segunda-feira, novembro 27, 2006

Pela escolha

"Lutando pelo direito à escolha, mas reconhecendo que a única escolha verdadeira é a escolha informada, os Médicos Pela Escolha querem dar às mulheres informação e liberdade para que possam viver plenamente."

Pela saúde das mulheres, pela sua liberdade, dizem SIM. Bem hajam!

Hoje apresenta-se o Movimento Médicos pela Escolha, às 17h00 na Sala Multiusos do Hospital de Santa Maria, em Lisboa. Deve passar no telejornal.

Força para eles! Pela coragem, pela determinação, pela causa, estou do vosso lado.

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quinta-feira, novembro 23, 2006

Leituras

Normalmente lemos um livro, ocasionalmente gostamos muito de um livro, raramente somos atropeladas por um livro.

Aconteceu com este, Um mIlagre de equilíbrio, da espanhola Lucia Etxebarria. Não sei que diga, a não ser que estou um bocado dorida, porque esta coisa de ser atropelada por um livro parece coisa simples, mas deixa mazela. E também que acho que vai haver muita botinha de Natal com o livro lá enfiado, lá isso vai. Apetece-me espalhar a palavra.

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quarta-feira, novembro 22, 2006

Dia em forma de buraco

Hoje faria 89 anos.
É o primeiro 22 de Novembro diferente de todos os outros. É uma espécie de dia em forma de buraco. Mas um buraco para preencher. Preencher da alegria das recordações, mas principalmente preencher da alegria da vida.

À medida que o tempo passa, a mulher permanece ainda mais um mistério. Não a avó que, à medida que o mesmo tempo passa, vai-se resolvendo dentro de mim, como reflexo da pessoa que sou. Mas a mulher torna-se um mistério. Como se, nela, nas suas relações desde o início, desde 1917 e antes disso, se entranhasse uma história por contar, a minha própria história, a história de todos os que por ela passaram, que nela viveram, que com ela viveram. Como se as raízes do que sou, agora aqui no computador, passassem inevitavelmente por ela.

Tenho saudades da avó, mas não é dela que sinto falta. A avó já lá está nessa minha constituição, uma avó excepcional, carinhosa e amorosa como as avós devem ser, mas melhor porque é a minha e porque me ensinou o afecto como ninguém. Sinto falta da mulher que nunca conheci, que se deixou esconder, que se fez esconder, que permiti que se escondesse. A mulher cujos anseios e desejos não conheci. Uma mulher que, passados todos estes anos, pudesse ver como par.

Não sei bem o que procuro, pois não sei o que encontraria. Mas algo me diz que a maturidade, ou a idade adulta ou lá o que é, passa por olhar para aqueles que estiveram sempre lá como avós, pais, irmãos, primos, tios, como pessoas nas quais nos podemos reconhecer para além dessa relação constituinte. Vê-las simplesmente. Não sei se é possível isso acontecer numa família. Não sei se há famílias que se conheçam para lá das suas relações de sempre. Famílias que corram o risco de se descobrir ou de se deixarem de esconder. O risco é grande demais. Deixar de se assumir certas coisas como garantidas. Forçar o olhar a ir mais além da dependência ou da habituação. Com que fim? A que preço?

Se a minha avó aqui estivesse, seria eu capaz de quebrar o mistério?

Preencho este buraco com alegria, porque a vida é amável, como escrevi mais abaixo. Porque novas criaturas, crianças, bebés, crescem à minha volta. Pessoas reais, essas novas criaturas, a quem não me posso permitir esconder. Pessoas a quem posso passar esse afecto que, um dia ou em muitos dias, fui aprendendo com ela. Pessoas a quem posso dizer, um dia ou em muitos dias, o que desejo e de onde vim, mesmo escapando-me a história não só da minha avó, mas de tantos outros que fazem parte da minha constituição. Por essas novas criaturas, essas crianças belas, pessoas tão disponíveis, correrei todos os riscos para que me possam ver.

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segunda-feira, novembro 20, 2006

Um desejo, uma promessa, uma oração, uma certeza

Nada é mais amável que a vida...

