quarta-feira, novembro 30, 2005

Venho sempre coradinha!



Em casa da minha boa amiga, nunca falta uma bohemia para mim. É caso para dizer que a vida é "mais boa" sempre que estou com ela! Bem hajas e muito obrigada!

(nunca deixes de ser quem és eheheheh)

terça-feira, novembro 29, 2005

A 23,05€

As minhas mãos tremiam. Engoli em seco. As lágrimas quase despontavam dos olhos. Parecia um sonho. Dali a poucos minutos, quem sabe alguns segundos, iria libertar-me de algo que me perseguia há quase dois anos.

Inseri os 15 caracteres com delicadeza. Afinal, um erro era possível. E não queria estragar o momento. Não podia estragá-lo. Devia-o a mim mesma. Pois bem, seguiram-se os 23,05€ e cliquei na palavra mágica, continuar.

Abruptamente, sem nada o fazer esperar - Porquê, Deus? Porquê? - abriu-se uma pequena janela com as palavras mais terríveis que me poderiam dirigir. Referência Inválida. Tentei uma e outra vez. Até me julgar pitosga ou analfabeta ou simplesmente com um problema motor. O número era aquele, estava correcto. Os algarismos seguiam-se no seu encadeamento, sem mácula.

Referência Inválida? Como Referência Inválida? Pois não teria eu na mão um documento oficial do Ministério? Das Finanças, ainda por cima? Mais, da Direcção-Geral dos Impostos! Poderiam ter-se eles enganado? Teria sido pelo facto de ter sido eu, voluntariamente, a pedir o documento de pagamento para poder efectuá-lo sem demora? Estaria eu mais à frente que a própria lei?

Foi boa enquanto durou a sensação de que, finalmente, estaria com todas as minhas dívidas ao Estado encerradas, mas desvaneceu-se à velocidade de um refresh de Banda Larga. Estou ainda a 23,05€ de ser uma adulta responsável, uma cidadã cumpridora. 23,05€ me separam da legalidade, mantendo-me ainda neste território vil que é o dos incumpridores. Terei de continuar a viver com a palavra Negligência, estampada que está como motivo dos meus atrasos.

Esta podia ser uma noite boa, santa até, não fosse dar-se o caso de 23,05€ me bloquearem o caminho. Ah, vida de adulto, quão terrível és para esta delinquente!

Para corações pós-pós-modernos

Acredita. Acredita sempre. Evita o cinismo. Se não conseguires evitar, ouve esta canção bem alto. Tens 3 minutos e 36 segundos para te auto-comiserares. Depois pára.

Walk Away

I swapped my innocence for pride
Crushed the end within my stride
Said I'm strong now I know that I'm a leaver
I love the sound of you walking away
Mascara bleeds a blackened tear
And I am cold
Yes, I'm cold
But not as cold as you are
I love the sound of you walking away

Why don't you walk away?

Why don't you walk away?
No buildings will fall down
Why don't you walk away?
No quake will split the ground
Why don't you walk away?
The sun won't swallow the sky
Why don't you walk away?
Statues will not cry

Why don't you walk away?

I cannot turn to see those eyes
As apologies may rise
I must be strong and stay an unbeliever
And love the sound of you walking away
Mascara bleeds into my eye
I'm not cold
I am old
At least
As old as you are

As you walk away?

As you walk away
My headstone crumbles down
As you walk away
The Hollywood wind's a howl
As you walk away
The Kremlin's falling
As you walk away
Radio Four is STATIC

As you walk away

The stab of stiletto
On a silent night
Stalin Smiles
Hitler laughs
Churchill claps
Mao Tse Tung
on the back


Franz Ferdinand, You Could Have It So Much Better

Há almoços de graça

"Como eu costumo dizer, toda a gente tem uma oportunidade na vida".

Disse-me, como costuma dizer, o meu pai, depois de almoço. A propósito da vida, do trabalho, da motivação, da felicidade, sei lá, de tudo.

A diferença de idades não se mantém estanque, ao contrário do que possamos pensar. Vai diminuindo à medida que os anos passam. Acontece isso com os meus pais e eu. Tenho o privilégio de ter uns pais que aprendem com os filhos. Uns pais que acreditam nos filhos, mesmo quando eles fazem, ou são, o contrário daquilo em que eles acreditam.

Tenho aprendido também com eles. Sempre aprendi. É aqui que a diferença de idades diminui. Já somos todos mais crescidos.

Este post é para eles, mas principalmente para o meu pai, que me deu mais um (a conta já deve ir nos 44.546.298.736, só para contar com os almoços) almoço de graça e a sua visão de vida. Que me faz falta. Que me fará sempre falta. Que me dará sempre uma perspectiva diferente, sempre que estiver preparada para ouvir.

Contra o choque de gerações, generation gap à portuguesa, marchar marchar. Que é como quem diz, baixa as resistências, aumenta a disponibilidade. Eu sinto-me preparada.

segunda-feira, novembro 28, 2005

Lost in translation V

Ainda a propósito de palitos, perguntei ao K se conhecia a expressão meteu-lhe os palitos. Disse-me que não. Eu disse-lhe: diz-se quando há uma traição.

Ele responde-me: é páááá, então a senhora do restaurante traiu-me!

Não, não, amigo!
Meteu-lhe os palitos é traição com o cônjuge. E continuei... pôs-lhe os cornos, encornou-o, meteu-lhe os chifres, chifrou-o, empalitou-o, decorou-lhe a testa....

Se alguém quiser ajudar-me, exemplificando com outros motivos de ornamentação da cabeça, faça favor.

Grandes ideias

Palito Cotonete

Limpeza total. Fale bem, ouça ainda melhor!

Lost in translation IV

Ao almoço, o K usou a linguagem gestual comum para conta (o célebre riscar no ar de uma caneta invisível) e a empregada trouxe-nos... palitos.

Assim como consigo convencê-lo que fala realmente português? Até os gestos têm sotaque.

(E que belo sotaque...)

