sexta-feira, outubro 20, 2006

Lá vamos nós - post meio cuspido

No dia em que médicos se associam para fazer campanha pelo sim (boa, vasco, parabéns!), no dia a seguir a ter sido aprovado a porcaria do referendo (bora mas é andar com isto já), alguns dias passados depois de o governo anunciar que gays casados, ui, lá para 2009 (e as próprias associações gays e lésbicas dizerem que não é assim tão importante), há que afirmar mais uma vez:

Vamos lá avançar com isto. Pôr a vida como ela é vivida dentro de outras vidas vividas de forma diferente. Não nos vamos esquecer que o nosso papel é esse, é viver com os outros, é mostrar-lhes quem somos. Todos todos. Eu cansei, não de ser sexy, mas de menosprezar assuntos cruciais.

O que nós precisamos, o que eu preciso, o que Portugal precisa é de revolução. Revolução de mentalidades.


E aqui fica uma sugestão...

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8 Comments:

At 20/10/06 6:46 da tarde, Blogger ana said...

"Pôr a vida como ela é vivida dentro de outras vidas vividas de forma diferente. Não nos vamos esquecer que o nosso papel é esse, é viver com os outros, é mostrar-lhes quem somos."
podia ser uma oração. é certamente uma oração. para todas as minorias, e em ultima análise todos somos minoria em alguma coisa.

 
At 23/10/06 5:29 da tarde, Anonymous Anónimo said...

sabes, apetece-me dizer mal do "teu" partido (e já agora do marido da minha obstetra) que parece parvo em pactuar com mais uma uma vez do mesmo. pode ser que pelo menos desta vez não acertem em cheio num dia quente de verão porque, no que respeita aos meios de comunicação todos juntos, todos juntos feitos o que são sem tirar nem pôr, já iniciaram o seu contributo pondo padres, bispos e semelhantes a falar que nem gralhas, com tempo de antena livre e amplo, no mesmo dia em que foi aprovada "a porcaria do referendo". revolucion ou muerte! sem dúvida.

 
At 23/10/06 6:21 da tarde, Blogger ana vicente said...

eu não tenho partido, cruz credo.

Mas também me parece que o único partido que teve um voto decente nesta questão do referendo foi mesmo o Partido Comunista (e os Verdes, pronto). É muita "democracia" para o que não interessa. Quais referendo, qual carapuça, lá preciso que haja opinião alheia sobre esse assunto.

Podes dizer mal à vontade do "meu" partido nessa matéria.

Na questão do casamento entre pessoas do mesmo sexo, já é diferente, pois o Partido Comunista (acho que até algumas das associações gays também) está a anos luz de perceber que o fim da homofobia passa necessariamente pela visibilidade. Só a visibilidade e a expressão, mas principalmente a obrigação pública em reconhecer esse "tipo de relação" pode levar Portugal mais à frente. O Partido Comunista pactua assim com os "brandos costumes" de uma certa portugalidade.

Outro dado interessante, que me foi notificado recentemente e do qual não tinha conhecimento porque me recuso ideologicamente a ler jornais, é a associação que um certo director de um certo semanário solarengo fez com as "causas de esquerda". Disse, segundo me disseram (isto tem quase tanta credibilidade como os jornais), que não entendia porque é que a esquerda só se me preocupava com "causas de morte". E enumerou-as: aborto, eutanásia e relação "infértil" (acho que foi a palavra escolhida) entre pessoas do mesmo sexo.

Dá ou não vontade de defender a causa da morte (real) deste senhor?

 
At 23/10/06 7:08 da tarde, Anonymous Anónimo said...

pronto, pronto, até ja me benzi e fiz um sinal da cruz sobre a minha boca que só se lembra de proferir blasfémias! ó anita, diz-me lá que síndrome é esse que te leva (e a milhões, nos últimos anos) a ficar arrepiada só de pensar em ter partido? e pensar que os nossos paizinhos e mãezinhas tanto se esforçaram para que isso fosse possível...

achas que o homem disse mesmo isso? matem-no.

e a propósito, ouviste o resultado da última sondagem aos portugueses sobre estes temas? lindo... só visto. já não me lembro dos números com rigor, mas era qualquer coisa do tipo: 60 e tal por cento dos inquiridos defendiam a pena de morte cá na terra dos "brandos costumes", enquanto cerca de 80 não queriam nem ouvir falar de casamentos entre homossexuais.

e continuando no mesmo registo: asta la vitória, siempre!

