quarta-feira, outubro 31, 2007

À 16ª é de vez?

Mais uma vez, a décima sexta, a Assembleia Geral da ONU aprova por esmagadora maioria uma resolução exigindo o fim do embargo dos EUA a Cuba (ler artigo). O embargo já dura há mais de 40 anos, desde 1962, e é desde 1992 que a ONU pressiona os EUA para o levantarem. Obviamente a pressão não tem funcionado e os "americanos" continuam a fazer a vida negra aos cubanos, americanos desviantes.

A questão de Cuba não é simples. Mas a do embargo é: estúpido, prepotente, perigoso e anti-humano.

Mas o embargo tornou-se mais que uma questão política. Tornou-se uma questão social e cultural. 40 anos de embargo definem inevitavelmente um povo, da mesma forma que o seu regime. Se o regime é mau, o embargo é igualmente mau ou pior, tendo o mesmo peso na formação do povo cubano. Faz deles resistentes. Se, em primeiro lugar, são resistentes ao regime, têm de sobreviver ao embargo. Sobreviver à falta de recursos num país não necessariamente pobre. Imagino que um cubano odeie em primeiro lugar os EUA. Compreendo e simpatizo com isso, apesar de continuar a defender outro regime para Cuba.

Só que a verdade é que ninguém sabe exactamente o que poderia ser, ou mesmo o que é, o regime cubano, pois a ele estará sempre (?) associado o embargo. E continuaremos a reflectir sobre o bom e o mau do regime, sem nunca poder reconhecer o "bom" que há neste embargo - essencialmente porque ele não existe.

O estúpido braço de ferro não tem fim. O problema é que não se trata de um braço de ferro, mas quase de uma luta de honra. O Estado e o povo oprimidos lutam pela sua dignidade. Lutam pela dignidade de viverem à sua maneira (ainda que seja uma maneira coagida) perante um opressor muito mais poderoso, que pretende "matá-los" da forma mais fria, pela humilhação, pela recusa do "direito à admissão" enquanto povo.

No mundo, há casos muito mais brutais contra os direitos humanos que Cuba. Mas não estão à porta dos Xerifes. E nesses casos, não há lado "bom", não há educação ou saúde ou desporto. Não há a inteligência e produtos de uma cultura. Cuba é profícua, é criadora, é dinâmica. Cuba é uma ameaça real, porque aponta um caminho que em mais lado nenhum esteve tão perto de ser um regime "bom". Obviamente que está longe de ser bom, não sou defensora do regime. Mas sou claramente anti-embargo de pretensos moralistas dos bons costumes que espalham acções anti direitos humanos pelo mundo e no seu próprio país.

Mais uma vez, pela 16ªvez, a Assembleia Geral da ONU reprova. Na Casa Branca, devem sacudir a mosca da impertinência com desagrado, afastando a dúvida sobre essa política tão absoluta e déspota. O povo cubano mantém a dignidade.

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1 Comments:

At 31/10/07 4:15 da tarde, Blogger ana said...

sim, e democratas e republicanos passaram pela casa branca sem que houvesse vontade para acabar com este embargo!

mas não gosto do que os cubanos têm (agora com contornos "monarquicos")

 

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