terça-feira, fevereiro 28, 2006

Conto de Carnaval

Este ano, a artéria carótida decidiu mascarar-se de sentimental, a coronária vacilou com a falta de cinismo e a aorta quase entupia. Os dois ventrílucos ficaram caladinhos e o septo interventricular deixou de ser microfone dos bonequinhos.

Mas o coração não parou de bombar. Pelo contrário. Estava mais vivo que nunca. As veias pulmonares acusaram algum romantismo, mas nada que os pulmões não aguentassem, graças ao cigarrinho decadente que assegurou alguma distância de tanta pulsão.


O miocárdio diz que até o viu sambar... mas a válvula tricúspide diz que isso é um devaneio da cerveja.

segunda-feira, fevereiro 27, 2006

A 13 de Maaaarço...

Saem 2 (DOIS!!!!!) cd's novos da Marisa Monte.
Com ela, pus tantas vezes a mão na ferida (qual dedo, a mão toda) que não posso esperar. Ela é terra, é drama, é antítese de razão. É excesso, é desmedida, é paixão. É corpo, é à flor da pele, é contágio.
Enquanto não chega o samba, aqui vai esta letrinha que tanto mexe hoje comigo.


Ao Meu Redor
Marisa Monte
Composição: Nando Reis

Ao meu redor está deserto
você não está por perto
e ainda está tão perto
Dentro dessa geladeira, dentro da despensa e do fogão
Dentro da gaveta, dentro da garagem e no porão
Em todos os armários, nos vestidos, nos remédios, num botão
Por dentro das paredes, pelos quartos, pelos prédios e no portão
Até no que eu não enxergo
Até mesmo quando eu não quero
Eu não quero
Dentro da camisa, no sapato, no cigarro
na revista, na piscina, na janela, no carro ao lado
No som do rádio eu ouço a mesma coisa
o tempo inteiro, em fevereiro, em janeiro, em dezembro
Ao meu redor está deserto
Tudo que está por perto



E são tantas tantas tantas mais canções que inspiram essa visão de reconhecimento, que acho que ainda vou deixar umas quantas na caixinha de comentários... VIVA! VIVA!

Levarei a mal?

Este carnaval, pus-me a repensar o natal quando o puto decidiu que, em vez de tocar, ia... desmontar a bateria.

neste momento, estamos sem prato, pois o "pau" que o sustenta caiu inadvertidamente para dentro do bombo (será este o nome do tambor grande que se bate ao pedal?) quando estava a ser desmontado...

não, tudo bem... está tudo muito bem... lojas de ferragens preparem-se para a minha visita no próximo natal...

domingo, fevereiro 26, 2006

(a)variações

Entre escavadelas ponho-me a desenhar mapas, mas já sei onde está o tesouro.

sábado, fevereiro 25, 2006

Lost in translation VII

No carro, eu, o puto e o K.

O puto pergunta qualquer coisa ao K. Ele olha para mim e diz-me, com o seu sotaque venezuelano: amigaaa, vais ter de traduzir. Eu traduzo. O K responde-lhe. O puto pergunta, com o seu sotaque do Porto, sopinha de massa: o quêêêê? Eu traduzo para o puto.

Ao fim de meia-hora, dominam a linguagem universal e entendem-se como só quem os conhece, individualmente e/ou em conjunto, pode compreender.

Dúvida existencial*

Assassino ou não assassino a gata na ausência da prima?



* só para assustar a Inês, caso ela me leia em Madrid... ou toda a gente sabe que o melhor alibi é o pré-anúncio do crime (o quê? acham mesmo que eu ia assassinar a gata depois de ter ameaçado fazê-lo?! serei assim tão estúpida?)... resultou no Instinto Fatal... pss pss, ei kitty kitty, psss pssss...

sexta-feira, fevereiro 24, 2006

Orgulho choque

O meu irmão tem uma touca rosa choque para usar na piscina, onde faz natação.
Quando a comprou, pensava que era vermelha. Depois, apercebeu-se que não. Que era, de facto, rosa choque. Não trocou a touca, nem comprou uma nova, não viu necessidade. Ok, tenho uma touca rosa choque, tudo bem, pensou. É preciso dizer aqui que o meu irmão é muito macho?