Lost in translation III

Do you mean 'prove me' or 'taste me'?

domingo, novembro 27, 2005

Uma questão de confiança

Nunca se consegue provar nada a ninguém. Nem mesmo as demonstrações de verdade nos conseguem levar a alguma conclusão que não estejamos predispostos a aceitar. Não há argumento válido para a descrença ou para a crença. No fundo, no fundo, na ciência, no amor, na religião, na arte, só acreditamos em seja o que for se quisermos de facto acreditar. É assim a natureza humana, toda a construção à sua volta depende exclusivamente de um acto de vontade e de um acto de fé.


Isto a propósito de Proof, mas também a propósito de muitas outras coisas. Serve-me de pretexto o filme, agora em cartaz, que nos traz de volta a mal-amada Gwyneth Paltrow e nos presenteia de novo com o carismático Jake Gyllenhaal (gosto do gajo).


O filme é a adaptação para cinema da peça de David Auburn, que esteve em cena em Portugal em 2003, com estreia no Teatro da Trindade, e que assisti.
Na altura, gostei do texto, mas fiquei, como sempre aliás, mais impressionada com a representação de Ana Brandão - uma das grandes actrizes da sua geração (adoro dizer estas coisas foleiras). Entre ela e Gwyneth, prefiro não escolher. A Catherine da Brandão era muito mais feroz, muito menos pobre coitada do que a de Paltrow, mas isso também é uma marca desta última. Eu gosto da loura, devo confessar, e estou contente por ter regressado. Mas ninguém rosna como a Brandão, ah isso não.



Para ter confiança, serão precisas provas? Às vezes, pergunto-me isso. Já tive provas de que não podia confiar em alguém. Mas para confiar, que provas necessitaremos? Nunca basta a verdade. Parece ser preciso primeiro estar absolutamente (seja o que for que isto queira dizer) confiante em si mesmo para inspirar confiança nos outros. É preciso ser também um pouco cego a todos os indícios e a todas as provas, pois não me parece que elas tenham grande valor quando se trata, simplesmente, de acreditar.

Boa boca


Pastéis de massa tenra do Frutalmeidas - Avenida de Roma ou Saldanha Residence.

Quem consegue resistir?

sábado, novembro 26, 2005

É impressão minha...

ou nas discotecas as pessoas procuram-me, vêm ter comigo, e ficam o resto da noite nas minhas costas a dar-me cotoveladas?

Se calhar é impressão minha. Também há pessoas que julgam sempre que estão na fila com mais trânsito. Mas, que raio?, se ontem no Tóquio eu não era a mais procurada para um valente empurrão, que me caia já agorinha mesmo qualquer coisa em cima.

Notinha especial para o fenomenal facto de ter ouvido pela primeira vez na vida os Clã numa discoteca (mas também já não ia para aquelas bandas desde o tempo em que o Cavaco ainda não tinha começado com os tabus - estou a gozar! nem sequer me lembro de ter existido algum tempo em que o homem falava). Clã e pronto! (e outras coisas que eheheheheh will rock you)

Acordar

Acordei há pouco. Não dormi o suficiente, mas saltei da cama com uma vontade antiga de ver desenhos animados, como se não tivessem passado 20 anos pelo meio. Coisa bizarra e invulgar, mas garanto-vos absolutamente correcta.

Senti-me em casa.


Depois, ouvi a vizinha a bater num dos nossos pequenos amigos do lado. Foram dois minutos que pareceram 2 horas. Ele chorou e ela gritou, mas agora está tudo em silêncio.

Já não tenho vontade de ver desenhos animados. E preciso sair de casa rapidamente. Ou simplesmente voltar para a cama.

sexta-feira, novembro 25, 2005

Espalhem a notícia*

A minha amiga Sara de Castro faz hoje anos. Muitos parabéns, gaja (acho que foste a primeira com quem me deu gozo dizer esta palavra)! Como sabes que te amo, vou mas é deixar-te aqui uma cançãozinha de eleição e que tanto gosta(mo)s de cantar no karaoke. Este é o momento mais piroso do bombazzine, estou tão contente.

that's what friends are for

And I
Never thought I'd feel this way
And as far as I'm concerned I'm glad I got the chance to say
That I do believe I love you

And if I should ever go away
Well then close your eyes and try to feel the way we do today
And than if you can't remember.....


Keep smilin'
Keep shinin'

Knowin' you can always count on me
for sure
that's what friends are for

In good times
And bad times
I'll be on your side forever more
That's what friends are for


Well you came and open me
And now there's so much more I see
And so by the way I thank you....


Ohhh and then
For the times when we're apart
Well just close your eyes and know
These words are comming from my heart
And then if you can't remember....Ohhhhh


Keep smilin'
Keep shinin'
Keep smilin'
Keep shinin'
Keep smilin'
Keep shinin'



(Stevie talking)
Mmmhmm thats what friends are for mmmhmm yea


Stevie Wonder



* título roubado ao Godinho, porque afinal mulher bonita és tu, xiça!

quinta-feira, novembro 24, 2005

A próxima bond girl

Vai ser esta senhora.






Mas diz que tem de ser muito, mas muito, má.

















Eu posso garantir que ela tem sido muito, mas muito, boa.

Eufemismos

"Dan: At six, we stand round the computer and read the next day's page, make final changes, put in a few euphemisms to amuse ourselves...
Alice: Such as?
Dan: ?He was a convivial fellow? - meaning he was an alcoholic. ?He valued his privacy? - gay. ?He enjoyed his privacy? - raging queen.

Alice: What would my euphemism be?
Dan: She was... disarming.
Alice: That's not a euphemism.

Dan: Yes, it is."


Closer

Post de gaja dura

O meu coração recebe bem as desilusões.
A verdade sai do quarto e a realidade é servida à mesa.
E o coração fica bem preparado para as visitas mais doces.

quarta-feira, novembro 23, 2005

Garganta seca

Ontem, o médico imberbe que me diagnosticou algo viral fez-me pensar num médico mais rijo (um tal dermatologista de um certo filme). E, para não me deixar entrar em mais securas, apreciem a virilidade da barba.

Ana Está Tudo Bem Vicente

Comigo está sempre tudo bem logo a seguir a estar tudo mal. Não resisto à força que me puxa para a paz, para o bem-estar, para o prazer. Ou, visto por outro ângulo, quero curar-me tão rápido que, na precipitação, intensifico as mazelas.

