Post velho dos marretas (ou hoje estou de língua afiada, deu-me para isto)
Eu admito. Admito, pronto. Gosto de ver o programa das danças da rtp. Adorava ver o programa das canções e, agora, gosto de ver este. Tenho noção da piroseira, mas não quero saber. Gosto de vê-los dançar e gosto da ideia do desafio a que os concorrentes se propõem. Uma coisa estes dois programas têm em comum, além do formato concurso de pretensos talentos com júri avaliador e simpático, e é o que têm de pior: a apresentadora*.
Pois bem, a dita apresentadora, desde que apareceu em mil nove e trinta e dois no Top+, tornou-se a chamada "namoradinha de Portugal", tendo entretanto sido trocada por outras tantas, mas mantendo aquela aura especial do eu fui a primeira, eu sou a original. Na verdade, acho-a muito fraquinha como apresentadora e até muito fraquinha do ponto de vista estético. Vai cumprindo com profissionalismo, mérito lhe seja dado, tem inteligência e algum brilho, mas é tão irritante na sua pseudo entrega a Portugal e aos portugueses (telespectadores), que uma pessoa (neste caso eu) fica com a urticária sempre que nos pisca o olho. Nesse piscar de olho, a senhora reclama uma cumplicidade e uma empatia dignas de uma boa nora, de uma amiga de sempre, de uma confidente especial, de uma mulher de bom trato mas também de algumas loucuras bem aceites.
Rodopia, ó Catarina, rodopia, é o que ela deve ouvir, dos seus portugueses lá em casa, e assim vai rodopiando, entre a humildade (como se gosta desta palavra por estas bandas) e a vaidade de menina preferida em detrimento de todas as outras. Quero ser levada a sério, dizia há uns anos numa capa de revista, como se isso interessasse a quem já se casou com ela. Mas quer mais, sempre mais. Quer os portugueses lá de casa, os intelectuais, os críticos de cinema e de teatro, os músicos e os actores... quer-nos a todos, o reconhecimento dos pares, a admiração das meninas, o deslumbramento dos rapazes... quer ser a voz, o estandarte, o espelho, a cara, o exemplo, quando tem tão pouco talento e tão escassa diferença para oferecer.
Vamos lá a ver, ela faz bem, ou suficientemente bem, o seu trabalho, e por isso devia estar satisfeita, uma vez que há por aí tanta gente a fazer tão mal o que ela faz razoavelmente. Mas não está satisfeita, porque a vemos a querer estar na pista a dançar, na banda a cantar, no júri a avaliar, em casa a telefonar, no público a gritar. Ela quer ser muito mais, quer ser todos e assim mal consegue ser só um.
Passa apenas por uma miúda irritante que a maior parte das vezes é muito divertida por ser tão tolinha. Desde os famosos rodopios nos intervalos, em que gira sobre si própria de braços estendidos, até às calinadas no português (que são muitas acreditem), passando pelos gritos estridentes e a obsessão em tratar toda a gente por inha (ontem até a deputada Teresa Caeiro teve de levar com um Teresinha constante, como se fosse uma criança a quem estava a mimar, e uma variação entre o tratamento por tu e o você que nos deixou a todos confusos, ora eram as melhores amigas ora tinham acabado de se conhecer e nestas coisas há alguma formalidade), a mulher é um poço de animação. É tão boa nesse atropelamento, ou está tão à vontade, que há vezes em que gostamos dela simplesmente por isso. Ou por vermos como ela é tão dada a agradar, com toda a simpatia e esse largo sorriso à nossa espera, como quer que a amemos, que a vejamos na família, suspiremos pelo seu regresso, esteja ela a fazer missões pela ONU ou a dar à luz a mais bela criança que Portugal já viu, porque é dela.
Ao escrever, dou-me conta de como afinal gosto dela. Ela afinal não detém qualquer traço no carácter que a comprometa, nenhuma marca distintiva, nenhum assombro de inteligência, é apenas alguém de quem se gostar. E se calhar, tendo ela construído o seu nome e a sua imagem sobre essa base impenetrável de moça certa para levar à sala de estar e conhecer os pais, é por isso que não menciono o seu nome. No fundo, é a ela que não quero quebrar o coração, não fosse dar-se o caso de um motor de busca a levar aqui.
Por isso, insisto, com os portugueses lá de casa, rodopia, rodopia, que a gente ri, mas no fundo até gosta.
* Além das razões que apresento neste post, abstenho-me de mencionar o nome da senhora, porque não me está a apetecer que a pesquisa de um ENORME fã no google o traga a esta página e, a partir daí, desencadear um rol de insultos, cadeia de emails, etc. Não tenho paciência, toda a gente sabe quem é e assim poupo-me a filmes.
Etiquetas: tv, vicentices
6 Comments:
Boa amiga, boa amiga, começamos logo mal... tenho noção da piroseira?
ai ai, que comentáriozinho é este?
fizeste-me lembrar aqueles pais que não deixam os filhos ver a floribella nem experimentar a porcaria do mc qualquer coisa, aqueles que os miúdos todos comem...
piroseira?
porquê?
Eu, sandra carvalho, não acho piroso ouviste (s)?!
Passando à frente,
o raio da mulher entra mesmo nos nervos mas é como dizes no fundo somos fãs.
Já lhe achei mais piada e sobretudo melhores timings mas que fazer? são os programas dela que me entretêm bem entretida e até me fazem dar uns passos de samba as 11 da noite!
ah e vem aí mais um operação triunfo, li ontem numa revista BUÉ PIROSA que gosto de ler.
e passados 30 segundos já te perdoei...continuo a querer ver o Dança comigo CONTIGO!
Próximo sábado cá em casa e se DEUSOQUISER já com a tv tamanho gente normal.
pois que já esclarecemos a ideia de piroso, pois que eu gosto de uma boa piroseira. sem ofensa para o objecto piroso, está claro.
mas vamos afundando-nos uma com a outra, pois tu não queres ver que eu sou dessas que, embora não tenha de fazer muita força para isso, não quero que o petiz veja a floribela nem vá ao mcaquelacoisa?
voltando ao piroso, acho que é só uma questão de nomenclatura. se calhar são tiques de intelectual arrependida, tu queres ver? terá sido por isso que logo a seguir a este post escrevi um outro que é uma citação, para as pessoas ficarem baralhadas ou definitivamente acharem que eu sou bueda profunda? hum... hum... se calhar, se calhar!
volte a operação triunfo. se há coisa mais pirosa não sei, mas que gosto gosto...
e em relação ao próximo, acho que só se for a repetição no domingo... com quem mais vais poder comentar sem a outra marreta??????
e há outra coisa, boa amiga, às vezes as coreografias são mesmo pirosas e as canções também... o que é que foi ontem aquilo do "viva la españa"?????
e eu gosto da jennifer lopez, hein?
a mim mexe-me com os nervos aquele ar de menina coquete. aquele deixar cair a cabeça assim pro lado, ligeiramente, como se não conseguisse sair do seu papel de sedutorazinha ... mexe-me com os nervos.
FRAQUINHA DO PONTO DE VISTA ESTÉTICO?????? AHAHAAHHAAHAHHAHA..... SÓ PODE SER INVEJA. É DE CERTEZA!!! JÁ SE VIU AO ESPELHO MINHA QUERIDA???
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