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domingo, novembro 19, 2006

Vai saber?*

"Ninguém se conhece bem a si próprio, e é preciso uma situação extrema para que descubramos o pouco que sabemos sobre nós mesmos. A sós, julgamos vislumbrar às vezes algo do nosso eu essencial - sou nervosa, sou sensível, nunca diria isto, nunca poria aquilo, nunca abusaria do outro, nunca conseguiria fazer uma coisa assim, nunca me sentiria atraída por esta ou aquela pessoa, nunca ultrapassaria os limites... -, mas no fim isto não passa de uma paródia íntima e quando menos se espera, na situação aparentemente mais quotidiana, descobrimos que todos os limites são ultrapassáveis. Vivemos mais ou menos felizes enquanto não sabemos o que somos, mas tudo quanto somos consiste no que não somos, porque nos enganamos sempre em relação àquilo que julgamos verdadeiro."

Lucía Etxebarria, Um milagre de equilíbrio



* O título deste post é roubado a um tema da Calcanhotto, que a Marisa Monte canta num dos seus últimos discos, "Universo ao meu redor", que é como quem diz vai-se lá saber...

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Post velho dos marretas (ou hoje estou de língua afiada, deu-me para isto)

Eu admito. Admito, pronto. Gosto de ver o programa das danças da rtp. Adorava ver o programa das canções e, agora, gosto de ver este. Tenho noção da piroseira, mas não quero saber. Gosto de vê-los dançar e gosto da ideia do desafio a que os concorrentes se propõem. Uma coisa estes dois programas têm em comum, além do formato concurso de pretensos talentos com júri avaliador e simpático, e é o que têm de pior: a apresentadora*.

Pois bem, a dita apresentadora, desde que apareceu em mil nove e trinta e dois no Top+, tornou-se a chamada "namoradinha de Portugal", tendo entretanto sido trocada por outras tantas, mas mantendo aquela aura especial do eu fui a primeira, eu sou a original. Na verdade, acho-a muito fraquinha como apresentadora e até muito fraquinha do ponto de vista estético. Vai cumprindo com profissionalismo, mérito lhe seja dado, tem inteligência e algum brilho, mas é tão irritante na sua pseudo entrega a Portugal e aos portugueses (telespectadores), que uma pessoa (neste caso eu) fica com a urticária sempre que nos pisca o olho. Nesse piscar de olho, a senhora reclama uma cumplicidade e uma empatia dignas de uma boa nora, de uma amiga de sempre, de uma confidente especial, de uma mulher de bom trato mas também de algumas loucuras bem aceites.

Rodopia, ó Catarina, rodopia, é o que ela deve ouvir, dos seus portugueses lá em casa, e assim vai rodopiando, entre a humildade (como se gosta desta palavra por estas bandas) e a vaidade de menina preferida em detrimento de todas as outras. Quero ser levada a sério, dizia há uns anos numa capa de revista, como se isso interessasse a quem já se casou com ela. Mas quer mais, sempre mais. Quer os portugueses lá de casa, os intelectuais, os críticos de cinema e de teatro, os músicos e os actores... quer-nos a todos, o reconhecimento dos pares, a admiração das meninas, o deslumbramento dos rapazes... quer ser a voz, o estandarte, o espelho, a cara, o exemplo, quando tem tão pouco talento e tão escassa diferença para oferecer.

Vamos lá a ver, ela faz bem, ou suficientemente bem, o seu trabalho, e por isso devia estar satisfeita, uma vez que há por aí tanta gente a fazer tão mal o que ela faz razoavelmente. Mas não está satisfeita, porque a vemos a querer estar na pista a dançar, na banda a cantar, no júri a avaliar, em casa a telefonar, no público a gritar. Ela quer ser muito mais, quer ser todos e assim mal consegue ser só um.

Passa apenas por uma miúda irritante que a maior parte das vezes é muito divertida por ser tão tolinha. Desde os famosos rodopios nos intervalos, em que gira sobre si própria de braços estendidos, até às calinadas no português (que são muitas acreditem), passando pelos gritos estridentes e a obsessão em tratar toda a gente por inha (ontem até a deputada Teresa Caeiro teve de levar com um Teresinha constante, como se fosse uma criança a quem estava a mimar, e uma variação entre o tratamento por tu e o você que nos deixou a todos confusos, ora eram as melhores amigas ora tinham acabado de se conhecer e nestas coisas há alguma formalidade), a mulher é um poço de animação. É tão boa nesse atropelamento, ou está tão à vontade, que há vezes em que gostamos dela simplesmente por isso. Ou por vermos como ela é tão dada a agradar, com toda a simpatia e esse largo sorriso à nossa espera, como quer que a amemos, que a vejamos na família, suspiremos pelo seu regresso, esteja ela a fazer missões pela ONU ou a dar à luz a mais bela criança que Portugal já viu, porque é dela.

