terça-feira, outubro 31, 2006

Tempos

Como é que antigamente, antes de haver carros e carroças, as pessoas andavam de um lado para o outro?

Esta foi a pergunta. Fácil a resposta. À partida. A pé ou a cavalo ou num burro...

Mas e quando não havia animais...

Tururu, fácil, fácil. A pé, se não havia animais, andavam a pé...

Mas então quando essas pessoas estavam com pressa ou atrasadas para chegar, o que é que faziam?

Pronto, safo-o a ele com a resposta balbuciante e lixo-me já eu agora a mim com perguntas. Dantes as pessoas não tinham tanta pressa em chegar aos sítios... as distâncias eram diferentes para eles. Quando estavam atrasadas, não estavam tão atrasadas como nós... o tempo era muito diferente do tempo de agora...

Entre gaguezes minhas, perdeu o interesse. E eu pus-me a pensar em como ele, e também eu já agora, nascemos num tempo em que a noção de pressa e de atraso estão quase sempre presentes. Já acordamos a correr. Chegamos ao sítio antes ou depois do combinado, por diferença de mais ou menos minutos, telefonamos para fazer o status report da nossa localização actual, pomo-nos em marcha, seguimos os horários, tentamos cumpri-los, aceleramos, fazemos tempo.

Pus-me a pensar em como a vida, de tão rápida, não passou a ser mais longa, nem sequer mais curta. De como minutos nos podem impacientar em oposição aos anos de paciência de antigamente. Em como perdemos a esperança se não recebemos um sms no tempo certo e em como era possível esperar meses por uma carta.

Pus-me a pensar no amor e como a urgência podia durar uma vida, ou umas quantas nossas. Pus-me a pensar no tempo e apeteceu-me descansar um bocadinho.

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sexta-feira, outubro 27, 2006

1 ano

Quem diria? Ainda não é desta que acabo.

Parece que foi ontem que o naperon se guardou na gaveta.

Do bombazzine, posso dizer que se vai fazendo. Uns dias com mais estilo que outros, mas definitivamente sempre com ar coçado.

Parabéns a mim e aos que me vêm visitar.

Sede bem-vindos a este novo ano!


P.S. gandas cores hein?

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quinta-feira, outubro 26, 2006

Apaixonado?

Ontem, pisca um olho, depois os dois, depois o outro, sem parar, pisca, pisca, pisca. Eu comecei pelo reconhecimento "uau já piscas tão bem os olhos" até ao já não te posso ver piscares os olhos, versão "pára que ainda fazes mal aos olhos".

Piscadela final com os dois olhos, suspendendo as mãos no ar.

Tirei uma fotografia, diz-me.
Eu reforço a ideia, sim podem tirar-se fotografias assim, ficam gravadas na cabeça.
Para sempre, afirma sem qualquer dúvida, retomando com há uma que tirei que está sempre a aparecer, com a X (não posso revelar o nome, pois é uma criança desconhecida, pelos vistos coleguinha mais velha) só muda a parede atrás, mas é sempre a mesma.

Pelos vistos, a tal da miúda mais velha conta sempre muitas histórias a caminho da escola no carro. E ele delicia-se, está visto. E tem a fotografia dela gravada na cabeça, mudando apenas o cenário atrás.

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quarta-feira, outubro 25, 2006

As coisas que me saem da boca

Ele (muito interessado na possibilidade de vir a aprender a ler e a escrever) - Depois tens de me ensinar uns truques para eu aprender.

Eu (muito ciente das minhas responsabilidades e contra o facilitismo) - A primeira coisa que tens de aprender é que não há truques.

Menos um ponto para a gaja porreira que dá dicas. Estarei a tornar-me chata?

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terça-feira, outubro 24, 2006

Fria fria

Hoje vinguei-me de todos os velhinhos que ontem me fizeram esperar na Estação de Correios: passei-lhes à frente no Centro de Saúde.

Quem os mandou meterem-se comigo? Hein? Hein?

Velhinho - Ui ui, vou pagar a minha conta da luz nos Correios.
Ana Vicente - Conheço o médico, pfffff!

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segunda-feira, outubro 23, 2006

Écanãoentendo

Ontem, no cinema, antes de começar o "Balbúrdia na Quinta", passou o anúncio da PT dos Gato Fedorento, na íntegra aqui. Os miúdos todos (ou quase... o meu só se riu) que estavam na sala começaram a entoar em coro as falas do anúncio. Mas com os timings certos e tudo. "É pá, cum catano! Vai buscar!" Foi impressionante.

