Quando ele me diz que ó
ptima se lê opetima, reconheço que o acordo ortográfico até faz um certo sentido. Blasfémia! Blasfémia, bem sei! Mas eu explico-lhe: o "p" está lá, mas não se lê. Às vezes, é assim, digo. E depois reformulo: mas vai deixar de ser, o "p" vai cair nas palavras em que não se lê. E ele (já tão conhecedor, Deus meu!) diz "e os Cês também?". Eu respondo que sim, mas que ainda não sei como irá ele aprender.
E, perante este diálogo a olharmos para uma publicidade no eléctrico, pergunto-me que raio! afinal para que serve o P ali? não é um pê de facto. Para que havemos de agarrar-nos à grafia da coisa??? A beleza de todas as línguas, digo eu, está na sua evolução, na sua capacidade de mudança e adaptação (espera, este pê lê-se).
Mas depois ele pergunta: e o agá? E passa-me logo a adesão ao tratado. Respondo imediatamente NÃO, o agá não! Lembro-me da palavra úmido e sinto um ligeiro calafrio. O H também???? Porcaria esta coisa da língua evoluir!
(aparte essa situação, o que me chateia mais no acordo é a ideia de normalização, o que de facto empobrece a meu ver mais a língua, do que realmente a enriquece. Eu adoro o português do Brasil, mesmo, acho-o melodioso e a nossa face extravagante. Mas também adoro o português daqui e não percebo porque não podem andar os dois amiguinhos, sem serem siameses, porque de facto nunca serão.)
Etiquetas: liberdade, putos, vicentices
4 Comments:
Eu cá por mim digo que de facto um facto não é a mesma coisa que um fato.
e também não quero úmidos sem h, que orror, onde é que fica a olanda, e o ipopótamo?
Não gosto destas modernices. Tanta reguada que a minha professora primária deu, e tudo em vão. E se me chateiam muito ainda começo é a escrever pharmácia. E phacto. Com c antes do t, claro.
Também não percebo porque não podem os dois andar lado a lado em vez de se fundirem.
gosto tanto tanto dos c e dos p que lá estão só pro estilo!
Bem... Muito bom este post!
E tu sabes que para mim é: viva a mudança! (mas de fato, úmido é esquisito...)
Inês, a prima.
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