 
At 23/10/06 10:29 da tarde, Blogger ana vicente said...

Embora não acredite nessa sondagem, é exactamente por existirem pessoas assim que a lei deve mudar. É também por mim, pelos meus filhos e por todos os que amo. É por acreditar num determinado tipo de mundo.

Não sei por que existirá esse síndrome (aliás não sei se existe), mas não me parece necessariamente mau. É possível ser político sem ser partidário. Aliás, parece-me claro, que hoje a acção política de um indivíduo não se pode resumir ao acto eleitoral e tenho dúvidas até se se pode resumir ao acto partidário (mas isso é especulação porque não conheço assim tanta gente filiada e as que conheço tem outro tipo de acção política). A acção política tem muitos níveis, entre os quais por exemplo o associativismo apartidário, mas não é por aí que o meu raciocínio me leva. Adiante. Quando digo que não tenho partido, digo-o em liberdade. Digo-o porque escolho votar à medida do meu ideal de mundo (e o que são, ou deveriam ser, os partidos se não isso?). O meu ideal de mundo dificilmente se encaixa plenamente num destes "nossos" partidos, exactamente porque os nossos ideais, os meus e os dos partidos, chocam em muitas matérias. Temos um partido (o único partido, aliás) como o PC, em cujos ideais me revejo e que, no fim de contas, deixa escapar algumas das bases estruturais do meu ideal de mundo. Não pode ser o meu. Temos depois um Bloco de Esquerda que, na maior parte das matérias, até se encaixa com o meu ideal, mas depois escapa-me a visão total do seu ideal - não mo conseguem passar.

Bom, já estou a ficar tonta. O que quero dizer é que os "nossos" pais lutaram também por isso, lutaram para que eu tivesse um ideal de mundo e lutasse por ele, partidária ou apartidariamente. Não preciso de nenhum partido para saber que estou certa. Nesse sentido, sou bem mais ortodoxa que os mais ortodoxos. Não preciso de referendo, nem de sondagens, no limite até podem estar todos contra mim, embora preferisse que isso não acontecesse.

Eu comemoro todos os anos o 25 de Abril, considero-me uma mulher de esquerda (bonita frase), mas não deixo de pensar que os brandos costumes nos traíram e que os "nossos" pais até nos falharam. Acomodaram-se a essa posição de conquistadores da liberdade. Mas a liberdade não nos deixa descansar, é uma construção da qual muitos deles desistiram a meio.

Por isso, sim, posso dizer que tento, e às vezes bem que podia tentar um pouco mais, usar as ferramentas que tenho (entre as quais os partidos), para lutar pelo meu ideal. De cada vez que entro ou permaneço entre pessoas, é isso que devo fazer.

 
At 24/10/06 12:38 da tarde, Anonymous Anónimo said...

ai anita, anita, que belo post isto dava! e já agora, só uma achega: escapa-te a visão total do ideal do Bloco porque ela não existe. e com esta me vou antes que comece o apedrejamento público.

 
At 24/10/06 12:56 da tarde, Blogger ana vicente said...

dava era um belo mundo.

e, sim, acho que falta um ideal, mas a verdade é que antes construi-lo do que ter um falhado, como o do PC.

mas este parece ser o problema da esquerda, de facto, prende-se muito com os pormenores e desmembra-se. no essencial (ou no essencial deles, que não é o meu), estão quase todos de acordo.

 
At 24/10/06 4:16 da tarde, Anonymous Anónimo said...

pois não concordo de todo. se há coisa que não se pode dizer que tenha falhado foram os verdadeiros ideais comunistas. concordar com isso seria concordar com o fim do humanismo.
mas concordo, se te estás a referir à má utilização que deles tem sido feita, sucessivamente, pelos vários regimes de esquerda.

e sobre estas questões há pano para mangas... mas ou transformas o bombazzine num blog de discussão política e dizes adeus aos teus posts descontraídos ou bute pró email discutir mais um bocado que não tarda os teus leitores já não nos podem "ver".

 

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