segunda-feira, novembro 21, 2005

A favor da inutilidade

Segundo esta notícia, as universidades vão ser avaliadas pelas saídas profissionais que os seus licenciados encontram.

Bonito!

Como detentora da licenciatura mais inútil para o mercado de emprego, deixo aqui a minha grande e redonda e inequívoca e furiosa língua de fora!

Se eu quisesse ir trabalhar, trabalhava! Não precisava de uma licenciatura para isso!

Como se a criação de uma "elite" licenciada devesse ser feita à medida de necessidades de um certo tempo, de um certo governo, de umas necessidades pontuais.

O ministro diz que não quer fechar universidades, mas haverá algumas que terão de mudar completamente. Já estou a imaginar... Só aprendes francês se quiseres ser diplomata. Filosofia? Não estamos a precisar nos quadros... Literatura... O Miguel Sousa Tavares já deu um contributo para a leitura, deixemo-nos disso.

E pior é imaginar aquela malta das universidades a tentar provar que tem cursos úteis. Útil? Útil? Se quisesse ser útil ia para África, não tirava uma licenciatura!

Língua de fora e é já!

10 Comments:

At 21/11/05 4:01 da tarde, Anonymous Anónimo said...

já que este post é a favor da inutilidade este comment é para testar o teu último conselho. peço desculpa pela inutilidade da experiência...

 
At 21/11/05 4:17 da tarde, Blogger ana vicente said...

exactamente! e não é por ter sido um comment inútil para a blogosfera que eu vou apagá-lo! pois, bem sei, foi útil para ti!

sacanas!

 
At 21/11/05 5:01 da tarde, Blogger ana said...

(isso da língua de fora não é assim uma mensagem subliminar que nos fará ir comprar uma qq marca de dentrífico que usa isso como campanha... vocês vocês, uma pessoa nunca sabe, às tantas tás a ser paga pra escrever aqui no blog isso da língua de fora, e no fundo a utilidade dos cursos é apenas um pretexto... hum... medo, muito medo e precaução)

 
At 21/11/05 5:27 da tarde, Blogger ana vicente said...

Estás a ver? eu nem sequer sei do que estás a falar... não me deram essa informação útil no curso. pffffff!

não voltes é a sugerir que alguém me paga seja o que for para escrever no blog... porque esse cenário seria tão idílico e maravilhoso...

aqui no bombazzine, não há mensagens subliminares (pelo menos a produtos).
Língua de fora sugere-te dentifrico, hã? O teu curso não é dos que vão acabar, está visto...

 
At 21/11/05 5:36 da tarde, Blogger ana said...

peço desculpa, não voltarei!

quem define o que é útil? quem foi mais útil pra humanidade? os filósofos ou os engenheiros?
hum... não sei responder.

 
At 21/11/05 5:42 da tarde, Blogger ana vicente said...

exactamente. nenhuma de nós sabe porque somos mais inteligentes que isso.
Quem define é um grupo de burocratas da OCDE, ou lá o que é... esses é que definem o que é útil, palhaços!

eu sei o que é útil para mim e de que forma posso ser útil à sociedade (isto é uma meia verdade...). Agora, virem dizer-me que o que define o que é útil é o grau de empregabilidade...

 
At 21/11/05 9:38 da tarde, Anonymous Anónimo said...

bem,passado o dia fui então ler a tal notícia. E boa amiga cheguei à conclusão de que há algo de positivo nisto tudo.

"As universidades e os politécnicos portugueses vão ser avaliados pelas capacidades na preparação dos seus alunos para o mercado de trabalho"...ou seja, assim de repente não vejo problema em tornar os cursos, ou alguns cursos mais reais no que diz respeito ao mercado de trabalho, e aqui não entra a palavra útil, entra sim uma preparação para o que realmente nos espera no final dum curso. E não sabendo como isto afectará os cursos em geral posso garantir-te que num curso como o que eu tirei fazia muita falta mais prática e menos teoria, a sensação de sair da faculdade sem saber o que se passa no mercado de trabalho é assustador. Gostava que isso mudasse. Estar preparado para o mercado de trabalho é uma mais valia na minha opinião.

 
At 23/11/05 12:20 da tarde, Blogger ana vicente said...

Eu compreendo o teu ponto de vista, boa amiga. Mas há mais numa universidade do que a preparação para o mercado de trabalho.

No teu caso, ok, tivesses tido mais cadeiras vocaccionadas para o lado prático da coisa e estarias mais satisfeita. Mas ainda bem que tiveste (suponho eu) história de arte, por exemplo, para reflectires sobre a representação visual e assim. Se quisesses ter um curso profissional simplesmente, não precisavas de uma licenciatura.

No meu caso, e na maior parte dos cursos de letras, não há lado prático nesse sentido. Nem nós queremos que tenha. Eu pelo menos não o desejo. O curso de filosofia deu-me muitas coisas práticas, posso garantir-te, mas nenhuma delas posso ou quero "vender" numa entrevista de emprego.

Quais são afinal os critérios de avaliação? O valor comercial de um curso, a sua repercussão na sociedade, a quantidade dos seus licenciados que vão directos para o mercado de trabalho? Ou, como eu entendo, o contributo que deixa para a formação de uma geração e de uma sociedade em todas as suas vertentes?

Rigor é preciso não nos resultados mas no próprio acto de formar. É para isso que as universidades existem. Para dar formação superior. Por isso deviam ser melhores e mais rigorosas. Não mais úteis. Porque mais útil hoje quer dizer, simplesmente, mais rentável.

 
At 23/11/05 8:15 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Eu percebo o teu ponto de vista claro. Cada curso é um curso e sim gostei de ter história da arte mas como dizes "há mais numa universidade do que a preparação para o mercado de trabalho", pois calculo que sim, às vezes não há é nenhuma preparação para o mercado de trabalho e aí é que considero estar uma falha. Não sei se esta avaliação vai ajudar a equilibrar a coisa. Espero que sim. Sou prática como sabes e a teoria anda sempre de mão dada com a funcionalidade. Uma designer comercial. Falo sobretudo pela experiência académica que tive e compreendo que não a dita avaliação não agrade a todos.

 
At 23/11/05 8:18 da tarde, Anonymous Anónimo said...

bem, aqui "e a teoria anda sempre de mão dada com a funcionalidade" faltou-me um MINHA TEORIA, e aqui
"que não a dita avaliação não agrade a todos" acrescentei um NÃO, que não faz cá falta nenhuma.

Cadesmiolada.

 

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