sábado, novembro 12, 2005

Passo a expressão

Eu fazia-te e acontecia-te.

Adoro esta expressão. Não diz absolutamente nada, mas ao mesmo tempo abre um potencial enorme de coisas passíveis de serem escutadas. No fundo, o seu significado só depende de quem a recebe e do tom e expressão corporal de quem a diz.

Muitas vezes, usa-se só "fazia e acontecia", por exemplo quando estamos a contar algo de alguém que tem a mania. E diz que faz e acontece, e faz e acontece.

Fazer e acontecer. Acção pura com extrema eficácia, parece.

Gosto da forma reflexiva -te. Eu fazia-te, eu acontecia-te - que tanto pode ser entendido como uma promessa ou como uma ameaça. Mas sou eu o motor, eu é que faço e aconteço, eu é que te faço e te aconteço. Tudo em aberto, ao critério da imaginação do -te. O que será que me fazia e me acontecia aquela pessoa que me disse isso?

E algo que estava em aberto passa a ser algo concreto na cabeça de quem a escuta. Que tanto pode ser algo maravilhoso (ah, fazias-me isso, ui) como algo absolutamente assustador (é melhor fugir antes que me partas as perninhas).

4 Comments:

At 12/11/05 9:44 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Isso dito ao ouvidinho arrepia até as pestaninhas! Sempre achei que funciona muito melhor como acto de sedução do que como ameaça.


Sandera

 
At 14/11/05 4:58 da tarde, Blogger ana vicente said...

Sim, para ameaça era melhor dizer "paguei a um cigano" (mais informações algures no naperon).

Gosto do "arrepia até as pestaninhas". Tu compreendes-me, boa amiga!

 
At 14/11/05 5:04 da tarde, Blogger ana vicente said...

não é algures no naperon. é mesmo aqui.

 
At 14/11/05 6:03 da tarde, Anonymous Anónimo said...

ehhehehe a nossa ameaça favorita. e a mais eficaz.

fui ler o post e fiquei a pensar que dia teria sido aquele em que o trabalho me tinha deixado naquele estado mas não me lembro de nadinha. ficou o "pagar a um cigano" e isso já valeu.


sandera

após sestinha :-)

 

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