Hoje de manhã, consegui finalmente ir aos correios antes das 9h30, e a Estação já estava completamente cheia de velhinhos e velhinhas, que devem ter imensas coisas para fazer durante o dia e por isso vão logo cedinho, não vão os trabalhadores por conta de outrém chegar antes deles à Estação e roubar-lhes o lugar. Por mim, tudo bem. Levantem-se às sete, comprem pão, vão aos correios e corram para casa para ver a Praça da Alegria.

É nestes momentos que percebo qual é a minha idade e quais os meus afazeres. É que os velhinhos foram pagar a conta de luz, eu fui levantar uma multa das finanças. Por outro lado, se têm crianças sensíveis a mortes de animais humanizados embora adorem o "Tom e Jerry", não as levem a ver o dito filme, porque são bem capazes de ter de sair a meio.

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sexta-feira, outubro 20, 2006

Lá vamos nós - post meio cuspido

No dia em que médicos se associam para fazer campanha pelo sim (boa, vasco, parabéns!), no dia a seguir a ter sido aprovado a porcaria do referendo (bora mas é andar com isto já), alguns dias passados depois de o governo anunciar que gays casados, ui, lá para 2009 (e as próprias associações gays e lésbicas dizerem que não é assim tão importante), há que afirmar mais uma vez:

Vamos lá avançar com isto. Pôr a vida como ela é vivida dentro de outras vidas vividas de forma diferente. Não nos vamos esquecer que o nosso papel é esse, é viver com os outros, é mostrar-lhes quem somos. Todos todos. Eu cansei, não de ser sexy, mas de menosprezar assuntos cruciais.

O que nós precisamos, o que eu preciso, o que Portugal precisa é de revolução. Revolução de mentalidades.


E aqui fica uma sugestão...

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quinta-feira, outubro 19, 2006

Estado geral de graça



Passei muito tempo em casa dos meus avós. Dias e dias seguidos até fazer 3 anos e ir para a escola. Depois, sendo o Externato "O Bambi" mesmo ao pé da casa deles, almocei lá sete anos seguidos e, nas férias grandes, o tempo que não estava no Algarve ou na terra era preenchido pela casa grande da Rua das Trinas, com correrias (incêndios, derrubes de plantas, assaltos à caixa das bolachas,...) e idas ao Jardim da Estrela. Depois saí do Externato, fui para o ciclo, e a casa da outra avó era o local onde pousar o almoço, com tardes intermináveis passadas no sofá a imaginar, a imaginar e a imaginar. Lá para o Décimo ano voltei para as paragens da Lapa e voltei aos almoços e tardes em casa dos meus avós nas Trinas. Depois disso, a assiduidade naquela casa, que me permitia ser a única neta com chave para entrar sempre que quisesse, tornou-se menos constante. E em breve tornei-me visita da casa, em vez de parte da mobília.

Bom, este é o preâmbulo para o post. Nestes anos todos de convivência e permanência junto à minha avó, uma das suas características distintivas era o "efeito melhoral". O melhoral era um medicamento que ela tomava sempre que tinha qualquer tipo de dor e melhorava sempre. Durante anos, enquanto foi mais independente, podia ignorar todos os outros comprimidos receitados pelo médico, mas o melhoral lá ia sempre. Nunca vi mais ninguém no mundo tomar o dito comprimido, mas naquela casa nunca faltava uma embalagem. Depois o melhoral desapareceu. Provavelmente porque os filhos dela (os meus tios e a minha mãe) o tiraram de lá. Não havia controlo para aquilo, tomava os que quisesse e deviam ser autênticas bombas para o estômago. Reumático, dor de cabeça, fosse o que fosse, melhoral com ela. O remédio perfeito para tornar a vida mais fácil.

O melhoral não desapareceu. Ainda existe, como constatei aqui. E soube finalmente que tem a mesma composição da aspirina, e embora com um nome mais eficaz e básico (como eu gosto) menos credível.

O melhoral desapareceu simplesmente da minha vida. Primeiro, sem que eu me desse conta. E agora de forma evidente. Ontem, lembrei-me do comprimido e como era solução para todas as maleitas, elogiado pela minha avó como o melhor de todos. Era um mito, hoje é apenas uma aspirina. Mas uma aspirina com poderes mágicos, uma aspirina que só a minha avó conhecia.

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terça-feira, outubro 17, 2006

Vida doméstica

Um dos inconvenientes de viver sozinha é a ausência de termo comparativo. E se, em situações de limpeza e arrumação, isso acaba por ser uma vantagem, em questões de ruídos estranhos, é claramente uma desvantagem.

