quarta-feira, novembro 15, 2006

A chamada força de vontade

Meti na cabeça que ia deixar de fumar no final deste ano, uma promessa que tenho mesmo de cumprir. Quando pensei nisto pela primeira vez, a coisa ainda estava longe e não me preocupei muito. Entretanto fui-me mentalizando de que fumar é um hábito nojento que me vai matar lenta e dolorosamente. Bem sei que não é preciso grande mentalização para isso, pois é bastante anunciado, mas tem sido estrategicamente despistado pela minha percepção da realidade.

Bom, entretanto, a coisa, digo 2007, começa a chegar. E eu comecei a perceber (com a ajuda de uma pessoa ex-fumadora) que precisava de uma estratégia. Sempre fui daquelas fumadoras com o discurso de que só é necessária força de vontade. Pois devia ter ardido no inferno quando pensei tal coisa! O poder que reconheço à vontade humana, no meu caso, é apenas uma pretensão exagerada, que me obriga a falhar na minha vontade, porque lá está pelo meio esqueço-me do que é que quero mesmo. Não é que a vontade não tenha força, é talvez... indefinida... talvez esteja intoxicada com o fumo, não sei... Bem!

A verdade é que a mera antecipação já me está a provocar ansiedade e continuo a ingerir nicotina com todas as ganas possíveis. Hoje, no duche, imaginava perder o melhor cigarro do dia (não o que sabe melhor, mas o que mais desejo), o primeiro. O que abre as hostes! Caso não estivesse no duche, ia beijar o maço e pedir-lhe perdão...

Tenho uns 40 e tal dias para elaborar uma estratégia e segui-la ou, visto por outro ângulo, tenho 40 e tal dias para fruir ao máximo do cigarro... Hum... hum...

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9 Comments:

At 15/11/06 3:05 da tarde, Anonymous Anónimo said...

calma, que também não é assim tão desesperante! o que custa mesmo é essa ideia, que pelos vistos já te atingiu como um veneno corrosivo e infalível, do "nunca mais". prendes-te e isso e é que nunca mais mesmo! (deixas de fumar, claro).
falei-te da estratégia médica, agora vou falar-te da estratégia secreta.
morria de ansiedade com essa coisa do nunca mais e todos os dias inventava uma desculpa para não ser o dia: hoje não que estou com o período, hoje nem pensar que tenho aquela reunião importante, hoje como? é 6ª feira e vem aí o repousante fim-de-semana, quando o cigarrito sabe melhor... e um dia, o dia em que comprei muitas mas muitas caixinhas de pastilhas de todos os sabores, olhei para eles logo de manhã (os nicoretes, nicoteles, nicorexes, já não me lembro) e pensei "não, hoje não dá porque tenho de escrever aquele texto enorme e inspirado... pois... hoje que não dá é mesmo um dia excelente. vou escolher um dia destes, um dos que não dá, assim como assim também não posso esperar grande coisa de mim num dia que não dá e a decepção não será grande se falhar". já sabes como sou, tenho jeito para tomar decisões sem medir o peso das consequências, movida apenas pelo peso (igualmente insuportável) da necessidade de mudar as situações.
a par com o primeiro gesto - o mais importante - houveram 2 coisitas igualmente motivadoras: pensar constantemente que se me desse para fumar um cigarro não era o fim do mundo e que os que não estava a fumar já eram uma vantagem (pensamento acompanhado de algumas esporádicas baforadas, de facto), e ainda, o preço dos ditos nicoqualquercoisa.

eu sei que estas não são estratégias muito ortodoxas, mas são as que s'arranjam em tempos difíceis. espero que possam ajudar-te a inventar as tuas... juntamente com as pastilhas de morango que ainda me sobraram!

 
At 15/11/06 3:07 da tarde, Blogger ana said...

eu nunca deixei de fumar nem nunca fui fumadora, mas não entendi esta frase:

"Caso não tivesse no duche, ia beijar o maço e pedir-lhe perdão... "

estar no duche não é impedimento para nada. é desagradável sair a meio, mas depois tem piada deslizar nas poças de água que ficaram pela casa.

