domingo, janeiro 22, 2006

Mas porquê? PORQUÊ?

Estou como a outra sujeita ontem no cinema que, perante o facto de o filme que pretendia ver estar esgotado, soltou irritada o seguinte desabafo Detesto quando as coisas não correm como eu quero.

Pois.

Tirando a terrível questão estética, tirando o facto de pela primeira vez desde o 25 de Abril irmos ter um Presidente da República de direita, tirando ainda o facto de termos de levar novamente com o homem que já tinhamos conseguido expulsar ao fim de dez anos, o mais grave nestes resultados é para mim o travão que este senhor vai representar para o progresso de mentalidades que tanto precisamos. Não acredito que o senhor vá parar medidas económicas e financeiras austeras, nem fazer mossa na política internacional (só mau aspecto, mesmo), acredito sim que vá impedir uma política cultural e social progressista. Parecia-me, talvez ingenuamente bem sei, que havia chegado o momento de desbloquear algumas questões fundamentais da vida portuguesa. O país que eu quero é um em que a despenalizaçao do aborto vence, em que os homossexuais casam, em que se cumpre uma ideia de democracia através das minorias e de acções culturais e artísticas. Esse senhor representa o contrário disso tudo. Representa, como mostram à partida os resultados, a clivagem entre rural e urbano, entre interior e litoral - representa a ignorância de um povo em vez da sua sede de saber. Por que raio insistem tanto os senhores em falar de "presidente de todos os portugueses"? Que tanga é essa? Ele representa, representará, infelizmente, Portugal e os portugueses num certo sentido, mas não é nem nunca será o meu presidente. Um homem, presidente ou não, é suposto ter causas. Se este senhor as tiver, não serão com certeza as minhas.

Que merdum de noite eleitoral, já vos digo. Jornalistas idiotas, discursos fúteis e nervosos, a vontadinha de pegar no pequenino e no mesquinho, grrrrrrrr. Se fosse a votar em conformidade com o discurso da noite, não hesitaria, votaria Soares - o discurso dele esteve a anos luz de qualquer um dos outros. Só é vencido quem deixa de lutar. Pois então lutemos.



De qualquer modo, pegando na sabedoria do meu pai, nem tudo está perdido. Afinal, como ele bem disse antes de eu sair para evitar o discurso do futuro presidente, ainda é cedo, a tomada de posse é só em Março e, até lá, ainda pode ter um ataque cardíaco.

5 Comments:

At 23/1/06 12:01 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Um presidente de direita? Onde?

(e eu a pensar que o Alegre só tinha tido 20%...)

 
At 23/1/06 9:13 da manhã, Blogger ana said...

o teu pai é saaaaaadico!

eu vou adoptar a postura de "alésia, não sei onde é a alésia", versão "presidente? não sei quem é o presidente"

 
At 23/1/06 2:37 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Ó Luis, não venhas para aqui conspurcar. Não há paciência.

E haja esperança nos abençoados ataques cardíacos! (Eu até tenho uma listinha...)

 
At 23/1/06 3:14 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Leiam a excelente reportagem do El PAIS de ontem: "Portugal busca salvador" (de um tal Miguel Mora)

http://www.elpais.es/articulo/elpdompor/20060122elpdmgpor_1/Tes/portada/Portugal/busca/salvador

 
At 23/1/06 7:28 da tarde, Blogger ana vicente said...

tens toda a razão inês, vale a pena ler. até ao fim.

 

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