A essência das quatro estações está na transição entre elas. O conceito
meia estação é rico por isso. Não está calor, mas também não está assim tanto frio. Chove, mas sabemos que não será por muito tempo.
Hoje acordei com o som da chuva a bater na janela. Sorri, virei-me para o outro lado, meio incrédula, e voltei a adormecer. Mas o sorriso estava lá. Quando me levantei, o pátio parecia uma piscina. A roupa estendida estava encharcada, ficando ainda mais quando, ao tentar trazê-la para dentro, deixei cair o estendal (plof!) no meio da piscina. Desentope a piscina, quer dizer o pátio, e ala para o roupeiro olhar para a roupa de Inverno. Ai, a camisinha, que contentamento. Muita roupa desaparecida. Um dos mistérios das mudanças de estação é a roupa perdida...
Não há nada como o primeiro dia de chuva. O primeiro dia em que se percebe que definitivamente o verão acabou e podes esquecer o chinelo. É como o primeiro dia de praia. Não podes deixá-lo passar nem ficar a dormir.
O chapéu de chuva ficou no carro, obviamente. E 50 metros até ao veículo são suficientes para me encharcar dos pés à cabeça. Entro o mais rápido possível no carro, sacudo-me e continuo toda contente. Escapo ao trânsito, porque o meu caminho não tem filas nem é afectado pela greve do metro. Chego muito antes do que é normal, há imensos lugares. O sol não me tem feito levantar.
Esta chuva é purificadora, anuncia o começo de novos tempos. Esta chuva, a continuar, será objecto de saturação e, em duas horas, já não vou aguentá-la mais. Mas agora esta chuva é do melhor que há...
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