segunda-feira, maio 28, 2007

e o que seria este post se o sporting nao tivesse ganho a taça...*

Pois que o Sporting, o "meu" sportingue, estava na final da Taça de Portugal. Pensei cá para comigo: não é tarde nem é cedo, é mesmo este ano que vou ao Jamor ver uma final da taça, até dizem que aquilo é a verdadeira festa do futebol e o bilhete até é o meu paizinho que oferece, bora lá gritar, que eu gosto tanto de ir aos estádios gritar quando é golo, ele que não perca, porque se há coisa que eu detesto é ir para a bola e perder, que fico logo com uma neura descomunal, para quê que vou aos estádios se é para perder, não sabem que é uma perda de tempo e eu não me importo de sofrer, desde que no final seja para ganhar, não brinquem comigo, estão parvos ou quê? Mas desta vez o sportingue ganha que eu sei. Vou mas vou e vai ser bueda fixe.

Foi mais ou menos isto que pensei, assim mesmo sem grande pontuação, porque penso de corrida ou então em reticências e suspiros mentais no meio dos quais surgem as angústias. Mas este não era um pensamento angustiado, era até festivo e prazenteiro. Ia ao Jamor à Final da Taça, à dita festa do futebol, ver o clube do coração ganhar.

Hoje era o dia. Duas horas antes saímos. Estacionámos em Queijas e o resto a pé, uns 20 minutos a andar. Chegados ao estádio, era a loucura da feira. Febras, couratos, cerveja, cachecóis, bonés, burgessos, canalhada, até cães, tudo e mais alguma coisa. Havia gente que tinha vindo só para estar lá, com grandes arcas térmicas e televisões, só para passar o dia perto do estádio, fenómeno incompreensível. Pensei que fosse talvez por isso que lhe chamavam a festa do futebol, porque era a festa do povão, de tronco nu e cervejola, por mim tudo bem.

Grande stress para entrar. Segundo os relatos do meu pai e do meu irmão, a entrada no estádio não era fácil. Da última vez que tinham ido, tinham estado umas duas horas parados no meio da multidão, num monte de gente que se assemelhava a fila. Como constatei, o facto de termos um estádio nacional muito bonito (disso não há dúvidas) não quer dizer que tenha as mínimas condições para albergar um dos jogos mais importantes da época: uma única porta para entrarem 40 mil pessoas. Lá começou o apertão e pára arranca. Havia uma barreira de polícias de choque que travava a malta de vez em quando. Eu fui logo barrada por uma besta, que me empurrou como se não houvesse amanhã. O meu irmão gritou "larga a minha irmã" e puxou-me. Foi bonito, salvou-me e eu pensei xiça, tinha de vir ao futebol para levar pancada da polícia de intervenção. Tanta manifestação ideológica e é logo no raio da bola que isto me acontece!. Basicamente, as pessoas a entrarem ali foram tratadas que nem animais.

Lá dentro, nas bancadas, eram mesmo só animais. Uns mais bestas que outros, mas todos uns grandes animais. Para não chatear, resumo: os nossos lugares desapareceram, mas no intervalo fomos expulsos, ameaçaram-nos porrada e vimos o resto do jogo de pé nas escadas, tendo eu atrás de mim um tipo que chamava todos os nomes aos jogadores do clube do "seu" coração, como se o nosso plantel portentoso fosse constituído por uns anormais sem talento.

A juntar aos adeptos anormais, houve chuva e o sportingue não marcava e eu já só pensava que ainda hoje teria de ir trabalhar - a magia estava perdida. Finalmente, no último minuto, houve o golo e a satisfação compensou tudo. Para um não adepto, isto é difícil de perceber, mas na verdade é muito simples: grita-se e salta-se. Sente-se a energia das pessoas, que há dois segundos, eram umas grandes bestas. De repente os cânticos são poesia e só nos apetece rir. É o que acontece durante um período dilatado... uns verdadeiros cinco minutos.

De qualquer modo, tenho a certeza que não volto a entrar naquele estádio para assistir a uma final da taça. Porque a festa não é lá grande coisa...


*ou Aventuras e desventuras numa tarde no Jamor.

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3 Comments:

At 28/5/07 9:33 da manhã, Blogger ana said...

ehehe

foste a QUeeeiiijjjjassss??

devias ter telefonado! estava lá e apresentava-te a família ;D
(ah, e o cheiro a febras espalhava-se até lá)

sppporrrteeennn!

eu cá disse que ia torcer pelo belem, clube dos meus avós, mas depois nao conhecia nenhum dos jogadores, nem o nome do treinador nem nada. para além disso estavam ali na tv os "meus meninos", moutinho, miguel veloso (q lindo cabelo!), o caneira, e no banco com gravatinha e lindissimo, o belo pedro barbosa

gritei como uma desalmada com o golo do liedshow, e tive pena de nao estar no estádio para partilhar a festa.

ah, e na televisão viu-se o paulo bento a sorrir, sorrir mesmo, tranquilo!

 
At 28/5/07 2:33 da tarde, Anonymous Anónimo said...

ui eu bem que te disse que quando ia para a minha aulinha de equitação bem que passava lá pelo meios dos picnic's... e reparava que aquilo era assim pró "animado"...
a tua descrição trouxe mais imagens às que já tinha...bastante mais ehehehehehehehe

bem ganharam e isso é que importa.
podiam era apitar menos que é coisa que irrita a quem está sugadita em casa.

 
At 28/5/07 5:53 da tarde, Anonymous Anónimo said...

não te vou dizer que não ligo nenhuma e que não percebo o fenómeno e que, como Marx (o Carl) dizia e muito bem, não é muito mais que ópio para o povo, como a religião afinal... não, não vou dizer que tudo isso já sabes (e na verdade - e lê isto em letra tamanho 6, bem baixinho faz favor - uma vez até fui e gritei e disse palavrões e tudo e ri alto e até dei saltos de braço dado com um desconhecido suado de tronco nu e barriga descomunal e depois nunca mais fui e voltei a não entender nadica de nada do fenómeno porque me esqueci).
mas nada disto interessa, qual taça qual qê, comparado com a preocupação que me assaltou quando vi as imagens da chuva na televisão. tu não estavas ainda a brufen, rapariga?

 

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