Ontem, comecei a ouvir um tal de ruído estranho a sair dos armários da cozinha, ou do exaustor, por aí. Um ruído de pancada seca, como se estivesse qualquer coisa viva do outro lado. Ainda imaginei qualquer coisa enfiada numa conduta, mas achei estranho que não emitisse qualquer ruído do género cricri ou piupiu, o básico de um ser vivo entalado. Basicamente parecia um duende a bater, com pouca força para falar. Normalmente não me assusto com essas coisas, a não ser que suspeite que possam ser ratos. Odeio ratos e a minha história com eles não é pacífica. Já matei um à vassourada e meia dúzia deles em ratoeiras. Mas é das memórias mais horripilentas a que posso voltar. Bruxas e monstros não me assustam nada nada nadica.

Comecei a pensar que fosse um rato. E entrava na cozinha com pudor e muito alerta. Não tendo ninguém a quem me agarrar, nem ninguém a quem me fazer de forte, nem ninguém a quem dizer isto não é nada ou vice-versa, dei por mim de sobreaviso contra qualquer ataque. O som vinha de tempos a tempos, sem qualquer regularidade. Bem que podia bater nas portas dos armários, que a dita coisa nem se mexia. Era só quando queria. Depois de 20 minutos de "oh meu deus, vai-me aparecer aqui um bicho e eu vou ter de matá-lo", decidi descontrair. Fui jantar, bebi um copo de vinho. E, quando voltei à cozinha, de vassoura na mão e aos saltos, decidi assustá-lo. Escolhi o inglês entre o sotaque do Schwarzenegger e o sotaque indiano para ser mais credível e disse: "I'm a very bad person! I kill animals!".

Aparentemente resultou. Não para a dita coisa, que continuará a ser um mistério até se revelar. Mas, para mim, funcionou perfeitamente. Tanta palhaçada fiz à volta daquela cozinha que era impossível ter medo. Só mesmo vontade de rir e um sentimento de invencibilidade semelhante ao de quando saio de um filme de acção, principalmente com super-heróis.

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segunda-feira, outubro 16, 2006

Bons ouvidos

Há disco novo dos The Gift a 30 de Outubro. O single é em português e pareceu-me bem fixe. Além disso, há concerto dia 10 de Novembro no Olga Cadaval e eu estou lá, olarilas se não estou.

Outros que prái andam são os Oioai, com a canção Sushi baby que eu acho bem engraçada. E têm uma divulgação muito simples pelas ruas da cidade, que desperta a atenção, além de terem um site com boas ideias. Amo-te mais água que as torneiras é o meu verso favorito.

Música portuguesa, oba, oba, boa!

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sexta-feira, outubro 13, 2006

Sensibilidades e o bom senso do costume

Há dias, há semanas, há meses que, aqui e ali, me diziam "tens de ver o L word". Ouvi e ouvi isto durante algum tempo, até ao pontapé final. Ontem, lá me predispus a ficar acordada até à meia-noite e meia para ver o raio das lésbicas. Como parêntesis e citando o Bolila, uma pessoa põe-se a pensar se se diz a um heterossexual "é pá tens de ver aquela série, as personagens são todas heterossexuais como tu", mas pronto, há que louvar uma série sobre o tema, com tanto sucesso junto de tanta mulher heterossexual, e marcar presença à meia-noite e meia, na Dois. Ufa, fim de parêntesis!

Bom, cheguei a casa do cinema, sentei-me em frente à tv e esperei. Aquele conceito de que a Dois não tem publicidade é uma grande tanga, porque só por ser "institucional", não deixa de demorar tempo e ainda por cima está mais mal feita. Antes da dita série* começar, passaram apresentações de dois programas diferentes: "Arte e emoção"; às 19h de sábado, e "Coutos e Coutadas", às 19h30 do mesmo dia. O primeiro é sobre tauromaquia, festa brava olé, e o segundo, em estreia absoluta, é sobre caça e "todas as suas envolventes", pumpum, aponta aí para o bicho. Ao ver aquilo, enquanto esperava pela série, pensei se teriam escolhido o target certo (o que espera a dita série) para divulgar tais programas. Pensei também em quem é que vê um programa sobre caça... Mas quem sou eu, afinal? Simplesmente alguém que estava à espera de uma série de lésbicas. Enfim...