Ao que parece, as pessoas da piscina que frequenta têm uma opinião diferente. Parece que, quando o meu irmão passa, há um certo frenesim nervoso, uns certos risinhos, umas tais de graçolas. Parece que é conhecido como aquele que tem uma touca rosa choque. Ora, o meu irmão, para quem ter uma touca rosa choque não era tão fixe como ter uma vermelha, passou a orgulhar-se bastante da sua touca. Quando o puto de seis anos lhe disse ahahah, a tua toca é cor-de-rosa, ele respondeu e depois? e ao que parece não houve grande argumentação.

Disse-me ele que, desde que percebeu que isso perturbava as pessoas, não quer outra coisa se não uma touca rosa choque. Di-lo com tal convicção e desprezo que quase que aposto que, em caso de danos, volta a comprá-la rosa choque. O meu irmão é muito macho, já vos disse? E estranhamente tem muito orgulho da sua touca rosa choque.

E eu, já agora, também.

Arco-íris

A natureza decidiu encenar o mais extraordinário dos cenários, só para que nos pudéssemos ver ao espelho.

quinta-feira, fevereiro 23, 2006

Típico equilíbrio no desequilíbrio

Aproveitar a hora de almoço para arrastar-me pelo Parque das Nações com um six-pack de leite para crianças numa mão e dois maços de tabaco na outra, e ainda o desodorizante no bolso para poupar sacos de plástico. Outra variação possível seria um six-pack de bohemias numa mão e uma embalagem de cerelac na outra.

Máxima da véspera

Uns sonham, outros facturam. E outros fodem-se.

Trincheiras

Não posso «arrotar» que sou feliz, quem pode?, mas vivo hoje muito satisfeito com o que tracei, com o que desenhei para a minha vida. Tratei sempre de fazer das dificuldades, e da minha solidão, uma trincheira. Não me recolhi.

Fernando Lemos, entrevista publicada na Pública de 29 de Janeiro de 2006

quarta-feira, fevereiro 22, 2006

Visita nº4 - Quase

O quarto tinha as paredes pintadas de amarelo.

Mas ainda não é já que faço o meu ninho.

Vida de gata

A actividade principal cá de casa nos últimos dias tem sido afastar à vassourada os gatos vadios que andam a perseguir a pobre da gata para a consumação do amor. Não a minha actividade principal, mas a prima não perde uma vassourada.

A mitra (que já foi dionísio, quando achávamos que era um gato, e depois passou a dionísia e agora definitivamente mitra depois de ter sido adoptada, muito a meu contragosto, insista-se, cá por casa), coitada, anda a trepar paredes. Aquilo é um miar, uma roça roça, um martírio, uma guincharia insuportáveis. Não fosse dar-se o caso de o raio da gata (ou a natureza, ou lá o que é) se opor tanto à satisfação das suas necessidades básicas e também ao facto de ser bem certo que estes gatos aqui das redondezas não usam qualquer método contraceptivo, e estar-me-ia borrifando para as aventuras sexuais desta recém-chegada ao mundo do cio.

Mas a verdade é que a gata, ao invés de dar livre freio à consumação, anda numa resistência, que já deve ter dado arranhadela de meia-noite, que esta gataria ferve tudo em pouca água, afinal é só uma fodinha e vai cada um para seu lado e depois os outros que aí vêm que se desenmerdem. Mas não. Esta gata não está com os azeites. Quer e não quer. Precisa mas não, não, afinal não. O pior é que nem sequer é uma questão de vontade, deve ser um jogo pré-fabricado geneticamente que os impele a todos a esta violência. E os gatos vão apertando o cerco. Ainda agora, há instantes, lá eles se sacudiam. E a mitrinha pelo meio.

