quinta-feira, novembro 29, 2007

Divulgação

ALMOÇO CONTRA A DISCRIMINAÇÃO
Associação Médicos Pela Escolha


Depois de um Acórdão do Tribunal da Relação de Lisboa ter considerado justificado e legítimo o despedimento de um cozinheiro infectado com VIH, a Associação Médicos Pela Escolha manifesta o seu protesto organizando um almoço confeccionado por seropositivos, no dia Mundial da Luta contra a Sida. 

Estão assim todos convidados para o "Almoço contra a discriminação", Sábado, dia 1 de Dezembro, das 12h30 às 14h30, no Restaurante AGITO (Rua da Rosa, n.º 261, Bairro Alto, Lisboa).

Contamos com uma contribuição de 10 euros por pessoa. Será um almoço volante, com um número limitado de entradas (por questões de espaço), por is so façam já a vossa inscrição através deste email: medicospelaescolha@gmail.com (até às 24h de Sexta-feira, dia 30 Novembro) ou através do telefone 96 220 18 09.

A vossa presença é muito importante! Contamos convosco e com os vossos amigos! Divulguem este convite!

Associação Médicos Pela Escolha

www.medicospelaescolha.pt

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segunda-feira, novembro 26, 2007

Boas notícias

A campanha causou celeuma e acabou por ser suspensa. 

Mudaram o discurso de "És hetero?" para "A verdade é que és livre de escolher. És livre de sair e de te divertires com quem tu quiseres. És livre de te assumires como quiseres". Acho que é, sem dúvida, uma vitória. Mesmo que, eventualmente, seja um bem sucedido jogo comercial. 

Pode ser que agora compreendam que há coisas que ofendem, mesmo quando nem sequer pensam nisso. É bom que comecem a pensar. 

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quarta-feira, novembro 21, 2007

Se eu fosse...

Se eu fosse hetero, não teria orgulho nenhum nesta campanha. Pelo contrário, teria vergonha e indignar-me-ia. Confundir heterossexualidade com brejeirice parece ser uma mania destes senhores.

Sendo gay, sinto vergonha e indigno-me à mesma. Pois não há nada mais chocante do que ver gente a promover e a viver à pala do preconceito. 

Todas as orientações merecem melhor que isto. Para todos podermos sentir verdadeiro orgulho e livrarmo-nos do estigma.

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quinta-feira, novembro 15, 2007

Quem apanha Mrs.Fletcher?




Quando era miudeca, adorava ver o "Crime, disse ela" - tradução bem comportada do "Murder, she wrote". Adorava a escritora emancipada Jessica Fletcher, na sua roupinha de avózinha viúva (para ninguém achar que era uma solteirona), todas as semanas a resolver assassinatos, que passavam ao lado das restantes personagens - normalmente tolas. Até cheguei a comprar um livro, tal era o gozo que aquela personagem me dava.

Recentemente redescobri a série. O canal Fox Crime passa-a à hora de almoço e às vezes apanho. O formato é o de sempre, nestas séries leves sobre crimes, uma espécie de CSI para donas de casa e crianças susceptíveis. Os meios não são nenhuns (comparados com os de hoje), nem no combate ao crime nem nos efeitos especiais. Tudo se passa com pacatez e, quase nunca, a nossa Jessica é colocada em perigo, apesar de combater assassinos todas as semanas. Ponho-me a imaginar o que faria o Grissom caso tivesse uma senhora de meia-idade em gabardine a dar palpites. A verdade é que, há uns 20 anos, achava as suas tiradas bem inteligentes, mas bem vistas as coisas, ela é apenas uma sujeita muito curiosa e cusca, que a maior parte das vezes é impertinente. Continuo a achá-la o máximo, é claro.

Outra coisa que me intriga agora é como nunca ninguém resolveu livrar-se da mulher. Anda sempre com o nariz metido onde não é chamada e, no final, confronta sempre o assassino. Quantos planos diabólicos contra a vida da senhora terão sido elaborados nas celas norte-americanas? E por que raio nunca vi nenhum episódio assustador em que um dos assassinos apanhados (pois eles e elas iriam sempre safar-se caso ela não aparecesse) resolve aparecer para se vingar?

Não acharia nada tonto haver um episódio especial do CSI, em que numa justa homenagem à Mrs. Fletcher, todos estes fios deixados soltos fossem apanhados para fazer um grande novelo, ou novela como queiram.