Mas, antes do "L word" começar, colocaram o aviso "este programa contém cenas que podem eventualmente chocar a sensibilidade de alguns espectadores... yada yada" e lá se seguiu a bolinha. Fiquei a pensar nos Coutos e nas Coutadas, naquela arma toda ao sábado à tarde, nos touros a marrar e a sangrar, e como o que fere a minha sensibilidade está longe de ferir a alheia, e vice-versa. Mesmo sendo eu um calhau, que não se impressiona nem com os touros nem com as caçadas nem com duas mulheres a beijarem-se. Mas terão aqueles programas bolinha? Serão aconselháveis à sensibilidade das crianças? Ou o que obedece à tradição não choca e deve ser veiculado? E o que quebra a tradição deve ser veiculado depois da meia-noite e com muitos avisos e preparações, não vão os bons costumes se insurgir?


* Não fiquei com grande opinião formada sobre a série. Pareceu-me uma série americana, com a qualidade do costume. Pelos vistos, também não vou formá-la, porque vai terminar hoje.

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quinta-feira, outubro 12, 2006

Oh Não! Mais um daqueles posts de auto-análise!

Cara nº1
Ideal para usar com a avó.
Sorridente. Ligeiramente tímida. Constante uso de expressões como "pois", "isso é que era". Está sempre tudo bem com a Cara nº1. Cumpre e não tem opinião. O máximo possível de expressão não conciliadora é "entendo, mas às vezes...", que só intervém em caso extremo.
Cara em desuso, em vias de extinção. Já não fica bem o papel de nulidade social, em situações sociais.

Cara nº2
Ideal para o local de trabalho.
Cara de má, carrancuda, enjoada. Constante uso de expressões como "não sei se vai ser possível", "isso não estava previsto", "é sempre a mesma coisa". É tudo sempre excessivamente aborrecido para a Cara nº2. Tem sempre coisas muito mais importantes para fazer. Todos à volta são impecilhos para atingir os objectivos superiores da Cara nº2, que, caso parassem de chateá-la, era bem capaz de salvar o mundo. A Cara nº2 recorre muito ao ar pensativo, às vezes sublinhado com a frase "deixa-me pensar sobre isso".
Cara constantemente utilizada, especialmente às segundas, sextas, e a partir do meio-dia e das cinco da tarde todos os dias úteis.

Cara nº3
Ideal para amigos light e saídas à noite.
Ri alto. Piadas espirituosas em catadupa. Cara de "sou ou não sou uma pessoa estupidamente espectacular?". A Cara nº3 está sempre disponível. É um ombro amigo e tem sempre um bom conselho. Igualmente conciliadora, é no entanto capaz de ser sarcástica se a piada for suficientemente boa para o justificar. Todos querem ser amigos da Cara nº3, o que dá muitas vezes à Cara nº3 uma leve sobranceria perfeitamente equilibrada com um piscar de olho cúmplice.
Cara amplamente utilizada sempre que se está aborrecida. É uma cara que se auto-diverte.


Todas estas caras tentam passar única e exclusivamente uma coroa. O sucesso depende obviamente do grau de empenho de quem está a olhar.

Coroa
Pessoa fascinante e perturbadora.

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quarta-feira, outubro 11, 2006

Avisem a ONU

Ontem, nem de propósito, lá fui eu reabestecer-me de perfume. Não sei se já aqui falei da minha tendência de me vaporizar excessivamente todas as manhãs, mas também não interessa. Já assumi e agora só compro frascos grandes. Desta vez, decidi marcar na agenda o dia, para perceber afinal quanto tempo dura nas minhas mãos um frasco de 100 ml do meu perfume. A julgar pelas dúzias de frascos vazios que tenho lá por casa, a média parece ser 2 meses/100 ml. Nem vou fazer contas aos ml diários, mas de qualquer modo vou tirar tudo a limpo.

O que aconteceu ontem de inesperado e com consequências ainda desconhecidas foi o seguinte: na perfumaria tinham uma oferta especial - na compra de 100 ml e de um vaporizador, enchiam-no com um perfume à escolha. Ora, como podia resistir? Tenho agora a minha, própria e única, vaporização portátil. Sempre disponível, sempre à mão, a possibilidade de me lançar perfume. Eles não sabem no que se meteram.

A minha boa amiga virou-se para mim e disse assustada: "oh meu deus*, deram-te uma arma!". Ah pois, só espero que seja uma arma da paz.



* O "oh meu deus" é mero artifício ficcional, pois ela não é lá muito crente.

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terça-feira, outubro 10, 2006

Face a face

Dos rostos vivos aos seus restos mortos, ficam uma dúzia de linhas que, embora não nos possam passar o essencial das suas vidas, dão-nos um vislumbre do que pode ter sido aquele momento de antecipação da morte. E é, ao mesmo tempo, inquietante e tranquilizante, se é que se pode utilizar aqui esta palavra.

