quarta-feira, novembro 02, 2005

Qualquer dia mudo-me para o campo* - post quase bucólico

Sou urbana. Sou tão urbana que não considero os pombos animais.

No outro dia (pfffffff, raio de fã), descobri que a Manuela Azevedo (maneeeeeeela) é do campo. Mas não digo campo, à moda provinciana de Lisboa, que acha que o campo são cidades médias. Não, falo de campo, campo. A maneeela nasceu numa aldeia e ainda mantém pelos vistos lá casa e algum do seu tempo. Li isto numa entrevista que deu à Visão, numa destas últimas semanas.

Este fim-de-semana - de sexta a terça - estive num lugar especial. Estive no CENTA- Centro de Estudos de Novas Tendências Artísticas, na Herdade da Tojeira, perto de Vila Velha de Rodão, distrito de Castelo Branco, na Beira Baixa. O lugar é especial pelo trabalho realizado [do qual espero falar um dia], mas também pelo sítio que é. No meio do campo, com oliveiras à volta, com ovelhas, com sotaque, com cheiro a terra. Apanhar chuva na terra é outra coisa. E acordar na terra também. O tempo é diferente, até o corpo actua de forma diferente. Estive quatro dias no campo a viver a ruralidade no seu melhor. Como "artista", como urbana, como visita.

Há obviamente alguma ironia no título deste post. Mas também há alguma verdade. Como se, graças ao campo, à terra lá está, pudéssemos voltar a reencontrar-nos de uma forma mais pura, mais prazenteira connosco próprios. O campo devolve-nos limpos e, tão limpos, às vezes não podemos estar.

Não sei se um dia destes me mudo para o campo. Duvido. Mas é bom lidar agora com ele. Não com a natureza no seu estado bruto, mas com a presença humana que se integra nela de forma quase plena.


* Nem que me pagassem. Mas talvez com estas condições:
a) Ter muito dinheiro.
b) Ter uma casa própria em Lisboa, que me permitisse vir quando quisesse.
c) Ter meios para produzir agricultura biológica.
d) Ter Internet.
e) Ter amigos que me fossem lá visitar.
f) Não fazer nada de lavoura ou de trabalhos físicos para lá de caminhadas pela herdade.
g) Ter encontrado alguém que quissesse partilhar comigo um projecto de vida (e a cama também, uma espécie de amor da vida).

7 Comments:

At 3/11/05 11:39 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Ontem vi umas galochas cor-de-rosinha shock. Fiquei apaixonada. Mas não comprei, pensei que disparate e agora percebo porquê...Vou-tas oferecer!!!


:-)



sandera

 
At 3/11/05 11:46 da manhã, Blogger ana vicente said...

Olha, acrescentaste mais uma condição.

Só vou para o campo se tiver umas galochas rosa choque!

Nem seria possível de outra maneira... é que não estou a ver.

 
At 3/11/05 11:58 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Ah e ainda me lembrei que li uma citação da Manela que disse:

"Sou 1 rapariga do povo e sou artitsa, é claro que sou de esquerda".

Apeteceu-me acrescentar!!!


sandera

 
At 3/11/05 2:16 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Mas ó Ana Vicente,
(terrrátátátá, esta é a minha estreia no bombazzine!)

ó Ana Vicente, dizia eu, tu no fundo, no fundo até és uma rapariga do campo. Na base digo... Pensa nas "tuas terras" de infância, as duas beirãs (uma começa por C e a outra por O) e, claro, mais tarde por outra, que é semi-terra (que também começa por C). As idas às ribeiras, os passeios pelas matas, os bichos, as cabras, os primos todos em bando. Tudo isso é campo. Portanto tu no fundo, no fundo és uma mulher do campo.

inês (la cousina)

ps- não sei se estou em erro, mas até acho que me lembro de ver fotos tuas com um lenço na cabeça, na apanha da azeitona.

 
At 3/11/05 3:06 da tarde, Blogger ana vicente said...

eheh!

na apanha da azeitona acho que não, mas participei naquela história do milho, que já não ma lembra o nome.

e jogar baseball com maçãs bravo de esmolfe? disso ninguém fala. eheh!

 
At 4/11/05 9:10 da manhã, Blogger ana said...

meu deus! basebol com bravo de esmolfe???
que sacrilégio!!

as galochas rosa choque são um must!

eu cá ontem tive o privilégio de passar pela terra dos meus verões, e fiquei com a sensação que qualquer dia me mudo não pro campo, mas pra praia! BUUUAAARRRRCCCOOOOSSSS!

 
At 4/11/05 11:47 da manhã, Blogger ana vicente said...

bravo de esmolfe foi só para o estilo. Não me lembra a marca... mas esta é a versão oficial: eram maçãs bravo de esmolfe, sim senhora!

e subíamos às árvores para comer abrunhos, apanhávamos minhocas para pescar peixes bebés, comíamos amoras, punham-se latas de spray a explodir, tentava-se acertar nas rãs com pedras, andava-se de mota e fumava-se o primeiro cigarro aos 7 prái. E eu afogava-me enquanto o meu irmão e o meu primo mais velho se riam. Um encanto.

 

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