Bem sei que feminismos não são para aqui. Longe de mim repudiar qualquer liberdade sexual. Mas há aqui uma evidente oposição de vontades. Se, por um lado, bem que desejo que a mitra se solte nestas andanças selvagens de sexo no pátio, por outro sinto-me impelida a protegê-la da selvajaria que estes gatos lhe impõem. Pois que a prima andou a investigar, ou alguém lhe disse sei lá, que não só a coisa mais parece uma violação (basta vê-los e ouvi-los, senhores), como acaba sempre com uma patada forte do gato sobre a gata, para afastar o resto dos gatos. A lógica deste testemunho escapa-me, pois não é então o cio que atrai os gatos? Ou é uma questão estética? Ah, não, aquela cheira-me bem, mas está entrevadita, não me parece. Pois, não sei. O que sei é que o mijo destes gatos espalha-se de tal modo pelo pátio que o cheiro se alastra cá para dentro e já tenho recados para acender velas, não para afastar o mau-olhado mas para ver se acabamos com este malfadado (e malfodido) cheiro. Ah pois, agora fumo cá dentro, pois fumo, quero lá saber, porque o cheiro do tabaco é bem mais agradável.

Entre considerações sobre a merda de vida das gatas durante o cio, que isto não é vida para ninguém, consegui no entanto chegar a alguma conclusão existencial proveitosa. Mérito, claro está, para a minha prima, dada à psicanálise, entre outros assuntos antropológicos. De vassoura na mão, e apontando com tristeza para a mitra que se esfregava como se não houvesse amanhã no chão do pátio, largou estas belas e sábias palavras:

"Olha para aquilo. Nós ao menos conseguimos disfarçar melhor."

Pois, de facto, ao menos isso. Parafraseando-a, de que nos queixamos nós? Olhe-se para a mitra.

terça-feira, fevereiro 21, 2006

post em falta

.


























tenho a sensação que aqui devia estar escrito qualquer coisa.

Com amigos assim...





...nunca faltam ideias, nem oportunidades para gritar ao mundo o quanto são bons, talentosos, especiais e o quanto me orgulho de andarmos todos por cá!!!!!

Bem Vinda, margapinta (ciganita e pronto!). Ponham o olho nisto e já agora a mão também. Vai, miúda, dá-lhes!!!!!!

domingo, fevereiro 19, 2006

Quem tem cão, tem medo?

Ele (depois de me ter contado um "segredo") - Não podes falar disto a ninguém. Só às pessoas das minhas casas...
Eu - Está bem.
Ele (enumerando-me essas pessoas uma à uma) - Não podes contar a mais ninguém, ok?
Eu - Ok. E ao J., posso?
Ele - Não, ao J. não. Porque ele depois vai contar ao cão dele e eu não quero que o cão saiba.



Moral da história:
Não se confie numa pessoa com um cão.
ou
Não se confie em alguém que tem animais domésticos.
ou ainda
Os cães não são de confiança.

Em conversa

"Não é nenhuma vergonha ser-se feliz; vergonhoso é ser feliz sozinho"

Albert Camus

Chuva? qual chuva?

Solar*

Cedo ou tarde
De manhã
Sem destino
A pino é total
Ribanceiro
Devagar
Vai já volta
Não quer ficar
O teu sumiço acorda sem ver
Todas as luzes
Sem sol
Que há
Cedo ou tarde
Sem parar
Vejo você


Domenico+2, "Sincerely hot"


* ou uma daquelas que só ouvindo se percebe.

A tradição já não é o que era?

Domingo sem crianças é o antípoda do verdadeiro domingo. No entanto, e estranha e paradoxalmente, é também o mais verdadeiro dos domingos.

Começa-se a fazer o almoço às 2h30. Faz-se quantidades para 10 pessoas embora sejam afinal só três e duas delas preferem salsichas em vez do teu maravilhoso arroz de lulas. Bebe-se vinho em demasia ao almoço. Encostamo-nos no sofá apenas com uma coisa em mente. Fumam-se uns quantos cigarros desnecessários. Pensa-se o que se faz com o tempo. Apenas com uma coisa em mente.