Sinto-me um pouco melhor da garganta, puxo do cigarro.
Já consigo levantar a cabeça da almofada, vou trabalhar.
Sinto-me menos zangada ou triste com alguém, bora encontrar-nos.
Deixámos de ser amantes? Investimos na amizade.
Um bocadinho ressacada? Puxo da cerveja.
...


Estico-me um bocado.
A precipitação é um dos meus talentos escondidos. Tenho tendência para me precipitar. Não gosto de deixar as coisas como estão, deixá-las tomar o seu tempo, percorrer o seu caminho, fecharem-se. Não, não, não, sigo em frente. E está tudo bem. Tem de estar sempre tudo bem.

Às vezes, resulta. E, quando não resulta, penso que para a próxima vai resultar. Vai ficar tudo bem.

terça-feira, novembro 22, 2005

De molho

Entre a cama e o sofá, sob o efeito de paracetamol, arrasto-me para aqui apenas para desejar, com todas as forças (que me restam) e com todo o amor, muitos, muitos parabéns à minha avó, que hoje conquista 88 anos à vida.

Magnífica.

segunda-feira, novembro 21, 2005

A favor da inutilidade

Segundo esta notícia, as universidades vão ser avaliadas pelas saídas profissionais que os seus licenciados encontram.

Bonito!

Como detentora da licenciatura mais inútil para o mercado de emprego, deixo aqui a minha grande e redonda e inequívoca e furiosa língua de fora!

Se eu quisesse ir trabalhar, trabalhava! Não precisava de uma licenciatura para isso!

Como se a criação de uma "elite" licenciada devesse ser feita à medida de necessidades de um certo tempo, de um certo governo, de umas necessidades pontuais.

O ministro diz que não quer fechar universidades, mas haverá algumas que terão de mudar completamente. Já estou a imaginar... Só aprendes francês se quiseres ser diplomata. Filosofia? Não estamos a precisar nos quadros... Literatura... O Miguel Sousa Tavares já deu um contributo para a leitura, deixemo-nos disso.

E pior é imaginar aquela malta das universidades a tentar provar que tem cursos úteis. Útil? Útil? Se quisesse ser útil ia para África, não tirava uma licenciatura!

Língua de fora e é já!

Guitarradas




Há uns anos valentes que não comprava um disco de rock. Que me terá dado?
Ah, as guitarradas são dançáveis, é isso! E rockalhada aos pinotes em frente ao espelho é outra coisa.

You could have it so much better, dizem eles.

sábado, novembro 19, 2005

Dia D ao quadrado barra AV desconjuntada

Este é um post de uma sobrevivente... leia-se como tal.

Junte-se um d de Dinis (o puto, a criança, o miúdo tem nome) e um d de Duarte (o amigo de toda a vida com mais 2 anos) e depois apareça um A (de ana) e um V (de vicente) e o resultado é: AV é doida varrida por ter decidido ficar com os dois sozinha no mesmo dia.

Tudo começou inocentemente, como sempre começa com AV (é um dom que ela tem), quando, perante a possibilidade de juntar os dois amigos D já há tanto tempo desencontrados, disse as palavras mágicas que a trairam: Eu posso ficar com ele (Duarte). E o cenário era perfeito na minha cabeça. Cinema ao fim da tarde, jantar calmo em casa e o soninho descansado das crianças. O que poderia correr mal? Afinal, não foi ontem AV ver o "Flightplan - Pânico a bordo"? O que é um programinha de sábado com duas crianças deliciosas face à tragédia de um desaparecimento/rapto/atentado de uma criança de seis anos? Se a Jodie consegue salvar toda a gente, vencer os maus e dar beijinhos no final à miúda, não serei eu capaz de levar dois putos ao cinema, dar-lhes jantar e pô-los na cama? Tudo isto pensou AV com um sorriso magnânimo.

Faço agora uma pequena pausa para recuperar o fôlego, estou um pouco cansada.

No cinema, o cenário era enternecedor. Os 4 casacos que levava na mão, mais a mala, os bilhetes, as pipocas e ainda cada um dos D's de cada lado, não eram motivo de desmorecimento. Até o facto de estar uma escola com 20 miúdos mais 200 pais e respectivos filhos me divertiu. Ahahah! Não fui a única a ter esta bela ideia, pensou AV. Com o seu novo casaco e chapéu, detentora de um estilo inabalável, obviamente era a única que se aventurara a ir sozinha ao cinema com duas crianças. Ah, que belos foram aqueles 90 minutos no escuro do cinema, que tranquilos, que ternos. As crianças, as belas crianças.

Findo (ou finado) o filme (grande banda sonora a do "chicken little", devia ter tomado o I will survive como um sinal), ala para casa. O facto de quererem ir a correr à minha frente desenfreadamente não me desmotivou, pois (ó vaidade!) estava longe de imaginar o que se seguiria. E o que se seguiu, perguntam vocês, com certeza já um pouco alarmados ou ansiosos ou até mesmo angustiados, o que se seguiu? Pois bem, meus amigos, vos direi: NADA! A seguir, nada se passou, a não ser umas horas normais com dois miúdos com 4 e 6 anos. Mas, aqui estou eu a dizer-vos que não sei como sobrevivi e, afinal, a sanidade não é assim tão importante.

A porrada. A desobediência. A gritaria. A selvajaria. A competição. O diabo do jantar. Tudo e nada. Cada momento precioso. Tanto angustiante como belo e enriquecedor. Impossível de aturar. Extraordinariamente desgastante. Exultante. De me fazer perder toda e qualquer razão. Um deleite, um amor. Dói-me tudo.

A frase da noite, para não vos tomar mais tempo (e eu já não me aguento para vos dizer a verdade), veio do mais velho. Pergunta-me ele: quando a pilinha está grande é porque está cheia de chichi? Ah pois, pode ser disso, às vezes, responde AV sorrindo. Pois ele continua, e isto é maravilhoso, topem bem: às vezes a minha pilinha está tão grande que eu até a vejo nas calças e parece que as vai rebentar.





Já pararam de rir? É que eu ainda estou...


Na minha cabeça, houve muitos momentos alternativos que passavam por prender os dois com uma corda e uma mordaça na boca, atirar-lhes com o frango para cima ou fazê-los voar para o céu e puxá-los só quando dormissem.