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segunda-feira, novembro 12, 2007

E se fôssemos todos para casa?

Há anos que ouço que os portugueses não trabalham muito, ou que não conseguem atingir níveis de produtividade a par da média europeia. Mas há anos que vejo também gente à minha volta (e por vezes eu própria) a esticarem as horas de trabalho, a darem muito mais que um pequeno extra, a abdicarem de tempo pessoal e familiar em prol de uma certa eficácia que se exige (principalmente timings irreais). Agora, vem esta notícia atestar a produtividade portuguesa. Ao que parece, este ano a nossa produtividade está acima da média europeia. E devíamos todos estar felizes, não é? É bom para Portugal...

O problema é que esse bem genérico e vago não se reflecte no bem comum. Reflecte-se sobretudo no bem-estar das nossas empresas. E bem sei que isso é bom porque boas empresas geram mais e melhores empregos, melhor qualidade de vida, mais poder de compra para fazer bem às nossas empresas e ao mercado. Eh lá, mas a notícia não diz isso. Diz que os aumentos salariais possíveis, de acordo com essa produtividade, estão acima dos aumentos propostos pelo Governo à função pública - ou seja estamos a receber abaixo daquilo que produzimos. Pois nem sequer mais emprego se vê, ou pelo menos não se vêem menos desempregados. Lê-se: "O que acontece é que Portugal está a conseguir produzir mais sem que os empregos cresçam ao mesmo ritmo. Isto significa, para além da manutenção de uma taxa de desemprego elevada, um ganho de produtividade de que beneficiam as empresas. Maior é ainda o benefício das empresas se se levar em conta que os salários reais vão continuar a apresentar uma evolução muito fraca."

Mas afinal somos produtivos. E isso é bom para as empresas. Nós é que ficamos com umas vidinhas mais miseráveis, mais magritas de tempo e de disponibilidade. Umas vidas mais flexíveis, vá.

Eu, por mim, fico muito contente com esta notícia. Mesmo. Mas gostaria muito que ela se reflectisse na vida dos que estão em alta em produtividade. É porque, se não, mais vale ir para casa.

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quarta-feira, novembro 07, 2007

A luta continua

No Público de hoje, saiu um artigo sobre o que é ser comunista 90 anos passados sobre a Revolução Russa. Ainda há poucos dias, foi publicado em Portugal o livro "O que resta da esquerda?" e o autor foi entrevistado também no Público - ler aqui com grandes possibilidades de irritação.

No artigo de hoje, podemos ler algumas das opiniões de pessoas associadas ao comunismo e ao seu ideal. Obviamente algumas contradizem-se, ou não fosse sempre inerente ao pensamento "comunista" (se o quisermos usar num sentido abrangente) a dialéctica e quase sempre o conflito. É difícil entendermo-nos. No entanto, a ideia de progresso dos povos, de mentalidades, de liberdade, continua dominante.

Ser comunista hoje, para mim que me considero ideologicamente comunista mas essencialmente progressista, é acreditar no caminho. Isso quer dizer que ser comunista se faz trabalhando sempre, porque essa é a própria base da ideologia, o movimento. Mais que um resultado em forma de "Estado comunista", que ainda não sabemos o que é, a luta comunista é, a meu ver, diária e, muitas vezes, individual. Os resultados são apurados em cada uma das acções possíveis da nossa vida. Há uma luta intrínseca em cada um de nós, para atingir um modelo de sociedade mais justo, mais livre. Eu sou comunista no sentido em que acredito que a luta não pára.

A minha luta passa pela liberdade e pela mudança. Passa pela convicção de que as mentalidades podem e devem evoluir. Ser comunista é acreditar na natureza humana. O ideal é esse, mas o caminho é demasiado longo. Não houvesse tanta crueldade humana, tanto poder arbitrário, tanta agressão brutal, não haveria tanta necessidade desse ideal.

Por isso, repugno qualquer ideia de morte da esquerda, ou de Marx, ou do Comunismo. São mitos, são mentiras (como algumas pessoas referem no mencionado artigo) e não pararão a luta. Pois o sentido da luta permanece.

Nunca serei obviamente uma comunista pura. Pois acredito no amor e nos afectos e a pureza ideológica não se vai a modas com o coração. Isso, no entanto, já seria tema para outro post, mas de qualquer modo a luta, a meu ver, é a mesma.

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