Abre-se o "local" do Público e procura-se a sessão de cinema perfeita. Faz-se um ou dois telefonemas. Recebem-se outros tais. Decide-se o filme, ainda apenas com uma coisa em mente. Levantamo-nos. Bebemos café no bairro.

Vai-se ao cinema e espera-se companhia para o jantar.

Gosto desta noção de família. Vaga, esparsa, mas ao mesmo tempo tão real, tão inequívoca e com intersecções tão bem delineadas.

sexta-feira, fevereiro 17, 2006

Bolila aos molhos




Começa já este fim-de-semana!!!!!!

Go Bolila go!

quinta-feira, fevereiro 16, 2006

sem título*




*ou:
- Enquanto espero.
- As árvores também anseiam a primavera.
- A espera não é a morte.
- A espera é doce.
- "Quanto mais eu te quero, mais sei esperar"
- Já estive mais longe de subir a uma árvore.

Estão a ver o género?

Almoço de domingo. Pais, tios, primos. Os miúdos a brincarem no jardim. Chegam-me o miúdo (o meu puto, quase 5) e a miúda (quase com 4 anos e minha doce priminha) e dizem-me, primeiro ela, com a sua vozinha de porcelana delicada, "eu quero brincar às bonecas e o d. quer jogar baseball".

Ri-me. Olhei para os dois e pensei "bonito, anda para aqui uma pessoa a falar da coisa dos géneros, blábláblá, mas estes pirralhos, tão pequenotes, já estão a sentir o embate de sexos". Virei-me para eles e disse: "têm de decidir se querem brincar juntos ou não. ou chegam a um entendimento ou brinca cada um para seu lado. o que é que preferem?". Viraram-me as costas a resmungar, insistindo cada um na sua brincadeira. Passado uns cinco minutos, volta ele a correr.

"Tive uma ideia. Vamos brincar a jogadores de baseball que brincam com bonecas"

Fiquei tão orgulhosa... jogadores de baseball que gostam de brincar às bonecas... que espectáculo! Rejubilei e disse "Boa! Grande ideia!". Ele saiu a correr e, passado uns momentos, já estavam era a brincar a subir montanhas e a acampar no topo. Na mesma cama, é claro, que isto do embate é sempre relativo.

terça-feira, fevereiro 14, 2006

Abraço da felicidade*

Esta noite, eu e o meu amigo K. decidimos comemorar o melhor que há no dia de S.Valentim, o amor. Em Alfama, entre uma garrafa de Monte Velho, dois bacalhaus espirituais e duas pataniscas, conseguimos trocar mais confissões de amor que um casal atrás de nós.

Metade do jantar, o dito casal esteve a trocar insultos e, claramente, conseguiram ali, à frente de uma dúzia de pessoas, acabar a relação. Gritos, meio calados, choros, meio convulsivos, fizeram o prato do dia do casal. Há que dizer que não podiam ter escolhido melhor o dia... não fosse dar-se o caso de eu e o K termos um amor para celebrar, o nosso e o de cada um, e ainda teríamos acabado por discutir.

Não foi o caso, não senhor, pois o nosso amor está para durar... e a discussão ferve de outra forma.



* foi a prenda de S.Valentim do meu grande grande amigo. Rodopiou-me pelo ar em plena Sta. Apolónia, como já não era desde os tempos de criança... Um grande bem hajas, meu menino.

A ironia do rrromance









porque hoje parece que é dia de s.valentim...

segunda-feira, fevereiro 13, 2006

O par mais romântico do cinema desde as Pontes de Madison County




E eu que já tenho chapéu de cowboy...

flop

Ao contrário dos meus maiores receios, pedi uma abadia (duas até, só para confirmar) e não é que não aconteceu nada? Nem cavalos a entrarem pela porta, nem paredes a caírem com abades a passarem tresloucados com copos de cerveja na mão... não percebi. Deveria ter pedido o meu dinheiro de volta? Não vivi uma experiência radical da idade média...