Ao escrever, dou-me conta de como afinal gosto dela. Ela afinal não detém qualquer traço no carácter que a comprometa, nenhuma marca distintiva, nenhum assombro de inteligência, é apenas alguém de quem se gostar. E se calhar, tendo ela construído o seu nome e a sua imagem sobre essa base impenetrável de moça certa para levar à sala de estar e conhecer os pais, é por isso que não menciono o seu nome. No fundo, é a ela que não quero quebrar o coração, não fosse dar-se o caso de um motor de busca a levar aqui.

Por isso, insisto, com os portugueses lá de casa, rodopia, rodopia, que a gente ri, mas no fundo até gosta.


* Além das razões que apresento neste post, abstenho-me de mencionar o nome da senhora, porque não me está a apetecer que a pesquisa de um ENORME fã no google o traga a esta página e, a partir daí, desencadear um rol de insultos, cadeia de emails, etc. Não tenho paciência, toda a gente sabe quem é e assim poupo-me a filmes.

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quarta-feira, novembro 15, 2006

A chamada força de vontade

Meti na cabeça que ia deixar de fumar no final deste ano, uma promessa que tenho mesmo de cumprir. Quando pensei nisto pela primeira vez, a coisa ainda estava longe e não me preocupei muito. Entretanto fui-me mentalizando de que fumar é um hábito nojento que me vai matar lenta e dolorosamente. Bem sei que não é preciso grande mentalização para isso, pois é bastante anunciado, mas tem sido estrategicamente despistado pela minha percepção da realidade.

Bom, entretanto, a coisa, digo 2007, começa a chegar. E eu comecei a perceber (com a ajuda de uma pessoa ex-fumadora) que precisava de uma estratégia. Sempre fui daquelas fumadoras com o discurso de que só é necessária força de vontade. Pois devia ter ardido no inferno quando pensei tal coisa! O poder que reconheço à vontade humana, no meu caso, é apenas uma pretensão exagerada, que me obriga a falhar na minha vontade, porque lá está pelo meio esqueço-me do que é que quero mesmo. Não é que a vontade não tenha força, é talvez... indefinida... talvez esteja intoxicada com o fumo, não sei... Bem!

A verdade é que a mera antecipação já me está a provocar ansiedade e continuo a ingerir nicotina com todas as ganas possíveis. Hoje, no duche, imaginava perder o melhor cigarro do dia (não o que sabe melhor, mas o que mais desejo), o primeiro. O que abre as hostes! Caso não estivesse no duche, ia beijar o maço e pedir-lhe perdão...

Tenho uns 40 e tal dias para elaborar uma estratégia e segui-la ou, visto por outro ângulo, tenho 40 e tal dias para fruir ao máximo do cigarro... Hum... hum...

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domingo, novembro 12, 2006

A noite passada...




...foi assim, mas com um vestido muito, mas muito, mais bonito. Um concerto dos bons!

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sexta-feira, novembro 10, 2006

Má cara?

Já me disseram que tinha discurso de drogadita, de gaja que leva porrada, que estou com cara de messenger, branca, pálida, a morrer, mas esta nunca me tinham dito:

Estás com cara de quem comeu peixe estragado.


O que vale é que isto tem dias e na maior parte deles até estou com boa cara. E, graças a Deus, nunca disseram que a minha cara parecia a "parte de trás de um esquentador"*.


*Expressão da minha boa amiga para nomear gente muito feia.

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quarta-feira, novembro 08, 2006

Alcochete é uma terra linda! Ou o estilo da Lizinha.



Sim, Alcochete é uma terra linda. Um pedaço de campo, também com um pedaço do meu coração. Tem o rio, umas belas esplanadas, gente simpática, cavalos e outras coisas.

Alcochete tem também o Salão "Allian 2", talvez numa homenagem singela à saga dos Aliens, com a grande Sigourney Weaver. Talvez, talvez. Mas o salão "Allian 2" tem também este singelo anúncio na sua montra. E que belo anúncio, capaz de pôr qualquer pessoa com os cabelos em pé. Esperemos que seja só antes de lá entrar, porque depois do penteado bonito, da permanente feita, não convém nada estragá-lo com cabelos em pé.

