quinta-feira, maio 17, 2007

Parabéns! És gay! (ou o dia em que todos gostavam de ser gays)

Hoje é Dia Mundial contra a Homofobia. Para todos os que todos os dias dão um passinho a mais para sair cá para fora, para todos os que anulam a orientação sexual como factor discriminatório, é um dia bom. Especialmente porque é o dia que dá nome aos outros dias todos.

Ontem, foi dia de mandar coisas cá para fora. Uma delas é a proibição de os gays darem sangue, embora o Instituto Português do sangue tenha negado tal coisa. A verdade é que um homem que diga que é gay quando for doar sangue não é aceite. Diz que depende dos hospitais, para uns é fraquinho, mas aceitável, para outros é mau, mesmo mau, sangue do demo, antes sangue de barata. De qualquer modo, Gabriel Olim, presidente do dito instituto, diz "O que interessa é a tranquilidade e a segurança de quem vai receber o sangue. E os portugueses têm preconceitos.". Ora aí está uma frase que alguém numa posição importante de uma organização do Estado deve dizer. Os portugueses têm preconceitos e nós pactuamos com esses preconceitos mesmo que o sangue do mariconço seja bom e possa salvar a vida do preconceituoso de merda! Se calhar, a dar sangue, devíamos perguntar: "olhe desculpe, este sangue é para servir com ou sem preconceito?". É que, imagine-se um homofóbico receber um sangue abichanado... pode entupir aquilo tudo. Sabe-se lá do que é que ele vai passar a gostar.

Outra questão importante, não levantada ontem, é a da violência doméstica. Neste momento, está em Audição Parlamentar Pública a "reformulação do Art. 152º do código penal que enquadra a violência doméstica como crime punível com pena de prisão. As alterações propostas passam pela avaliação da intensidade do acto violento e não pelo nº de episódios violentos, bem como este novo texto contempla relações de casal de carácter hetero e/ou homosexual para além da sua continuidade no tempo. Deste modo a nova proposta de reformulação deste art. refere que é considerado crime qualquer acto violento intenso que ocorra no âmbito de uma relação amorosa em casais heterossexuais ou homossexuais ainda que tenha ocorrido uma só vez.". O próprio reconhecimento no texto da lei que existe algo a que se chama a homossexualidade é já um ponto positivo. Neste caso, é um duplo ponto positivo, uma vez que a violência doméstica também é um dos "charmes" que os portugueses gostam de calar. Pois, ainda bem que não nos vamos calando, que se vão dando contextos para coisas sempre caladas, amordaçadas.

A luta contra a homofobia é também uma luta contra a invisibilidade. Todos os dias e não apenas hoje. Obrigada a todos aqueles que todos os dias vão dando os seus passos. Obrigada a todos aqueles que combatem o preconceito mais fundo dentro de si, mesmo quando parece a coisa mais difícil do mundo. Aqueles que permitem que o amor vá vencendo a sua homofobia lentamente.

Orgulho-me de mim, mas orgulho-me deles e muito.

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11 Comments:

At 17/5/07 11:02 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Este é um não comentário,
mas a verdade é que fiquei enjoada e não consigo dizer nada de verdadeiramente importante

e enjoada porquê? não não sou homofóbica, sou só fraquinhaaaaaaaaa nestas coisas do tema do sangue...fraquinhaaaaaaaa...e muito gráfica, e não faço discrimanação, hetero e gays todos me metem impressão quando é hora da seringa e daquele tubinho no braço...yacks...tou amarela.

 
At 17/5/07 11:44 da manhã, Blogger ana said...

o que dizes é verdade. já fui dar sangue a hospitais que me perguntaram se eu era gay.
eu nao perguntei porque me estavam a perguntar, pq eu nao sou valente, e tenho pena.

ontem vi um casal gay a beijar-se na entrada do metro, como um casal normal, plena luz do dia, centro da cidade, à vista de quem quisesse. foi a primeira vez que vi isto assim em Lisboa, e fiquei bem feliz.

parabens e força a todos, gays e heteros e bi, por este dia!

 
At 17/5/07 2:41 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Obrigado!