Ainda por cima, a cerveja é cor-de-laranja e não ruiva. E tem um saborzeco... pfffff.

(fiquei tão feliz por me manter fiel à minha bohemia)

domingo, fevereiro 12, 2006

Projecção? (ou a minha costela de evangelista)

"(...)
Amava era amar
Amava Leonor
Menina de cor
Amava as criadas
Varrendo as escadas
Amava as gurias
Da rua, vadias
Amava suas primas
Com beijos e rimas
Amava suas tias
De peles macias
Amava as artistas
Das cine-revistas
Amava a mulher
A mais não poder
Por isso fazia
Seu grão de poesia
E achava bonita
A palavra escrita
Por isso sofria
De melancolia
Sonhando o poeta
Que quem sabe um dia
Poderia ser"*

Quando o puto se põe vidrado a olhar para esta canção do show, fico na dúvida. Será do desenho animado ou ele está mesmo a perceber?


*"O poeta aprendiz", de Vinicius de Moraes e Toquinho, interpretado por Adriana Partimpim, no show.

sábado, fevereiro 11, 2006

Anedota V

Num casting, as palavras acumulavam-se à porta tentando chamar a atenção. O sentido, responsável pela escolha, chumbou-as todas por falta de expressão e acrescentou:

- Voltem quando ganharem corpo, se faz favor.

obrigada

A propósito deste post, enviaram-me este link.

Porque, às vezes, há coisas que podem mudar. Vale a pena ir ver. Cliquem sem medos, apenas com um pouco de estômago.

quinta-feira, fevereiro 09, 2006

Visita nº3 - Mistério insondável?

Em automático, sem fé ou convicção alguma no que estava a fazer, segui as senhoras da remax até à tal da casa.

Pontos a favor iam emergindo lentamente:
- uma rua catita, mesmo não sendo na Graça;
- o vizinho velhote de roupão vestido à porta da rua;
- os azulejos do prédio;
- as escadas estreitas;
- a vista para o castelo;
- a chaminé enorme, fálica, no meio da vista, como se fosse um acessório retro para meu bel-prazer;
- as divisões com o tamanho perfeito.

Mas, no fundo no fundo, tudo fez um clique quando vi as janelas. Por mais atributos extraordinários que a casa tenha, foram as janelas do quarto que me conquistaram. Estreitas mas plenas de luz e sempre abertas para o céu. Aproximei-me, toquei na janela, saiu-me um "gosto das janelas". A senhora começou a falar da recuperação, não sei mais o quê, mas já não a ouvia. Só pensava na luz a atravessar-me por aquelas janelas e de como eram muito melhores do que qualquer espelho gigantone.

Vou lá voltar, àquela casinha pequenina com janelas perfeitas, não há dúvida.

terça-feira, fevereiro 07, 2006

Inversão proporcional

À medida que eles crescem, os beijos vão sendo cada vez mais difíceis. Sacodem-nos para longe como prova da sua firmeza e independência. Há momentos, raros cada vez mais raros, em que eles nos puxam para um abraço mais forte e apertado. Esses são momentos de ouro, inestimáveis. No resto das ocasiões, frequentes cada vez mais frequentes, sempre que se quer dar um beijo, é necessário tornar esse acto numa brincadeira gigantesca. Só assim faz sentido estarmos a esganá-los com mimos.

A boa notícia é que, à medida que eles crescem, é cada vez mais difícil acordá-los. Começam a fazer ronha, a acumular preguiças, a terem mais noitadas. Ora, a boa notícia reside que, sendo mais difícil acordarem, é mais fácil dar-lhes beijos sem ser a esganá-los. Podemos ficar minutos seguidos a dar beijos repenicados como se de um bebé se tratasse. A sentir-lhe o cheirinho, o quentinho do pescoço, a adorá-lo simplesmente e sem chegas para lá.

