segunda-feira, maio 15, 2006

Lisboa muito à frente

Este fim-de-semana, fiz uma pequena tour turística pela cidade. Sábado tentei ir ao Castelo de S.Jorge com o miúdo, mas havia uma competição de BTT, com grandes saltos e acrobacias, que cortava o trânsito e as ruas e empoleirava fãs (sim, fãs) em cima de andaimes. Lá nos esgueirámos até à porta em que o outro senhor ficou entalado, mas estava uma fila interminável de turistas para a bilheteira. Desistimos e fomos de eléctrico até ao Chiado, combinando que Domingo de manhã regressaríamos ao Castelo. No Chiado, fizémos uma das suas actividades favoritas: ir à fnac ver todos os livros infantis que se consegue.

No Domingo, lá regressámos. Desta vez de carro, porque já se estava mesmo a ver que aquela subida ia custar e, mal por mal, gastar dinheiro no parque ou no eléctrico vai dar ao mesmo. E ainda bem, porque tive a oportunidade de experimentar algo totalmente novo e moderno e impressionante: o parque de estacionamento das Portas do Sol.

As portas da garagem estavam fechadas e pensei que o parque estivesse encerrado. Quando me preparava para fazer marcha atrás, aparece-me um sujeito e a cancela abre-se. Logo em seguida, uma das duas portas abre-se para um cubículo. Tenho de colocar as rodas no sítio correcto e, apesar do esforço, nem pestanejar. São quatro paredes para enclausurar o carro. Aquele é o parque.

Não devem estar a entender nada, o que compreendo porque eu própria tenho dificuldade em entender. Depois de algumas tentativas para "encaixar" o carro, posso sair do veículo. O chão que piso é de metal e com um sistema rotativo. Leio os sinais certifique-se que não deixa nenhum ser vivo dentro do veículo e mais É expressamente proibido deixar animais dentro do veículo. Que medo! Tiro as chaves, fecho o carro. Saímos do cubículo. O senhor pede-me para carregar num botão da maquineta. Lê-se: A verificar a viatura. Penso na desarrumação. Sai um cartão. A porta da garagem fecha-se. Sei que quando voltar a abrir o meu carro não vai estar lá.

Fico naturalmente impressionada e partilho-o com o puto. Elaboro diversas teorias sobre onde o carro ficará, desde prateleiras a cacifos gigantes. De uma coisa tenho a certeza: onde quer que tenham posto o carro, foi realmente posto, colocado por máquinas, um submundo futurista em que um computador decide, dada a verificação efectuada, em que cacifo fica este.

A bilheteira tem menos gente, apesar de ter bastante. Tanto eu como ele estamos isentos, por residirmos em Lisboa e menores de 10, mas temos de levantar bilhete. Peço esclarecimentos sobre a possibilidade de, como moradora, evitar as filas. O senhor fala-me de um formulário e de um carimbo da Junta. Percebo tudo. Alta tecnologia, bilheteira vistosa, sistema de entrada do mais moderno que há, mas, ainda assim, tudo se resume ao papel, qual papel.

No castelo imaginamos obviamente, mesmo estando a decorrer a Feira Mix com objectos de Design, que somos os primeiros a lá chegar. Não naquela manhã, porque afinal são quase duas da tarde, mas na História. Lá tento dar algumas dicas sobre Portugal e essas coisas, mas o ponto alto da sua atenção parece ser a ausência de papel higiénico na época. Entendo-o.

Quando saímos, pergunto-lhe pelo carro. E se agora viesse outro carro em vez do nosso, um maior e mais moderno? Ele parece ficar entusiasmado. Eu digo-lhe que é impossível, porque continuo com as mesmas chaves no bolso. Ele explica-me que se calhar há uma máquina para fazer umas chaves para nós. Não aguento e volto rapidamente à realidade. Imaginar o meu carrinho num cacifo sujo, abandonado... coitadinho.

No regresso, lá pagamos e carregamos no botão. Ficamos impacientemente à espera que uma das portas se abra para um cubículo com o nosso carro lá dentro. Uma das portas abre-se e ele aparece. Vivo, ou pelo menos com o seu aspecto de sempre, mas, lá está, virado para a frente. As máquinas, que inteligentes e jeitosas. O miúdo começa a investigar o chão, mas eu já não estou para brincadeiras, estou realmente preocupada em ser sugada para o submundo futurista das máquinas, em que se põem veículos ao lado de latas de ervilhas ou de peúgas sujas da ginástica.

Puto, mete-te dentro do carro já!

Parto aliviada e com a sensação de que vivi uma grande aventura. Ainda estávamos nós preocupados com a possibilidade de cairmos do alto do castelo.

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3 Comments:

At 16/5/06 3:42 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Ah ah ah já me fartei de rir com este post. Está hilariante.
Tentei porque tentei imaginar o tal parque mas acabo sempre em género "minority report" num futurismo muiiiiiiiiiito à frentex pró castelito parece-me.

só vendo parece-me.
muito bom!

 
At 16/5/06 3:55 da tarde, Blogger ana vicente said...

talvez não minority report, mas missão impossível definitivamente...

 
At 18/5/06 12:12 da manhã, Blogger ana margarida said...

MELHOR QUE LIVROS DE "UMA AVENTURA". Quero ir o mais depressa possível a esse parque!! Até vou pôr na agenda!
Que saudades destes teus posts!
E a mix? viste alguma coisa?

P.S. A mim também me intriga a falta do papel higiénico...

 

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