Estou aqui. AV sobreviveu. As duas crianças dormem na minha grande, fofa, confortável cama. Eu irei dormir para a camita do Dinis, se conseguir lá chegar quando terminar este post. Estão tão lindos os dois, a dormir, ternos, doces, maravilhosos, parecem dois anjos. A ilusão... e a expectativa de que amanhã irão acordar, Deus meu.

Poderia ter esperado por amanhã para escrever este post. Mas para quê? Já sei o que acontecerá. Acordarão às 8 ansiosos por brincar... Bom, e o resto, não falemos disso. Quero aproveitar este momento de paz.

Voltaria a fazer tudo de novo. Este amor, sim, é cego e vale a pena por isso. Além disso, se não o fizesse como poderia ter escrito este post?

Quando chove na noite

E não dá para estar na "luta", 2 solteiros mais 3 solteiras mais 1 casada desemparelhada sentam-se à volta de duas mesas e falam de gajos e gajas, enumerando listas e listas (top five/top ten) de gente famosa que lhes dá a volta à cabeça, e a conversa anima.

Mas, sem dúvida, o grande vencedor da noite, pela polémica e pela estrondosa revelação, foi este senhor:


Dedico este prémio à Inês, a prima, por ter sempre acreditado em mim, até mesmo agora. Disse o Romain, em francês, quando recebeu o prémio. (a assistência riu-se muito e tentou reanimá-la)

sexta-feira, novembro 18, 2005

Gotta run




Tenho um date com esta miúda.


















E ela vai agasalhada.

Post dondoca (ou solto a bicha que sei que há dentro de mim)

Ah pois, se há chapéu à Greta, tem de haver casaco com igual glamour.

Dei-me conta que, para me pavonear pela cidade esta noite, precisava de deixar a bombazine em casa. A zara, minha grande amiga, deu-me a solução. Perdi a cabeça e olha, aqui está ao meu lado bem dobradinho e quentinho, o meu casaco da estação.

Isto vai dar caso, disse-me a am (que é como quem diz isso vai dar molho), mas, mais importante que isso, the girl is back in town.

quinta-feira, novembro 17, 2005

Anedota III

Dois amigos (ou amigas).

A - Pá, há anos que te conheço e é sempre a mesma merda! O amor contigo tem sempre de ser cego!

B - Não sei se estou a ver o que queres dizer.

ou

A - Pá, há anos que te conheço e é sempre a mesma merda! O amor contigo tem sempre de ser cego!

B - Quem és tu e onde está o meu amor?

Abandonei os blogs para me dedicar em exclusivo ao amor

disse-me ele.

E eu vim logo postar!

Tal como o teu, "é um trabalho sujo, mas alguém tem de o fazer".

Boa sorte, amigo!

(e estuda a lei das incompatibilidades)

quarta-feira, novembro 16, 2005

Desejo de bonança

Staple It Together

It’s really too bad
He became a prisoner of his own past
He stabbed the moment in the back with the round thumbtack
That held up the list of things he got to do
It’s really no good
He’s moving on before he understood
He shot the future in the foot with every step he took
From the places that he’s been because he forgot to look

He better staple it together and call it bad weather

Well I guess you could say
That he don’t even know where to begin
Because he looked both ways but he was so afraid
Digging deep into the ditch every chance he missed
And the mess he made
Because hate is such a strong word
And every brick he laid, a mistake they say
That his walls are getting taller, and his world is getting smaller

Better staple it together and call it bad weather

It’s really too bad
He became a prisoner of his own past
He stabbed the moment in the back with the round thumbtack
That held up the list of things he got to do
It’s really no good
He’s moving on before he understood
He shot the future in the foot with every step he took
From the places that he’s been because he forgot to look

Better staple it together and call it bad weather

If the weather gets better we should get together
Spend a little time or we could do whatever
And if we get together we’d be twice as clever
So staple it together and call it bad weather


Jack Johnson, In Between dreams

Crise de identidade

A Inês, a prima (small head), deu-me (big head) um chapéu à Greta Garbo que não lhe serve. Fiquei tão contenti. Mas, depois de muito olhar, fiquei sem perceber bem...

Acho que pareço mais o Al Capone do que a Greta...

(e pior: não sei se fiquei chateada ou contente)

terça-feira, novembro 15, 2005

Fraca animação

Decidi comprar três camisolas para o puto, para me animar o dia.
Quando cheguei a casa, fui pô-las para lavar, e reparei nas etiquetas pela primeira vez.
A primeira: made in bangladesh. Engoli em seco e imaginei criancinhas do tamanho da minha a fazer aquela camisola... cara de messenger.
A segunda: made in china. Oh Deus, porquê? Como me penitenciar?
A terceira: made in spain. Ah, bem haja Espanha e a sua indústria têxtil. Espanhóis, mas adultos! Acho que até beijei a etiqueta, comovida.

Fiquei animadita entre o acto de escolher e chegar à caixa. Entretanto, descobri que sou cúmplice de crimes mundiais contra as crianças e, provavelmente, as camisolas até vão encolher, desbotar ou ganhar borboto.

Compras para animar, parece-me, só se forem bebidas alcoólicas.

segunda-feira, novembro 14, 2005

Luta interior

Para acabar de vez com a imagem do diabinho e do anjinho a falarem na nossa cabeça, é assim que sinto a luta interior:

É como se fosse um braço de ferro, em que uma das partes aproveita o braço livre para fazer cócegas ao seu opositor.

Simplesmente desleal.

Como fazer um mau filme com um hipotético bom filme

A resposta está em Elizabethtown.

Tens um bom argumentista, Cameron Crown, o mesmo de Almost Famous, mas que passa igualmente para a realização. Tens a Kirsten Dunst (kiki para os amigos) a dar cartas. Tens um olhar sobre a América. Tens uma cena fantástica de representação da grande grande Susan Sarandon. E tantas boas ideias.

Mas depois tens um Orlando Bloom insuportável e insonso e oleoso. Tens um filme esquartejado, claramente mal montado, mais parecendo cortado à tesourada. Tens um excedente de informação e ideias para passar, comprometendo tudo. Ficas sem comédia romântica, sem drama pessoal, sem retrato cultural, mas tens tudo ao mesmo tempo.