E até suponho que seja um mais agradável acordar para ele, qual bela adormecida, mas na verdade, cá no fundo no fundo, sei que é principalmente um esplendoroso acordar para mim. E que aqueles beijos são um dos últimos redutos, secretos muito secretos, a que tenho direito.

mania da perseguição

O raio da miúda incitou, está incitado (atenção à resposta da sandera - brilhante!). Manias de quem está com sono, pois bem:

1- Passo-me com cheiro a fritos. Eu até fico no restaurante, mas quando saio fico meia-hora a cheirar-me por dentro da camisola e a chatear a pessoa do lado, dizendo insistentemente "ficámos a cheirar a fritos" e o resto do tempo finjo que não estou a pensar nisso. Por isso, suponho que tenho a mania que tenho de cheirar sempre bem.

2- Tenho a mania de deixar uma niquinho de nada no fim do copo ou da chávena. Líquidos ingeridos até ao fim do copo, só vinho ou cerveja. Tudo o resto, fica lá no fundo.

3- Tenho a mania de dizer sim.

4- Tenho a mania que sou a melhor condutora do mundo.

5- Tenho a mania de escrever listas de coisas fundamentais a fazer e depois deixá-las nos bolsos dos casacos ou das calças. A mania das listas inúteis portanto.

6- Tenho a mania que as regras não se aplicam a mim e por isso continuo com esta listagem, mesmo tendo sido só requerido 5 manias.

7- Tenho a mania de que é hoje que me vou deitar cedo e isso nunca acontece.

8- Tenho a mania de defender os meus amigos mais próximos como se se tratasse de um assunto meu.

9- Tenho a mania de dizer amanhã trato disso.

10- Tenho a mania de dizer que a hetero ou homossexualidade é apenas um conceito assente em dois E's: estatística e estética. Tenho a mania, portanto, de dizer que essas pessoas não existem.

11- Tenho a mania de não parar.

12- Tenho a mania de que tenho muitas mais manias.

13- Tenho a mania de gostar do número 13 e, por isso e pela mania 5, em vez de convidar 5 bloggers a responderem a este catálogo de manias, convido antes os meus leitores a fazerem-no livremente aqui na caixinha de comentários.

Obrigada à ana e aos leitores.

segunda-feira, fevereiro 06, 2006

Sobre a saudade

A saudade, no fundo, é uma sublimação do amor. Quanto mais longe está o objecto amado, maior se faz essa sublimação, já que ela é uma forma de se conviver com o tempo do corte, de curtir esse tempo.
(…)
A expressão «matar saudades» é terrível e bem grosseira, tem de ser logo à porrada que se tenta resolver a situação. Inventada pelos brasileiros seria diferente, qualquer coisa como «vamos curtir saudades». Que desagradável que é para o outro, ser ou objecto amado, dizer-se que queremos matar saudades dele. Somos foscos nestas formulações, estamos sempre mais à vontade no lusco-fusco.

Fernando Lemos, entrevista publicada na Pública de 29 de Janeiro de 2006

domingo, fevereiro 05, 2006

Ele voltou!!!!!!

Chegou ontem. Vou buscá-lo daqui a duas horas para ficar comigo. Falámos ao telefone quando chegou.

Eu - Então? Já estás em Lisboa.
Ele - Sim.
Eu - Que bom! Estás contente?
Ele - Sim.
Eu - Tenho tantas, tantas, tantas, tantas, tantas, tantas, tantas saudades tuas. Amanhã vou-te buscar e vamos ficar juntos. Que bom!
Ele - Sim! E depois podemos ficar juntos o tempo todo que quiseres.
Eu - Ai que bom! O tempo todo que eu quiser.
Ele - Eheh... enganei-te! Não é o tempo todo que tu quiseres. É só metade. Vamos ficar juntos metade do tempo que tu quiseres. Eheh, enganei-te.