 
At 18/5/07 10:22 da manhã, Anonymous Anónimo said...

adoro quando escreves assim, bem f........ , eheh.

sabes o que é que apetece mesmo nessa cena do sangue, anocas? apetece irmos as 2 a um hospital qualquer dar sangue. e dizíamos que não éramos, quando nos perguntassem. e depois, passados 4 meses (tempo de intervalo regulamentar para mulheres), íamos de novo ao mesmo hospital e dizíamos que sim, que já éramos, que nisto do sexo às vezes muda-se de ideias.
Eles (do Instituto Português do Sangue)criam um processo com o histórico do dador que até mandam cartas para casa no dia do aniversário. Queria ver o que faziam, depois de terem aceite o nosso precioso sangue da 1ª vez quando nos apanhassem lá de 4 em 4 meses a mudar de ideias!
se quiseres, combinamos.

 
At 18/5/07 11:39 da manhã, Blogger ana vicente said...

(sandera, não leias este comment que enjoa, eheheh)

eu cá alinho, joana! ir quebrando o sistema.
mas a verdade é que eu sou dadora e nunca me perguntaram tal coisa. Pensei que não perguntassem a mulheres, mas só a homens. Pelos vistos perguntaram à ana. De qualquer modo, acho que não têm legitimidade nenhuma para perguntar isso.

Perguntaram a um heterossexual que conheço se tinha tido relações com mais de uma pessoa no último ano, ou seis meses, já não sei. E tb recusaram o sangue por ter dado uma resposta positiva. Eu não percebo de todo. Acho que a função deles é ver se o sangue está bom, depois de tirá-lo e não supor que está mau... mas isso sou eu.

Em relação a expressões públicas de afecto, acho muito bem, na medida certa. Por exemplo, eu e o kardo ficámos com um casal de mulheres à nossa frente, que mostrou o seu afecto durante as duas horas de concerto. Achámos lindo e maravilhoso, mas a verdade é que só tolerámos a coisa durante metade do tempo, porque eram duas mulheres. A diferença ajudou a gostarmos de tanto afecto. Mas a verdade é que se fosse um casal homem/mulher, nem 5 minutos os teríamos suportado...

 
At 18/5/07 1:17 da tarde, Anonymous Anónimo said...

epa, esta agora não percebi! Explica lá isso melhor. não aguentas ver gente aos beijos mais de 5 min? carraio de paranoia é essa? expressões públicas de afecto é casais aos abraços e beijos, certo? ou nos concertos tão modernos tão modernos do jorge miguel o pessoal enrola-se verdadeiramente?
tu tás bem miúda?

 
At 18/5/07 2:52 da tarde, Blogger ana vicente said...

não não... não se enrolam nem me é assim tão difícil ver.

é mais serem tão melosos... é querido, mas depois, em público, torna-se adolescente, principalmente quando não páram.

eu sou bem a favor do namoro. beija-se, dá-se um abraço, fica-se de mão dada, passado um bocado, dá-se outro beijo, uma festinha na carinha, uma mão por cima do ombro, tudo bem... não é isto tudo ao mesmo tempo a menos de dois palmos da tua cara. essa é a parte chata - o namoro delas entrar-me pelos olhos dentro e não me deixar ver o georginho (que é o máximo que se pode chamar ao GM - nunca jorge miguel, expressão algo blasfema).

E além do namoro, também gosto de "badalhoquice". Mas, num concerto, tens de poder dançar. E não me chateava nada que qualquer casal estivesse a esfregar-se entre si a dançar. isso sim estaria à altura do acontecimento. Mas a dançar, ora bem.

 
At 18/5/07 4:17 da tarde, Blogger ana said...

eu cá gosto muito de expressões públicas de afecto. de todo o tipo e com qualquer intensidade. isto desde que nao ocupem a casa de banho onde eu quero ir porque estou aflita.

o que me irrita mesmo são expressões publicas de violencia, isso deixa-me fora de mim, pq me sinto impotente.

 
At 18/5/07 7:41 da tarde, Anonymous Anónimo said...

jorge miguel, jorge miguel, jorge miguel!ehehe!

 
At 21/5/07 3:08 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Teste, 123 teste!

;-)

 
At 21/5/07 3:09 da tarde, Anonymous Anónimo said...

iupi, não há censura!!!!!!!

 

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