Posso voltar para a cama, posso?
Tudo começou quando estava a limpar-me depois do banho. De repente, ocorreu-me a dúvida. Estava molhada, isso era claro. Já estava na banheira há muitos minutos e tinha levado com muita água em cima. Mas será que tinha realmente tomado banho? Olhei para o champô e para o gel de banho. Pareciam tão alinhados. Tentei reconstituir o banho na minha cabeça. Nada! Não me lembrava de nada, além dos pensamentos cíclicos que tenho pela manhã. Suspirei, fechei a cortina e voltei (ou terei começado) a tomar banho. Desta vez com toda a certeza, bem desperta, dos gestos que estava a fazer. Foi o champô para o cabelo, o gel para o corpo. Sim, tomei banho.
Devia ter desconfiado. Devia ter previsto que perder quase meia-hora na casa-de-banho de manhã, porque não se tem a certeza se se tomou ou não banhoca, é um sintoma de completa inaptidão para construir o dia em todos os seus passos. Lá me vesti em câmara lenta, lá preparei o almoço do miúdo (estou a torcer por não ter trocado nada), lá o acordei, alimentei e vesti. A caminho do carro, consegui articular um raciocínio sobre o 5 de Outubro e a importância da República para a democracia em geral, enquanto ele tentava perceber o que raio era essa coisa e ainda a monarquia e mais não sei o quê que eu lhe disse.
Pois que depois me enganei no caminho pela primeira vez na vida. E o trânsito da baixa aumentou os meus níveis de stress ao ponto de querer gritar com todos os condutores, mesmo com o puto ali. E finalmente a chegar, com uns míseros 10 minutos para estacionar o carro, encontrei um primeiro lugar aliviada, mas ao estacionar toca de bater num pilar do passeio. De tal modo que o carro nem precisava ficar travado, estava para todo o sempre apoiado na estrutura verde. Lá tive de raspá-lo mais um bocado para tirá-lo dali e, não aguentando a vergonha, fui procurar outro lugar. E quando achei que o encontrei, afinal era demasiado pequeno, mas eu já estava entalada entre os dois carros, o pneu semi-colocado em cima do passeio, a nova frente direita (nova, porque verde do raspanço) a sair para sorrir para os eléctricos que passassem. Bonito! Lá saímos nós. E a caminho, decidimos que se calhar era melhor voltar ao método antigo, sem ser eu a levá-lo à escola. Até ele reconheceu.
Esgotada, deixei-o à porta, atrasado 3 minutos. E, compreendendo a exaustão, entrou sem problemas, porque já bastava de atrasos e confusões.
De volta ao carro, um casal de velhinhos veio em meu auxílio e consegui tirar o carro com meia dúzia de pessoas à porta dos estabelecimentos a olhar.
Ao menos, tenho a certeza que tomei no mínimo um banho!
Etiquetas: putos, vicentices
2 Comments:
podes voltar para a cama e recomeçar o dia vezes sem conta.
e tomar todos os banhos que precisares até teres a certeza do teu cheirinho
e bafejares-te vezes sem conta com o teu perfume (não revelo qual é para não haver copianços)
e tomares 30 vezes o pequeno almoço
e saires e voltares a entrar de casa e do carro e estacionares e desestacionares
tens direito a tudo isso, sublimaça!
Oh boa amiga... que nunca mais o trabalho me impeça de escutar as tuas aventuras/desventuras/ esquecimentos/devaneios matinais.
Mas sabes que quando cheguei encontrei-te bafejada de Boa disposição o que é de Louvar!
Voltem ao Táxi, agora com cinto e têm todo o meu apoio.
(ó ana este comentário...uhuh!)
;-)
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