Daqui a duas horas, vou apertar o puto como se não houvesse amanhã. Metade está muito bem.

sábado, fevereiro 04, 2006

Coisas que não consigo evitar

A vida é como uma corda De tristeza e alegria Que saltamos a correr Pé em baixo, pé em cima Até morrer Não convém esticá-la Nem que fique muito solta Bamba é a conta certa Como dança de ida e volta Que mantém a via aberta Dançar na corda bamba Não é techno, não é samba É a dança do ter e não ter É a dança da Corda Bamba Salta agora pelo amor Ele dá o paladar Mesmo que a tua sorte Seja a de um perdedor Nunca deixes de saltar Se saltares muito alto Não tenhas medo de cair (baby) De ficar infeliz Feliz a cem por cento Só mesmo um pateta feliz Dançar na Corda Bamba Não é techno, não é samba É a dança do ter e não ter É a dança da Corda Bamba





de um só trago.

sexta-feira, fevereiro 03, 2006

Que! Medo!!!!!

Como é sabido, gosto mesmo de beber a minha bohemia. Agora apareceu a Abadia, da SuperBock e eu pensei bom, tenho de experimentar esta ruiva.

Mas a verdade é que não consigo*. Tenho medo, medo real, que experimente e tudo à volta se transforme num cenário de Idade Média. É que não me dá jeito nenhum. É cavalos, que me metem medo como tudo, é abades esquisitóides, problemas de higiene, doenças, bruxas a serem queimadas por dá lá aquela palha. Xiça, não tenho assim tanta curiosidade! Haja Bohemia contemporânea.




*e também porque tenho esta característica bem reeedícula de estabelecer uma relação emocional com as marcas.

You go girls!

Teresa e Helena parecem nomes de personagens de ficção. Eu pelo menos imagino assim. Teresa e Helena, isto e aquilo.

Elas, este senhor e outras pessoas estão a fazer aquilo que é preciso. Estão a lutar, a dar a cara, a escolher, a afirmar. Estão na verdade do seu caminho. E, igualmente importante, neste momento representam um dos casos que nos vai permitir a mudança em Portugal.

Orgulho-me delas. Por mim, por aquilo que acredito e que sou, mas principalmente por aquilo que quero.


Estando-me cagando se pareço pretensiosa ou não, arrogante ou não, tenho de dizer, no entanto, como, apesar de esta luta ser fundamental, ser afinal tão ultrapassada na minha visão de vida e até no meu modo de vida. Como é possível ainda estarmos a discutir isto, quando as coisas mais essenciais da sexualidade vão hoje para além da heterossexualidade ou homossexualidade?

Obviamente, este último parágrafo é um aparte. O mais fundamental é o reconhecimento público da possibilidade de haver casamentos homossexuais. O mais fundamental é o reconhecimento de poder. É por isso que não "interessam" os lobbies, interessa a lei. Interessa a expressão. Agradeço a essas mulheres, agradeço a toda a gente que se recusa a ficar calado depois de levar uma mangueirada do vizinho, agradeço a mim, pelos putos todos que estão a crescer agora e pela sociedade que quero, para mim e para eles.

quinta-feira, fevereiro 02, 2006

Coisas que não mudam

Em trabalho, faço uma pesquisa no google com a palavra "massagens" e metade são links para prostituição. Tal qual os anúncios de jornal.

Venha o world wide web, a globalização, a tecnologia, a oferta básica mantém-se.

Control freak II

Uma das coisas que mais me fascina na rádio é o facto de os locutores, quando começa a música, falarem sobre ela até ao limite da voz começar a cantar.

Adorava ter um equipamento (semelhante, mas interno) que me permitisse fazer o countdown preciso para abrir a boca no momento perfeito.

quarta-feira, fevereiro 01, 2006

Agora escolha IV



Louras?






Ou deuses?




A propósito da estreia ontem da série Empire Falls, com estes dois (Robin Wright Penn e Paul Newman) e muitos mais. Hoje há mais na RTP 1!