Houve tantas coisas que gostei, uma atrás da outra, no meio de grandes pirosadas que parecem dar a volta. E depois, no final, depois de várias vezes estranhar o filme e ao mesmo tempo me entranhar nele, fica a sensação de que podia ter visto um grande filme mas afinal vi um mau.

Quase quase... e por causa disso longe disso longe disso.

Anedota II

No elevador, filósofo e engenheiro conversam:

Filósofo - Toda a nossa vida assenta na impossibilidade.

Engenheiro - É por isso que usamos vigas fortes.

domingo, novembro 13, 2005

"É um bocado esquisito"


Ontem fomos até ao Museu do Chiado ver a exposição do William Kentridge. O Manso já me tinha aconselhado aqui a ir lá com a criança, depois das suas dúvidas acerca da representação visual da Lua Nova.

Pois bem, ia um bocado à deriva, sem grande noção do que nos esperava. Entrámos numa sala escura com diversas projecções de filmes. O facto de serem a preto e branco fez-me duvidar que o miúdo de 4 anos ficasse minimamente sensibilizado. Mas estava enganada. Começou por querer tocar numa das projecções, a mais abstracta visualmente falando. Apercebendo-se que aqueles "pequenos bichos" não tinham realidade palpável, começou a investigar os projectores, a tomar conta do espaço. Depois, sentámo-nos no chão e começámos a ver os filmes.

Obviamente não tinham nada de narrativo, mas isso não o impedia de perguntar o porquê de tudo. Por que é que o desenho ganhava vida, por que é que o pires andava de um lado para o outro, porquê, porquê? Não é fácil responder a perguntas dessas, quando já estamos condicionados a ter uma leitura conceptual. E, de facto, a única pergunta a que saberia responder, com alguma lógica na minha cabeça, era por que é que o homem fez aquele trabalho. O que é que ele poderia querer dizer.

Finalmente, disse-me "isto é um bocado esquisito". Aceitei a ideia e, a partir daí, estávamos mais livres para ver simplesmente. Apenas isso, ver. Demos a volta à sala e ele queria ver do início ao fim cada filme, não lidando bem com o facto de o princípio e o fim não estarem bem demarcados. Disse-lhe, quando quisermos, vamos e ele respondeu que ainda faltavam filmes para ver.

Ficámos uns bons 45 minutos lá dentro, até ele dizer estou um bocado cansado de estar aqui. Descemos, saímos e fomos ao Carmo lanchar. No fundo, parece-me que ele aguentou muito mais tempo que a maior parte das pessoas que foram ver a exposição. E, apesar de ainda não ter superado a narrativa, conseguiu estar mais à frente em certas inquietações. No fundo, faz o mesmo tipo de perguntas acerca da obra do William Kentridge, sobre as opções arquitectónicas do Museu ou acerca da quantidade de doce que coloco no seu crepe. O porquê é o mesmo. E é esse que é essencial e desmesuradamente insatisfeito.

sábado, novembro 12, 2005

Passo a expressão

Eu fazia-te e acontecia-te.

Adoro esta expressão. Não diz absolutamente nada, mas ao mesmo tempo abre um potencial enorme de coisas passíveis de serem escutadas. No fundo, o seu significado só depende de quem a recebe e do tom e expressão corporal de quem a diz.

Muitas vezes, usa-se só "fazia e acontecia", por exemplo quando estamos a contar algo de alguém que tem a mania. E diz que faz e acontece, e faz e acontece.

Fazer e acontecer. Acção pura com extrema eficácia, parece.

Gosto da forma reflexiva -te. Eu fazia-te, eu acontecia-te - que tanto pode ser entendido como uma promessa ou como uma ameaça. Mas sou eu o motor, eu é que faço e aconteço, eu é que te faço e te aconteço. Tudo em aberto, ao critério da imaginação do -te. O que será que me fazia e me acontecia aquela pessoa que me disse isso?

E algo que estava em aberto passa a ser algo concreto na cabeça de quem a escuta. Que tanto pode ser algo maravilhoso (ah, fazias-me isso, ui) como algo absolutamente assustador (é melhor fugir antes que me partas as perninhas).

sexta-feira, novembro 11, 2005

Como o macaco gosta de banana...

Só por causa desta conversa.




Não me voltes a chamar banana, miúda. Disse a Julia em inglês.

Conselho do dia

Se tens de partir tudo, é bom que o faças com estilo...



...e com o equipamento correcto.

Lost in translation II

O meu amigo K de língua estrangeira (gosto de usar esta designação, peço desculpa) julgava que a expressão pôr a pata na poça era pôr a pata na fossa.

Se, de todas as vezes que pomos a pata na poça, a puséssemos na fossa, jesus, ainda estávamos mais partidinhos do que já estamos.

Era correr para o hospital a torto e a direito.

Lost in translation

Ontem, depois de almoço, disse: vou espairecer.
O meu amigo K de língua estrangeira estranhou. Espairecer, espairecer?

Lá lhe explicámos o significado.
E eu pus-me a inventar.

"Espairecer deve vir de espaço e de ar. Preciso de ir apanhar ar com mais espaço." e outras deambulações do género. Invenção da pura baseada na intuição e no significado da palavra.

Mais tarde toca de sacar do dicionário e ver a coisa mais claramente. Aqui vai.

Espairecer

de pairar (ah, de pairar, claro)

v. tr. e int.,
distrair;
recrear;
divertir;
entreter-se;
passear.


(ó pá, apanhar ar com mais espaço parece-me igualmente adequado)


Pairar

do Lat. *pariare (parar? parar no ar?)

v. int.,
estar à capa (um navio);
bordejar;
adejar sem sair do mesmo ponto ou vizinhanças;
aparecer à superfície;
aflorar;
voar lentamente;
estar iminente;
ameaçar;
hesitar;
fig.,
olhar de alto;
v. tr., ant.,
suster;
adiar;
suportar;
tolerar.


Sem dúvida, ando a pairar. E mesmo assim tenho de espairecer.

quinta-feira, novembro 10, 2005

Conselho de pessoa sábia

Não esgravates numa fonte seca.

Mudança de vida - ou desejos quase impossíveis

Ontem tive uma ideia para uma instalação que me entusiasmou tanto que decidi tornar-me algo que nunca julguei possível ser na vida: ARTISTA PLÁSTICA.

até vou ganhar prémios...

