feira, fevereiro 19, 2008

O mundo ao contrário - o justo pelo pecador

Não basta a chuva, agora o Fidel renuncia, deixando-me um pouco cabisbaixa com a nostalgia de conhecer um país dirigido pelo dito. Não sou pró-regime, mas gostava de ter conhecido a Cuba de Fidel e, agora, já é tarde. 

Mas a grande notícia do dia são as famílias numerosas a propagandearem. É lindo: pediram aos líderes religiosos para pôr fim à equiparação entre casamento religioso e casamento civil. O pessoal até poderia pensar "ena pá, estes gajos estão progressistas, estão a favor de um estado realmente laico". Mas não, eles estão é a favor de estado nenhum. Uma conquista recente, que já falei aqui, foi a generalização desta equiparação a outras religiões que não a católica. Agora, vêm estes senhores fazer demagogia, demonstrando um profundo desprezo pela ideia de Estado, regozijando-se com a ideia (romântica?) de que, casados aos olhos de Deus, que interessa o resto?

Mas porquê? porquê?

Porque afinal sentem-se discriminados. Discriminados pelos "privilégios" fiscais dados às famílias monoparentais, que lhe são "roubados". Vale a pena ler a notícia e reflectir sobre os argumentos e os comportamentos destas pessoas, que fazem uma reenvindicação (que eventualmente até poderia ser justa), mas que mascaram com pretensões de superioridade moral. Porque afinal todos podemos e devemos reclamar, reinvidicar direitos, exigir contrapartidas, mas porquê fazê-lo com demagogia? 
Na verdade, parecem dizer que não aguentam aceitar a sua decisão de serem um casal com filhos, sem estarem casados. E, pior, parecem não entender que há uma realidade para além deles, com os seus oito filhos, que passa por mães e pais solteiros, viúvas e viúvos, divorciados, e muito mais que não querem ver. É por isso que se acham moralmente superiores - porque são incapazes de reconhecer um mundo que não se guie pela sua cartilha.


Enfim, outros milionários indignados são os senhores da Porsche, que vão processar Londres por querer ser mais amiga do ambiente. Leia-se aqui, para comprovar como são os mais endinheirados que consideram "injustas" as medidas que privilegiam uma ideia de social e de colectivo. 

Tanta hipocrisia que por aí vai.

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segunda-feira, fevereiro 18, 2008

A sedução é intemporal*



*ou Até uma feira de antiguidades pode ser sensual...

sexta-feira, fevereiro 15, 2008

Pós-Valentim

Sem dúvida que apoio iniciativas como as que divulguei no post abaixo. Acho-as fundamentais para, de facto, começar a derrubar estereótipos e, ao mesmo tempo, conferir a cada pessoa um motivo de reflexão e/ou identificação. É fundamental criar novos modelos inclusivos que espelhem a diferença na sociedade. 

Passado um dia e expresso o meu apoio, o que me pergunto é por que é que uma boa intenção é tão mal realizada? A campanha que esta associação criou (a favor do dia de namoradas e de namorados - portanto gays) é, igualmente, a perpetuação de um estereótipo. Não temos todos de ser bonitos nem femininos, nem nada, mas teremos de perpetuar aquele tipo de imagem? Não deveremos saber para quem falamos? Para ser eficaz, uma campanha destas devia quebrar realmente com os modelos, e esses incluem os modelos estereotipados do que é um gay ou uma lésbica. 

Serão poucas as pessoas que se sentirão identificadas ou reflectidas naquele beijo, mas a forma como foi executado nos cartazes afasta ainda mais as pessoas, mesmo as que não são homofóbicas. Não temos de ser duros ou feios para nos projectarmos, não precisamos andar de mão dada na rua zangadas/os para fazer do nosso afecto público. 

No fundo, o que me chateia é que uma boa ideia seja comprometida por uma falta de visão de comunicação. Saber comunicar é encontrar uma forma de a mensagem ser transmitida com eficácia - e isto não significa nenhuma concessão à ideia, pelo contrário é ser-lhe fiel e até eventualmente radicalizá-la. 

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quinta-feira, fevereiro 14, 2008

S.Valentim para ti e para mim

"Por ocasião do seu 6º aniversário, a não te prives - Grupo de Defesa dos Direitos Sexuais acaba de lançar a sua nova Campanha do Dia dos Namorados e das Namoradas. Porque o amor se faz de muitas formas, basta de modelos heterossexistas e heteronormativos que excluem e marginalizam. Com o apoio do IPJ, Coimbra acordou no dia de S. Valentim mais colorida..."

Mais informações e campanha aqui.

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terça-feira, fevereiro 12, 2008

As marcas

Agora que ele está a aprender a ler, é maravilhoso assistir à vontade compulsiva de ler tudo o que lhe passa pelos olhos. No carro pela cidade, num trajecto que não demora mais que 10 minutos, diz muitas vezes palavras que não sei o que querem dizer. Pergunta-me e eu respondo que não sei, que provavelmente são marcas de alguma coisa ou empresas. Sei que são marcas, porque não querem dizer nada e porque grande parte da oferta "literária" do nosso trajecto é constituída por publicidade e toldos. 

Numa viagem ao alentejo este domingo, pus-me a pensar que uma criança que cresce no campo não leva com esse ruído publicitário nas ruas, e que verdadeiro estímulo é esse de ler palavras sem significado aparente? 

A propósito deste artigo no Público sobre Marketing Escolar, lembrei-me dessa inquietação que me surgiu ao pé das ovelhas e dei graças aos céus por a escola do puto não usar manuais escolares, antes são criados em conjunto e de raiz.

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segunda-feira, fevereiro 11, 2008

Segunda-feira

Hoje estamos de parabéns! Faz um ano que o SIM ganhou no referendo da despenalização da IVG. Tornámo-nos um país melhor e muita gente se mexeu, mudando para sempre as suas vidas. Ainda cheira a liberdade. 

Hoje também são notícia os atentados a Ramos-Horta e a Xanana Gusmão. É estranho assistir, porque há uma espécie de memória colectiva que nos liga àquelas pessoas, pelo menos a mim. A memória da luta e a esperança num futuro diferente do que este que se revelou.

Hoje também se sabe que o Candem Market ardeu. Adoro aquele bairro e passei ali bons momentos. 

A Amy Winehouse dedicou um dos 5 grammies que ganhou a Londres, porque "Candem Town is burning down!" E essa também é uma notícia de hoje: a carrada de prémios que esta "polémica" mulher arrecadou. Foi sem dúvida uma das minhas eleitas de 2007 e por cá permanece. Deixo por aqui um vídeo de um dos seus singles. 





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