segunda-feira, julho 03, 2006

Em casa

Tocam-me à porta. Eu abro, porque me pareceu ouvir "correeeeio". Afinal era um velho. Ouço, aos 29 anos, algo que nunca pensei ouvir hoje:

- Bom dia, menina. Podia chamar a mãe ou a avó?

Saiu-me uma gargalhada e disse algo que nunca me pensei ouvir dizer aos 29 anos:

- Eu é que sou a dona da casa.


Ele pediu desculpa e ainda me tentou vender umas rendas. Eu fechei-lhe a porta na cara e ainda o ouvi desdenhar.

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7 Comments:

At 3/7/06 1:51 da tarde, Blogger ana said...

:D

nunca pensaste dizer aos 29? e para que idade é planeavas essa assunção? dona da casa! sim senhora menina! bom, agora vai lá chamar a tua mãe!

 
At 3/7/06 2:44 da tarde, Blogger ana vicente said...

nunca pensei que aos 29, e com tantos cabelos brancos, ainda tivesse cara de quem precisa de ir chamar a mãe para dizer que não a um vendedor de rendas.

 
At 3/7/06 4:04 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Um Sr. a vender rendas? Será que também é ele que as faz?
Devias tê-lo mandado entrar e oferecias-lhe 1 fatia de bolo enquanto tu e o dinis escolhiam a renda mailinda!

Acho que devias aproveitar a deixa e comprar isso duma vez MulherSradoseuNarizVicentino!

;-)

 
At 3/7/06 9:24 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Podia ter sido pior. Pode sempre ser pior. Depois de lhe teres dito que eras a dona da casa e que não havia quem ele procurava, ele podia ter acrescentado:

- Então, podia fazer-me o favor de chamar o senhor seu marido que eu precisava de lhe dar uma palavrinha.

(Atenção ao pormenor do diminutivo, importantíssimo em situações destas)

Claro que o homem teria estranhado essa tua afirmação - A dona da casa sou eu – mas lembrar-se-ia logo daquela expressão que define uma cultura que diz que “na casa manda ela, mas nela mando eu”. É deixá-las andar iludidas, pensou o homem, que iludidas é que elas andam bem.

*

Imagina que era o Puto (espero não estar a abusar! Se estiver apaga isto tudo que eu reformulo) a abrir a porta.

- Olá, menino. Podias chamar a tua mãezinha? (Diminutivo, uma vez mais)
- Ó Vicente!
- Mas… Mas… A senhora é que…
- Sim? O que é que deseja?
- Podia falar com a sua mãe?

O homem, cá para mim, anda no engate. As rendas são só um pretexto. Mas ele gosta delas mais entradotes. A partir dos quarenta é que são doces.

 
At 4/7/06 10:42 da manhã, Blogger ana vicente said...

eheheh! JCTP, seja bem aparecido!

sabes que pensei nessa possibilidade, mas para essa estaria mais bem preparada e até teria escrito um post muito mais bem fundamentado, cheio de tiradas feministas. Mas assim... senti-me ao mesmo tempo renovada e com a sensação estranha de que o senhor está já com o negócio bastante ultrapassado. E já agora com a vida...

Se, por outro lado, ele tivesse tentado vender rendas ao "homem", seria de algum modo mais à frente! O seu marido está? tenho aqui umas rendinhas que ele vai adorar!

Tudo isto fez-me lembrar a minha avózinha, que me fez um enxoval de rendas para dar e vender. E imaginei-me logo a abrir a porta da casa dela e a chamá-la, ó vó, está aqui um senhor para si, e depois ir brincar para debaixo da mesa.

Bateram-me à porta ontem e, sem dar conta, quem atendeu foi a autonomia e a pertença matriarcal. Gostei do resultado.

 
At 4/7/06 12:01 da tarde, Blogger ana margarida said...

haha que belas risadas dei eu!
E agora pergunto, se ele dissesse Naperons?

 
At 4/7/06 12:10 da tarde, Blogger ana vicente said...

eheheh!

se dissesse naperons, era bem capaz de dar uma olhada na concorrência.

;-)

 

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