Pois que nos diz a dita folhinha? Talvez que a brasileirinha seja melhor na estética do que na escrita do português. Pobre lizinha, que poderá ficar confusa com esta nota. Para ajudá-la e em homenagem à brasileirinha, aqui deixo a mensagem em português correcto (será?), tal qual como penso que será. Optei por tratar a lizinha por você, uma vez que não a conheço, e a brasileirinha também não deve ter a certeza.

"Estética, Depilação!
A brasileirinha

Com novos penteados, ó Lizinha, venha descobrir um estilo só seu! Ou faça o seu próprio! Com horas marcadas, para melhor a servir.

telefone..."

Ou o estilo é da lizinha ou ela ainda vai descobri-lo... fica no ar.

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terça-feira, novembro 07, 2006

Passeio pelo bairro

Saio de casa, deixando o telemóvel. Subo e depois desço até à Feira da Ladra (é terça-feira e das cinzas talvez), as bancas já a serem arrumadas, uma banqueira a chamar lindos a um grupo de rapazes bem-parecidos que tinham acabado de lhe comprar um cd. Portem-se bem, disse ainda. As bancas dedicadas ao haxixe, álbuns cujo nome era Charros. Um grupo de alemães na minha direcção e eu a atravessar-me no caminho deles. Subo pela linha do eléctrico, ouço as crianças no recreio bem guardadas, vou até ao miradouro, com turistas sobretudo e uma mão cheia de portugueses desocupados à hora de almoço. Está calor e estamos em Novembro. Bebo um café, fumo dois cigarros. Vejo a entrada das urgências do Hospital de S.José e penso como a dor é relativa, ainda há cinco anos ali entrei com a maior dor que julgava possível. Pago o café e hesito em entrar na Igreja. Parece-me de mau tom pedir forças a Deus nestas alturas. Mas decido-me a entrar. Esbarro com a porta fechada, olho para o céu e penso que será tempo de voltar, não vá a chuva reaparecer e molhar-me a roupa estendida. Compro tabaco de volta a casa. Na rua do sol, há bombeiros e polícia municipal, provavelmente mais uma ameaça de derrocada de um dos inúmeros prédios velhos que cercam o do luxo recuperado. O dia está bonito. Regresso a casa, vejo o correio. A chuva começa a cair um pouco depois...

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domingo, novembro 05, 2006

Post vão

Ao despir o vestido, senti um misto de alívio* com nostalgia.
Apesar disso, o meu lado excêntrico** compensa sempre. A bicha louca que há em mim rivaliza com sucesso com a discreta intelectual que é preciso ver através dos óculos. E, no final da noite, já planeava o próximo devaneio, olhando de soslaio para as calças pretas que iria usar no dia a seguir. No fundo, dizia-lhes que eram da minha total confiança, mas já não me levavam ao céu e aquele brilho particular que lhes reconhecera em tempos tinha-se desvanecido.


* O alívio foi mais a descalçar as botas. É ainda demasiado cedo para o cano alto. E não é que um saiote faz calor como tudo?
** Entenda-se excêntrico como uma variação intrínseca ao estilo vicentino, cuja principal regra é usar tudo como se fizesse parte e nunca como uma máscara. Por mais absurdos que possam parecer os acessórios ou as peças de roupa, o importante é nunca tomá-los como estranhos. Nunca se tome o estilo vicentino como um dado adquirido ou balizável. Nunca! Ainda não viram nada...

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quinta-feira, novembro 02, 2006

Não é assim tão fixe, não...

Esta história do Ikea ir abrir uma fábrica num local onde ia ser uma reserva florestal, que afinal de um dia para o outro já não é reserva coisa nenhuma, é de facto chocante. Nesse aspecto, concordo com o João.

Mas mais chocante ainda é uma pessoa deslocar-se lá a meio de um dia útil e aquilo estar apinhado de gente. Pior ainda é o artigo que procuramos estar esgotado.

Quer dizer... uma pessoa assim junta o útil ao agradável, não ter de se deslocar à loja porque o artigo mais barato está esgotado e consciência social! Embora este útil não seja nada útil, porque não vou encontrar em lado nenhum um beliche tão barato.

E o que é que se passa com a obsessão com as almôndegas, não são assim tão boas, pelo contrário. Estou deveras chateada, já vos digo! Se vão fazer fábricas em ex-futuras-reservas, é bom que melhorem o serviço... que é como quem diz, por favor, ponham lá a merda do beliche que eu não tenho dinheiro para mais!

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