Nunca se consegue provar nada a ninguém. Nem mesmo as demonstrações de
verdade nos conseguem levar a alguma conclusão que não estejamos predispostos a aceitar. Não há argumento válido para a descrença ou para a crença. No fundo, no fundo, na ciência, no amor, na religião, na arte, só acreditamos em seja o que for se
quisermos de facto acreditar. É assim a natureza humana, toda a construção à sua volta depende exclusivamente de um acto de vontade e de um acto de fé.
Isto a propósito de Proof, mas também a propósito de muitas outras coisas. Serve-me de pretexto o filme, agora em cartaz, que nos traz de volta a mal-amada Gwyneth Paltrow e nos presenteia de novo com o carismático Jake Gyllenhaal (gosto do gajo).
O filme é a adaptação para cinema da peça de David Auburn, que esteve em cena em Portugal em 2003, com estreia no Teatro da Trindade, e que assisti.
Na altura, gostei do texto, mas fiquei, como sempre aliás, mais impressionada com a representação de Ana Brandão - uma das grandes actrizes da sua geração (adoro dizer estas coisas foleiras). Entre ela e Gwyneth, prefiro não escolher. A Catherine da Brandão era muito mais feroz, muito menos pobre coitada do que a de Paltrow, mas isso também é uma marca desta última. Eu gosto da loura, devo confessar, e estou contente por ter regressado. Mas ninguém rosna como a Brandão, ah isso não.
Para ter confiança, serão precisas provas? Às vezes, pergunto-me isso. Já tive provas de que não podia confiar em alguém. Mas para confiar, que provas necessitaremos? Nunca basta a verdade. Parece ser preciso primeiro estar absolutamente (seja o que for que isto queira dizer) confiante em si mesmo para inspirar confiança nos outros. É preciso ser também um pouco cego a todos os indícios e a todas as provas, pois não me parece que elas tenham grande valor quando se trata, simplesmente, de acreditar.
4 Comments:
tenho pensado muito neste verbo - acreditar. é mais importante para mim do que eu antes pensava.
confiança, sim.
verdade... verdade?
como não gostar da Gwyneth depois dos tenenbaums?
como não gostar do Jake Gyllenhaal? (só pq sim, e da irmã dele tb!)
é bonito, desafiante, para mim é das coisas mais desafiantes, ter que ter confianças sem ter certezas, sem provas. aceitar o risco, viver com o risco. é bem mais fácil quando me sinto mais forte, quando sei que tenho algo dentro que, aconteça o que acontecer, não quebra. a tal rede de segurança.
acho que a prova que precisamos de ter pra confiarmos em alguém é interna: a prova de que sabemos sobreviver à uma "traição".
quem é a irmã do Jake Gyllenhaal?
é a Maggie Gyllenhaal
aqui tens os 2:
http://www.imdb.com/gallery/granitz/1695/Events/1695/MaggieGyll_Kahn_660230_400.jpg?path=pgallery&path_key=Gyllenhaal,%20Maggie
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