 
At 15/11/06 3:32 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Não sou fumadora. Só levo com o fumo dos outros e não quero. Não sei o que é gostar de fumar. Não fumo nada. Nunca fumei nada.

Dito isto e achando já que não vou ser levada a sério cá vai.

Quando quero qualquer coisa não costumo esperar 40 dias... a não ser que sejam aquelas botas carissimas que o ordenado já não permite...
Já uma vez fizeste um deadline...os 27 anos...passaste por essa meta a correr e a fumar ...aos 27 ainda corres rápido mesmo fumando...
agora não só definiste o ínicio do ano de 2007 como incluiste o puto na promessa...para te dar mais força acredito... enfim Boa amiga. Respira fundo. E fuma lá o último cigarro. Ou então reduz. Reduz já. Fuma 5 por dia como as grávidas que de fumadores imensas são "aconselhadas" a fumar 5...

Já disse que não sei o que é estar viciada em tabaco?

A questão é? Tu queres? É mesmo o queres?
ENTÃO FORÇA MULHER.

 
At 15/11/06 3:54 da tarde, Anonymous Anónimo said...

ai sandera, sandera. estiveste perto, mas não é exactamente essa a estratégia que funciona. morno, amiga...
tens de a pintar como coitadinha, com laivos de compaixão, tipo "pois é, eu compreendo, é tão difícil... provavelmente não vais conseguir... mas não te preocupes, afinal quase ninguém consegue... gosto de ti na mesma, já sabes..."
é infalível para fumadoras orgulhosas. foi a minha mãe que me ensinou isto, a propósito de outra coisa, aos 12 anos. nunca se esquece.

 
At 15/11/06 4:12 da tarde, Anonymous Anónimo said...

ehehh eu não consigo...não consigo...as palavras provavelmente não vais conseguir nunca sairão da minha boca...não acredito nelas...não consigo...

ela sabe que o meu amor é incondicional ;-)


mas obrigada pela dica!!!! vou mesmo assim tentar aplicá-la. tudo para a mulher largar o vício.

 
At 15/11/06 5:00 da tarde, Anonymous Anónimo said...

"O poder que reconheço à vontade humana, no meu caso, é apenas uma pretensão exagerada"


tu pretenciosa? naaaa! reconheço o poder da tua vontade. já o provaste em tanta coisa! é apontares a mesma força nesta direcção!

para além disso sei que o que te preocupa realmente é perderes pinta por perderes o cigarro. não te preocupes, tu é que dás pinta aos cigarros. falo eu que só fumo dos teus.

 
At 15/11/06 5:00 da tarde, Anonymous Anónimo said...

amiga vicenta....
como fumadora compulsiva que sou, posso dizer que estou mesmo contigo nesta meta.... e devia era aproveitá-la para mim também, mas infelizmente sei que não consigo... ainda. (mas não estamos a falar d mim....)
já tentei uma vez deixar os meus cigarrinhos, por isso cá estarei para apanhar com o mau humor que se aproxima, a ansiedade que triplica and all that jazz.... (não é para agoirar, mas para apoiar)
para mim o cigarro é muito social, mas vou ficar muito contente de não fumar contigo, porque é importante para ti.
go girl

 
At 15/11/06 5:35 da tarde, Anonymous Anónimo said...

guarda a dica mesmo, sandera, que se não te servir agora virá a servir-te (e bem) quando o pequerrucho tiver a primeira birra anti-mãe. não sabes o que é, pois não? saberás do que falo quando acontecer, e nessa altura só piora contrariá-lo. dizer tudo ao contrario, já posso dizer que resulta qualquer coisita (até que nos topem, claro).

 
At 15/11/06 5:58 da tarde, Blogger Miguel Manso said...

"Ela ela
Ela é ela
Ela é uma
Ela não fuma mais
Ela fumava muito mas não fuma mais
Ela é tão jovem
Ela gosta dessa moda de não fumar
Ela está comigo em manhattan
E nós vimos o show de sting no madison square garden
E ela disse
Hoje em dia acendem poucos isqueiros na platéia
Porque pouca gente fuma
Ela é tão jovem
E tem saudade do tempo em que muita gente tinha isqueiro
Eu tenho amor por ela
Ela é ela
Ela separa as pernas e vem outra"

caetano veloso

 

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