Sobre o teatro e sobre a vida

"Uma coisa de cada vez, uma coisa atrás da outra, cada coisa até ao fim."

quarta-feira, novembro 09, 2005

Quem é maluquinho, quem é?

Em mais uma aventura de levar o miúdo à escola, com o desnorte habitual do trânsito e a complicação para estacionar, como não ter uma história?

Eu falo com os outros condutores, quando conduzo. Não consigo evitar. Faço comentários. Chamo-lhes nomes. Dou-lhes bons conselhos e por aí fora. Quando vou com a criança no banco de trás, evito os palavrões, mas continuo a verbalizar as minhas frustrações e satisfações de condutora urbana. Normalmente o puto indaga sempre sobre o que eu estou a dizer. Por exemplo, eu digo "ó senhor passe", e ele pergunta logo que senhor e passar onde. Pois bem, hoje decidi justificar-me: "sabes que eu tenho esta mania de falar com os outros condutores, mas eles não me ouvem. É quase como se estivesse a falar sozinha".

Ao que o petiz responde: "os malucos é que falam sozinhos".

SIRENE! ALARME NA MINHA CABEÇA! BARULHO ESTRIDENTE A ALERTAR A MINHA CONSCIÊNCIA DE MULHER PROGRESSISTA!

"Quem disse que quem fala sozinho é maluco?", disse eu com um ar aparentemente calmo. "Foi na escola". Putas, cabras, vacas! (pensei, não disse)

COMO É POSSÍVEL? A mim disseram-me a mesma frase vezes sem conta há mais de 20 anos. Ainda a mesma conversa? Xiça!

Comecei logo, pedagogicamente, a dizer que não. Que muitas vezes, falávamos sozinhos e não éramos, por isso, malucos. Era o que me faltava agora essa conversa de sempre.

É assustador ouvir de uma criança de 4 anos uma frase proferida pela minha avó, noutros tempos. Vês toda a socialização a ser efectuada num ser pronto a receber quase tudo e quase indiscriminadamente. No entanto, fiquei contente. Pois, de facto, é bom que alguém lhe diga isso e também é bom que, logo a seguir, eu diga que não acredito nisso.


(e agora vou ali para o canto rezar para que ele não ache que quem fala sozinho é maluco - rezar, saliento, que também pode ser confundido com falar sozinho. quem é maluquinho, quem é?)

terça-feira, novembro 08, 2005

A favor dos Chicos*, mas contra os espertos!

É de facto mau quando lemos estas coisas no jornal.

Então, os Chicos, coitados, associados assim à esperteza. Não terão direito os Chicos de viver a sua vida livremente sem esse peso do estereótipo de que são uns espertos? Não poderão ser só inteligentes, meio totós até, o que quiserem? Agora todas as galinhas têm gripe, todos os gays são bonitos, todas as louras burras e todos os alentejanos lentos? Contra o preconceito, viva o Chico sujeito (rima forçada, bem sei, mas se atentarem ao sentido de sujeito, perceberão que é de qualidade).

Chicos de todo o mundo, uni-vos! Podem contar com esta Ana!



* Em homenagem ao meu amigo bolila.

Quanto vale uma vida humana?



Ontem, fui ver o Fiel Jardineiro, do Fernando Meirelles.
Grande filme.

É uma história de amor, mas é também mais que isso.

Quanto vale afinal uma vida humana para este sistema em que vivemos? Eu, burguesa pronta a praticar o meu cinismo altivo preocupado com a alma e a existência humana enquanto caminho individual, pergunto-me qual o valor da miséria humana. Se ela é transversal, como de facto acredito, é evidente que, em muitos casos, é muito mais brutal e mais dolorosa.

Tudo aquilo que nos rodeia, todas as nossas grandes obras, todas as pequenas coisas que sustentam o nosso modo de vida existem à custa de quanto sofrimento? Toda a nossa civilização ocidental, moderada enquanto for alimentada, sustenta-se em quantas mortes?

África. África é o nome do preço que pagamos, enquanto humanidade. É de lá que extraimos parte da nossa civilização e é nela que depositamos a maior parte do sofrimento que não estamos dispostos a receber.

Os pilares da nossa civilização já não são o judaísmo, o cristianismo, nem o império romano, nem a cultura grega. Os pilares são as Farmacêuticas, as Petroleiras e as Tabaqueiras. E, nós, meros peões, meras marionetas, aceitamos o nosso papel, evitando cuspir na sopa enquanto ela sabe bem. Não mordemos a mão que nos dá de comer, mesmo sendo a mesma mão que nos destrói aquando necessário.

O valor de uma vida humana define-se pelo Amor.

E o valor da vida de cada um define-se por cada gesto de indiferença, de inacção, de cumplicidade. Até quando? Até quando, pergunto-me a mim. Nem sequer valorizo esta indignação, esta culpa, esta interrogação. Não passo de uma espectadora de cinema. A seguir vou à minha vidinha.



Há que sair daqui. Há que ver a vida com outros olhos.

segunda-feira, novembro 07, 2005

Disciplina

Há uns tempos atrás, em conversa com um grande amigo (bem hajas tu, pá), comprometemo-nos num acordo mútuo. Ele não tinha de fazer nada e eu, bem, eu teria de cumprir um determinado compromisso. Combinámos que, caso falhasse, ele trataria de me obrigar a tomar um banho de mar, numa noite de inverno.

O compromisso nada tinha a ver com ele. Era uma espécie de solidariedade de amigo para o bem: não faças isso, que é mau para ti. caso contrário, serás punida.

Não cumpri o compromisso.

Ainda não tomei o banho de mar. E sei que não precisarei tomá-lo. Que o mais importante no nosso acordo era ele mostrar que me apoiava como amigo, sem me passar a mão pela cabeça, e eu mostrar que estava empenhada em qualquer coisa difícil de realizar.

Isto pôs-me a pensar se não deveria enfim ir tomar o tal banho de mar, como punição. Ou se ele me obrigaria mesmo a ir tomar o tal banho (quase impossível).

Com a ideia do gélido banho, pus-me a pensar nesta coisa da punição. A verdade é que, sei, que a maior punição de um "crime" não é o castigo, mas o "crime" em si, embora a culpa seja neste caso uma ideia alheia a mim.

