Tempos
Como é que antigamente, antes de haver carros e carroças, as pessoas andavam de um lado para o outro?
Esta foi a pergunta. Fácil a resposta. À partida. A pé ou a cavalo ou num burro...
Mas e quando não havia animais...
Tururu, fácil, fácil. A pé, se não havia animais, andavam a pé...
Mas então quando essas pessoas estavam com pressa ou atrasadas para chegar, o que é que faziam?
Pronto, safo-o a ele com a resposta balbuciante e lixo-me já eu agora a mim com perguntas. Dantes as pessoas não tinham tanta pressa em chegar aos sítios... as distâncias eram diferentes para eles. Quando estavam atrasadas, não estavam tão atrasadas como nós... o tempo era muito diferente do tempo de agora...
Entre gaguezes minhas, perdeu o interesse. E eu pus-me a pensar em como ele, e também eu já agora, nascemos num tempo em que a noção de pressa e de atraso estão quase sempre presentes. Já acordamos a correr. Chegamos ao sítio antes ou depois do combinado, por diferença de mais ou menos minutos, telefonamos para fazer o status report da nossa localização actual, pomo-nos em marcha, seguimos os horários, tentamos cumpri-los, aceleramos, fazemos tempo.
Pus-me a pensar em como a vida, de tão rápida, não passou a ser mais longa, nem sequer mais curta. De como minutos nos podem impacientar em oposição aos anos de paciência de antigamente. Em como perdemos a esperança se não recebemos um sms no tempo certo e em como era possível esperar meses por uma carta.
Pus-me a pensar no amor e como a urgência podia durar uma vida, ou umas quantas nossas. Pus-me a pensar no tempo e apeteceu-me descansar um bocadinho.
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