Orgulho nacional
Ontem, no telejornal do primeiro canal público, um senhor, aparentemente com responsabilidades no primeiro banco público de esperma (ou deveria dizer-se banco de esperma público? Adiante), responde às perguntas da senhora jornalista. Ela pergunta-lhe algo como "o banco irá ajudar a resolver as questões relacionadas com a infertilidade em Portugal".
Ele, muito contente, responde: "Sim e não só. Agora os casais portugueses (sublinhe-se os casais) poderão recorrer a este acompanhamento em Portugal, poupando assim a despesa de terem de deslocar-se a Espanha (bom para a economia ainda por cima!) e, mais do que isso, os casais poderão ter a satisfação de ter filhos com genes portugueses."
Não, não ouvi mal. Genes portugueses, segundo o senhor, é uma das grandes mais valias do banco. Genes portugueses, genes que no fundo falam português, que têm a qualidade de serem nacionais. Mas mas... haverá comentário mais estúpido, mais xenófobo, mais politicamente cretino, mais inadequado? Haverá? Se houver, por favor digam-me. De Espanha, nem bons genes parece.
Quem dera que o senhor tivesse razão e os genes espanhóis viessem já com a movida e com a mentalidade progressista que por lá parece haver em muito maior quantidade.
É tão estranho como a tentar chegar mais longe, acaba-se por dar uma série de passos atrás. Bancos e leis para casais inférteis, deixando de fora uma grande parte de potenciais interessados e interessadas, e ainda por cima com o mote "Leve genes cá de casa. 100% criação nacional".
1 Comments:
...consegui finalmente ler o teu post... a minha indignação continua num nível abaixo do desejado e portanto este é o comentário possivel.
;-)
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