Mas saberemos realmente isso? Poderemos realmente continuar sem a ideia de purga, de limpeza? O castigo, nesse sentido, é a maior consolação. De uma forma bem católica, sentimos que, se formos punidos, o nosso crime será menos grave. E por que precisamos da ideia de punição para nos disciplinarmos? Por que não cumprimos simplesmente com o que nos comprometemos?

Não, não tomarei o banho de mar. Não terei consolação nem me punirei pela minha indisciplina. No entanto, não permanecerei incólume.

domingo, novembro 06, 2005

Não é segredo, mas é precioso









Já cá canta.

Nightlife (ou a noite ainda é uma criança)

Zzzzzzzzzzzzzzzzzzz
Zzzzzzzzzzzzzzzzzzz
Zzzzzzzzzzzzzzzzzzz
Zzzzzzzzzzzzzzzzzzz
Zzzzzzzzzzzzzzzzzzz
Zzzzzzzzzzzzzzzzzzz
Zzzzzzzzzzzzzzzzzzz

(sim, sim, vamos sair, sim)

Zzzzzzzzzzzzzzzzzzz
Zzzzzzzzzzzzzzzzzzz
Zzzzzzzzzzzzzzzzzzz
Zzzzzzzzzzzzzzzzzzz
Zzzzzzzzzzzzzzzzzzz
Zzzzzzzzzzzzzzzzzzz
Zzzzzzzzzzzzzzzzzzz


(estou a ficar velha)

sábado, novembro 05, 2005

Sobre a perda

One Art
by Elizabeth Bishop

The art of losing isn't hard to master;
so many things seem filled with the intent
to be lost that their loss is no disaster.

Lose something every day. Accept the fluster
of lost door keys, the hour badly spent.
The art of losing isn't hard to master.

Then practice losing farther, losing faster:
places, and names, and where it was you meant
to travel. None of these will bring disaster.

I lost my mother's watch. And look! my last, or
next-to-last, of three loved houses went.
The art of losing isn't hard to master.

I lost two cities, lovely ones. And, vaster,
some realms I owned, two rivers, a continent.
I miss them, but it wasn't a disaster.

--Even losing you (the joking voice, a gesture
I love) I shan't have lied. It's evident
the art of losing's not too hard to master
though it may look like (Write it!) like disaster.

Anedota

Vira-se um masoquista para outro:

- Está-me a custar. Está-me a custar muito deixar isto. É que era um sofrimento tão bom...

- Então se te está a custar muito, ainda é melhor.

sexta-feira, novembro 04, 2005

Combater o lado efémero do virtual

Disse-se hoje numa reunião. Achei bem.

E, no entanto, não consigo deixar de postar, de ver o email, de usar o messenger.

Será eterno?

"Já tens namorada?"

Estava eu a fumar o meu cigarrinho lá em baixo, na sala que diz Have you seduced someone today? (escrita por mim, ainda por cima), quando ouço a recepcionista dizer: "ai, estás tão lindo! quero uma beijoca. estás cada vez mais lindo." Supus e bem que tivesse entrado uma criança, filho de algum colega. Ela continuou com a sua ladainha elogiosa da carinha laroca da criança, até sair-se com o magistral "Já tens namorada?"

A frase diabólica. A pior das frases. A frase que a criança, o adolescente, o adulto terá de ouvir durante dias e dias. Até ao limite do insuportável. Os adultos fazem isso várias vezes às crianças, perguntar-lhes essas coisas. Não sei se era só eu, que entre a infantil e a licenciatura percorri um grande vazio amoroso, mas acho que toda a criança e adolescente odeia essa pergunta.

Pior é quando a criança em questão mal sabe andar e pouco fala. Pois, porque o pobre puto a quem foi dirigida a bela pergunta nem dois anos tinha. É bonito! Muito lindo.

Pode ter sido o princípio de um belo problema social. Oh ainda não tenho namorada, que fazer? Lá vai ele crescer com a ideia sem amor, não sou nada, ninguém gosta de mim, etc. etc. Não basta os filmes, os livros que só falam disso. Calem-se! Não perguntem nada...

Eles insistem e insistirão sempre. A mim provoca-me urticária. Só ao fim de vinte anos é que me libertei da merda da pergunta. Quando as pessoas começam a perceber que, se calhar, bem, as coisas não são tão simples assim... elas calam-se!



Depois o mais irónico é que essas crianças crescem e vão escrever frases em inglês como a que dei em exemplo para massacrar os colegas celibatários. Cá mas fazem, cá mas pagam...

Hora a hora

A tentar provar que esta frase é falsa, estúpida, inconsequente, apenas uma desculpa fraca para falhar.

Não confessara ele já algures que, se porventura conseguisse vencer o desejo, morreria de desgosto?

Henry Miller, “Seraphita”, O mundo do sexo e outros textos
[acerca de Balzac]

Salvé, Salvé! - post quase inútil


Que a Madonna é a rainha já todos sabemos!

Impressionante é ela continuar a ser a mais extraordinária performer do mundo. Com 47 anos, deu um bailinho aos outros todos.

Aquela abertura de ontem foi suficiente. Podíamos ter ido para a cama logo a seguir que já tinhamos visto o melhor.


A maneela (a única com possibilidade de destroná-la) não subiu ao palco, mas os The Gift também mereciam. O que eu gostava mesmo era que tivesse sido o Variações (o próprio, ainda vivo) a ganhar o prémio. Isso sim seria justo.

Entretanto, fico sem perceber por que é que existem estes prémios. Se não tivesse sido em Lisboa, alguém teria sequer reparado?

quinta-feira, novembro 03, 2005

Casa nova

O que eu gosto nas casas novas é a esperança, a expectativa. É ver a vida a entrar aos pedaços, topá-la nos primeiros cantos ocupados. É ser guiada pelos seus habitantes e pela curiosidade do primeiro olhar. Gosto da hospitalidade das casas novas, a dizerem "olha eu, novinha para esta gente". Gosto da ideia de começo. De recomeçar. De partida, largada, fugida.

O que eu gosto nas casas novas é o contentamento de quem a mostra.