Amor-te é uma exposição que está patente na Mãe d'Água, no Jardim das Amoreiras, em Lisboa, até 28 de Outubro. Ao visitá-la, estamos a apoiar a AMARA - Associação pela Dignidade na Vida e na Morte. Ao visitá-la, estaremos, provavelmente, a mexer num fundo qualquer que custa despertar.

Não tenho muito a dizer sobre a exposição, a não ser que é imperdível. E que o seu sentido, possivelmente o seu sentido mais assustador e verdadeiro, é o de a olharmos como um espelho. Um espelho que reflecte o mais certo que há em nós, o mais negro, o mais fundo e que, com sorte, poderemos olhar com paz.

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segunda-feira, outubro 09, 2006

Canção por acaso

Quando ontem à noite apanhei esta canção na rádio, pensei que o acaso tem sentido de humor. E ainda bem.




E à Rita Lee, nunca falta bom humor... bom humor psicadélico para dar cor ao amor como ele devia ser e às vezes é. Talvez por acaso.

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sexta-feira, outubro 06, 2006

Inveeeeeeja eu?

Quando a amiga ciganita, que está de férias no Brasil, manda um sms a dizer "parece que para a semana vamos ter um jantar com a calcanhotto", e não tens dinheiro para comprar uma passagem para o Rio de Janeiro para estares lá na dita noite, resta apenas um pensamento "oh meu deus! oh meu deus! oh meu deus!" repetido no mínimo três vezes, o que dá nove meus deuses, o que é prova de grande fé.

A minha secreta esperança é que a palavra "mufla" encante a Calcanhotto, ela faça uma canção de embalar infantil através da Partimpim, e que fiquem todos muito amigos, para quando ela cá vier, toca de ir comer batata recheada à Alameda.


(se este post parece não ter qualquer sentido, perdoem-me, mas que posso fazer? ela vai jantar com a calcanhooooootto!)

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quarta-feira, outubro 04, 2006

Posso voltar para a cama, posso?

Tudo começou quando estava a limpar-me depois do banho. De repente, ocorreu-me a dúvida. Estava molhada, isso era claro. Já estava na banheira há muitos minutos e tinha levado com muita água em cima. Mas será que tinha realmente tomado banho? Olhei para o champô e para o gel de banho. Pareciam tão alinhados. Tentei reconstituir o banho na minha cabeça. Nada! Não me lembrava de nada, além dos pensamentos cíclicos que tenho pela manhã. Suspirei, fechei a cortina e voltei (ou terei começado) a tomar banho. Desta vez com toda a certeza, bem desperta, dos gestos que estava a fazer. Foi o champô para o cabelo, o gel para o corpo. Sim, tomei banho.

Devia ter desconfiado. Devia ter previsto que perder quase meia-hora na casa-de-banho de manhã, porque não se tem a certeza se se tomou ou não banhoca, é um sintoma de completa inaptidão para construir o dia em todos os seus passos. Lá me vesti em câmara lenta, lá preparei o almoço do miúdo (estou a torcer por não ter trocado nada), lá o acordei, alimentei e vesti. A caminho do carro, consegui articular um raciocínio sobre o 5 de Outubro e a importância da República para a democracia em geral, enquanto ele tentava perceber o que raio era essa coisa e ainda a monarquia e mais não sei o quê que eu lhe disse.

Pois que depois me enganei no caminho pela primeira vez na vida. E o trânsito da baixa aumentou os meus níveis de stress ao ponto de querer gritar com todos os condutores, mesmo com o puto ali. E finalmente a chegar, com uns míseros 10 minutos para estacionar o carro, encontrei um primeiro lugar aliviada, mas ao estacionar toca de bater num pilar do passeio. De tal modo que o carro nem precisava ficar travado, estava para todo o sempre apoiado na estrutura verde. Lá tive de raspá-lo mais um bocado para tirá-lo dali e, não aguentando a vergonha, fui procurar outro lugar. E quando achei que o encontrei, afinal era demasiado pequeno, mas eu já estava entalada entre os dois carros, o pneu semi-colocado em cima do passeio, a nova frente direita (nova, porque verde do raspanço) a sair para sorrir para os eléctricos que passassem. Bonito! Lá saímos nós. E a caminho, decidimos que se calhar era melhor voltar ao método antigo, sem ser eu a levá-lo à escola. Até ele reconheceu.

Esgotada, deixei-o à porta, atrasado 3 minutos. E, compreendendo a exaustão, entrou sem problemas, porque já bastava de atrasos e confusões.

De volta ao carro, um casal de velhinhos veio em meu auxílio e consegui tirar o carro com meia dúzia de pessoas à porta dos estabelecimentos a olhar.

Ao menos, tenho a certeza que tomei no mínimo um banho!

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