Gosto também das casas novas para mim. Casas habitadas há muito tempo e que conheço pela primeira vez. É como abrir o livro. Como olhar pela primeira vez nos olhos de alguém.

Gosto da ideia de uma vida a começar. Por isso, gosto das mudanças. Gosto das ferramentas no chão. Gosto de ver de fora esse pequeno receio, essa vontade de crescer, de ocupar. Gosto de ouvir alguém dizer: é a minha casa. A minha casa.

Tudo isto para dizer que a casa nova que vi hoje é um espectáculo. Mas principalmente que, mais importante que a casa nova, é a felicidade que desejo a quem nela habita.


(Go, ciganita, go)

"eu agradeço ao povo brasileiro"




e a este senhor e a este disco que me enche os ouvidos agora.

Esta é a nossa banda sonora do dia.






It's a long way
Caetano Veloso


Woke up this morning
Singing an old, old Beatles song
We’re not that strong, my lord
You know we ain’t that strong
I hear my voice among others
In the break of day
Hey, brothers
Say, brothers
It’s a long, long, long, long… way

Os óio da cobra verde
Hoje foi que arreparei
Se arreparasse há mais tempo
Não amava quem amei

It’s a long, long, long, long… way

Arrenego de quem diz
Que o nosso amor se acabou
Ele agora está mais firme
Do que quando começou

It’s a long road, it’s a long, long, long, long…
It’s a long road, it’s a long and widing road…
Long and widing… road
It’s a long road, it’s a long, long, long, long…

A água com areia brinca na beira do mar
A água passa e a areia fica no lugar

It’s a hard… hard, long way

E se não tivesse o amor
E se não tivesse essa dor
E se não tivesse sofrer
E se não tivesse chorar
E se não tivesse o amor

No Abaeté tem uma lagoa escura
Arrodeada de areia branca…

Woke up this morning…

Venham as estrelas

A madonna ainda não vi, mas acabei de ver a minha maneeeela, com um sobretudo vestido e com aquele arzinho de quem vai salvar o mundo com tanta doçura e força.

Estão feitos os meus prémios MTV. Já ganhou!

quarta-feira, novembro 02, 2005

Qualquer dia mudo-me para o campo* - post quase bucólico

Sou urbana. Sou tão urbana que não considero os pombos animais.

No outro dia (pfffffff, raio de fã), descobri que a Manuela Azevedo (maneeeeeeela) é do campo. Mas não digo campo, à moda provinciana de Lisboa, que acha que o campo são cidades médias. Não, falo de campo, campo. A maneeela nasceu numa aldeia e ainda mantém pelos vistos lá casa e algum do seu tempo. Li isto numa entrevista que deu à Visão, numa destas últimas semanas.

Este fim-de-semana - de sexta a terça - estive num lugar especial. Estive no CENTA- Centro de Estudos de Novas Tendências Artísticas, na Herdade da Tojeira, perto de Vila Velha de Rodão, distrito de Castelo Branco, na Beira Baixa. O lugar é especial pelo trabalho realizado [do qual espero falar um dia], mas também pelo sítio que é. No meio do campo, com oliveiras à volta, com ovelhas, com sotaque, com cheiro a terra. Apanhar chuva na terra é outra coisa. E acordar na terra também. O tempo é diferente, até o corpo actua de forma diferente. Estive quatro dias no campo a viver a ruralidade no seu melhor. Como "artista", como urbana, como visita.

Há obviamente alguma ironia no título deste post. Mas também há alguma verdade. Como se, graças ao campo, à terra lá está, pudéssemos voltar a reencontrar-nos de uma forma mais pura, mais prazenteira connosco próprios. O campo devolve-nos limpos e, tão limpos, às vezes não podemos estar.

Não sei se um dia destes me mudo para o campo. Duvido. Mas é bom lidar agora com ele. Não com a natureza no seu estado bruto, mas com a presença humana que se integra nela de forma quase plena.


* Nem que me pagassem. Mas talvez com estas condições:
a) Ter muito dinheiro.
b) Ter uma casa própria em Lisboa, que me permitisse vir quando quisesse.
c) Ter meios para produzir agricultura biológica.
d) Ter Internet.
e) Ter amigos que me fossem lá visitar.
f) Não fazer nada de lavoura ou de trabalhos físicos para lá de caminhadas pela herdade.
g) Ter encontrado alguém que quissesse partilhar comigo um projecto de vida (e a cama também, uma espécie de amor da vida).

O objectivo é sempre o mesmo ou sobre a ilusão de um blog

“A principal preocupação do diarista não é a verdade, embora possa parecer que assim é, tal como a principal preocupação do artista consciente não é a beleza. A beleza e a verdade são subprodutos da demanda de alguma coisa que está para além de ambas. Mas do mesmo modo que nos impressiona a beleza de uma obra de arte, também nos impressionam a verdade e a sinceridade de um diário. Temos, ao ler as páginas de um diário íntimo, a ilusão de estarmos frente a frente com a alma do seu autor. Trata-se do carácter ilusório do diário, do seu carácter artístico, por assim dizer, tal como a beleza é o elemento ilusório da obra de arte reconhecida como tal. O diário tem que ser lido de modo diferente do romance, mas o objectivo é o mesmo: o autoconhecimento. O diário é, pela sua própria natureza, quotidiano e orgânico, enquanto que o romance é intemporal e convencional. Sabemos logo mais, ou julgamos saber logo mais, acerca do autor de um diário do que acerca de um autor de um romance. Mas quanto ao que realmente sabemos de cada um deles, já é mais difícil dizê-lo. Porque o diário não é em grau superior ao do romance uma transcrição da própria vida. Trata-se de um meio de expressão em que a verdade predomina sobre a arte. Mas não é a verdade. Não o é pela simples razão de ser a verdade o seu problema fundamental, a sua obsessão, por assim dizer. Devemos, assim, procurar não a verdade das coisas, mas uma expressão da luta do autor por se libertar da obsessão da verdade.”

Henry Miller, “Un Être Étoilique”, O mundo do sexo e outros textos

terça-feira, novembro 01, 2005

Ainda à procura de definição

Coçado
adj.,
roçado;
gasto;
cotiado;
muito usada (peça de roupa);
que recebeu coça;
sovado;

pop.,
diz-se do homem sem vergonha;
safado.